Por Will Rodriguez

Sergipe tem 7 mil vagas de emprego para pessoas com deficiência

No Brasil, toda empresa com mais de 100 funcionários deve destinar de 2 a 5% do seu quadro efetivo para pessoas com deficiência. Em Sergipe, segundo estimativa do Ministério do Trabalho, há cerca de três mil deficientes com carteira assinada, e pelo menos sete mil vagas de emprego em aberto. Por trás dos números, está o ainda complicado acesso ao mercado e um caminho longo de conscientização rumo à efetivação dos direitos daqueles que lutam diariamente contra limitações, quase sempre impostas pela atual conjuntura social.

Nesta quarta-feira (6), a aracajuana Solange Alcino, que tem deficiência intelectual, foi em busca de uma dessas vagas, no evento SuperAção, no centro da capital sergipana. A iniciativa, articulada pelo Fórum Estadual de Inserção da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho, reúne instituições públicas e privadas que ao longo do dia ofertam oportunidades de trabalho e capacitação a fim de garantir a integração e permanência do trabalhador com deficiência no ambiente de trabalho.

Solange já teve outras experiências de trabalho, mas revela que um fator que dificulta o acesso às vagas é a falta de capacitação. Ela até já tentou concluir uma graduação, mas se viu impedida por dificuldades financeiras. “Eu comecei a fazer segurança do trabalho, mas é muito caro, tinha que trabalhar muito pra juntar o dinheiro”, lembra.

Uma alternativa para pessoas como Solange são os cursos ofertados pelo Senac, do Sistema Fecomércio/SE. Segundo a gerente do Núcleo de Inclusão Social do Senac, Martha Luiza, os cursos livres ou técnicos são adaptados para promover acessibilidade das pessoas com deficiência. “Tanto em nível físico, quanto na produção de materiais e tecnologias assistivas. As pessoas com deficiência que vão nos dizer o que podem fazer, não somos nós que vamos olhar para elas e dizer do que são capazes”, aponta.

Em busca da eficiência

Na outra ponta, os Ministérios Público do Trabalho (MPT) e Federal (MPF) tentam reprimir o descumprimento da legislação trabalhista e inibir o preconceito, uma realidade que, na ótica dos procuradores, será transformada em médio prazo, por meio da educação.

“Muitas empresas sergipanas descumprem a cota de pessoas com deficiência (no quadro efetivo) e estão sendo processadas, tanto pelo descumprimento, quanto pela discriminação. Porém, é um quadro que vem sendo mudado com as ações coordenadas de órgãos, como hoje”, destaca o procurador do MPT/SE, Emerson Albuquerque Rezende.

“Precisamos melhorar a compreensão acerca do respeito às pessoas com deficiência. Um dos eixos do MPEduc é a inclusão, garantir a acessibilidade, não apenas fazer rampa ou banheiro adaptado, mas fazer com que elas sejam efetivamente integradas, desde a escola, porque assim as novas gerações vão aprendendo a conviver e respeitar o próximo”, acrescenta o procurador Regional dos Direitos do Cidadão do MPF, Ramiro Rockenbach da Silva Matos Teixeira de Almeida

O vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa com Deficiência, Nyceu Dantas, também acredita na necessidade, para ele urgente, de transformação cultural do setor privado. “As empresas ainda precisam ser multadas para contratar pessoas com deficiência, por isso é preciso conscientização de cada empresário, assim como estamos tentando fazer aqui”, pontua.

“Precisamos continuar buscando parcerias porque um órgão sozinho não tem muito alcance, sobretudo para disseminar a conscientização, que dá o pontapé inicial para quebrar as barreiras da inserção de pessoas com deficiência no mercado”, completa a auditora do Ministério do Trabalho em Sergipe, Urcelina Porto.

Foto Ilustrativa