“Quem é que está tentando tirar Rogério do páreo? É Valadares?” | F5 News - Sergipe Atualizado

“Quem é que está tentando tirar Rogério do páreo? É Valadares?”
“Quando eles estão brigando, não me meto”, diz Machado
Política 01/05/2012 23h04


Por Joedson Telles

Fiel aliado do ex-governador João Alves Filho, o ex-deputado federal José Carlos Machado acredita que, antes de maio terminar, a pré-candidatura de João Alves será, enfim, oficializada. Nesta entrevista, Machado cita os principais problemas que o próximo prefeito de Aracaju terá pela frente e diz qual o perfil exigido dele para resolver as pendências. Ele também critica a gestão do atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, diz que João está aberto para conversar com todos os partidos, exceto o PT e o PC do B, e indaga apimentando a política sergipana: “Quem é que está tentando tirar Rogério do páreo? É Valadares Filho?” A entrevista:

    

F5 News - Há um sentimento no DEM, PSDB e PP pelo nome de João Alves para disputar as eleições. João Alves, por sua vez, já disse estar à disposição. Já há data definida para oficializar essa pré-candidatura?

José Carlos Machado - Não consigo participar de qualquer conversa sem que este assunto seja levantado. João diz que estar à disposição do partido. Quantos votos surgirão contra essa intenção de João? Absolutamente, nenhum. João é unanimidade. Após o que aconteceu lá em Salvador, quando lançaram, na presença de deputados federais, senadores da República dos Democratas, o nome de Antônio Carlos Magalhães Neto, já está na hora de João oficializar sua pré-candidatura aqui, e é possível que, até os meados de maio, o Democratas, aqui, tome a iniciativa de fazer o lançamento da pré-candidatura de João a prefeitura de Aracaju. E nesse momento, o PSDB vai se colocar de forma muito clara: vai se somar a esse projeto. Eu não tenho dúvida da postura do PP, do PMN, mas estamos conversando com outros. Nos  sentimos estimulados a conversar, depois que João disse, ao sair da Assembleia, depois da visita que fez a deputada Goretti Reis, que só não estaria disposto a conversar com o partido do prefeito, que é o PCdoB, e o partido do governador, que é o PT, mas com outros teria conversa. Eu costumo dizer que conversar não arranca tampo de ninguém. Eu aprendi com o antigo governador Rollemberg. As conversas se iniciam você comprando três cavalos por x reais e terminam revendendo os mesmos três cavalos por x reais. Ninguém perde e ninguém ganha, mas a conversa aconteceu.

F5- Por falar em conversas de apoio de outros partidos, como o senhor avalia as especulações sobre um possível apoio do vice-governador a uma possível candidatura de João?

J.C.M. - Eu não acredito no apoio de Jackson Barreto a uma candidatura de João. Você não pode pensar em 2012 sem pensar em 2014. Eu acredito naqueles apoios que poderão acontecer em 2012 que nos leve, fatalmente, a uma unidade em 2014. Unidade de eleição para governador e para presidência da República. O PSDB tem candidato a presidente da República. Aécio Neves é candidato a presidente da República. Eu, antes de tomar a decisão mais difícil de minha vida, que foi mudar do Democratas para o PSDB, perguntei ao Aécio se é pra valer o projeto. Ele disse que é, e que precisa de mim à frente do PSDB  de Sergipe. Porque eu ouvi isso do Aécio, tomei a decisão. Essas especulações não se podem evitar. Quem tem raciocínio imagina o impossível. Claro que eu tenho meus aliados preferenciais. É uma corrida de obstáculos. Ao se fazer uma aliança tem que se procurar eliminar obstáculos. Não tem que fazer aliança para criar mais obstáculos. Tem que buscar alianças que tornem mais fácil a realização do seu projeto. Essas especulações vão continuar acontecendo, mas João foi claro. Estamos abertos para conversar, com exceção do grupo político que é liderado pelo PCdoB em Sergipe e pelo agrupamento político que é liderado pelo PT.

F5 - O senhor que anda com João Alves em Aracaju sente um sentimento pela sua pré-candidatura?

J.C.M. - Eu estou ao lado de João desde 1975. Ele foi nomeado prefeito e me escolheu para ser o seu secretário de obras. Ele saiu da prefeitura de Aracaju em 1978 consagrado. Eu digo, com absoluta tranquilidade, que ele nunca viveu um momento tão extraordinário como vive hoje, aqui em Aracaju. Há um sentimento que o povo deixa transparecer que quer mudança. O povo está cansado do que aí está. É uma mistura de frustração com aquele desejo de recolocar no comando da prefeitura de Aracaju uma pessoa que tem competência, experiência, boas ideias e, sobretudo, muito amor por Aracaju. Então, não é só achar que eu sou aliado do governador e isso basta para transformar Aracaju. Precisa de outros requisitos. Ter o governador do seu lado é bom, ajuda, mas só isso não resolve. Quem estiver à frente da Prefeitura de Aracaju tem que ter capacidade, conhecimento, disposição para o trabalho e, sobretudo, muito amor para nossa cidade.

F5 – Quais os principais problemas que se apresentam em Aracaju pedindo ao próximo gestor providência, assim que pisar na prefeitura?

J.C.M. - São vários, mas tem um que domina grande parte da imprensa sergipana: a questão da saúde. Estabeleceu-se um caos por completo. Agora não é privilégio só em Aracaju: é no estado todo. Parece que não existe uma afinidade entre prefeito de Aracaju e governo do Estado. É caos no que o Estado administra e caos no que a prefeitura administra. A educação tem problemas, o trânsito é uma situação extremamente caótica, o transporte coletivo é caro e de pouca confiabilidade. Não podemos conviver com o lixão aqui de Aracaju. Está ali na Terra Dura. Eu prefeito, cuidaria não necessariamente nessa ordem, mas são riscos que nos aflige mais de perto. Hoje, há um sentimento que Aracaju está se tornando uma cidade insegura, e o município tem algo a ver com isso? Claro que tem. Foi dada uma destinação de guarda municipal na cidade de São Paulo. A guarda municipal pode ajudar muito em parceria com as Polícias Militar e Civil, e João tem todos os pré-requisitos. João é uma pessoa que na hora que se senta diante dos problemas, como esses que foram enumerados, para resolver, ele se renova, se rejuvenesce, ele se transforma. Eu falei no caos no trânsito que tenho o diagnóstico, e também está claro. Todo o sistema viário de Aracaju são aquelas vias, ruas e avenidas por onde circulam mais de 20 mil viaturas por dia, todo foi construído há mais de 35 anos. Em contra partida, o número de viaturas cresceu. Quanto eu não sei. Nem isso o Detran consegue me informar, mas com certeza não cresceu menos de quatro, cinco, seis ou sete vezes. Por onde passava um carro, hoje, passam sete ou oito e as vias são as mesmas. Quando junta essas duas coisas acontece o caos. É um engarrafamento permanente. Antigamente, acontecia às 18 horas. Agora, acontece de manhã cedo quando sai de casa, permanece até meio dia e vai até às 18 horas, depois de 18 às 19h não consegue nem andar. Então, é o caos por completo, e o prefeito tem que enfrentar esse problema de frente. Agora, se não há especialistas capazes de apresentar soluções para isso, vamos ter que ser suficientemente criativos para buscar no Brasil e no mundo pessoas que apresentem soluções, embora eu acredito que haja profissionais aqui em Aracaju capazes de apresentar soluções para isso. Não fazem porque não quiseram contratá-los, porque o conceito que eu tenho é que, nos últimos 20 ou 30 anos a administração municipal deixou prevalecer o privado detrimento do público. Eu vou fazer uma referência rápida e conhecida por todos que é a Zona de Expansão. A prefeitura permitiu que canais naturais fossem aterrados. E agora como é que resolve? Claro que têm soluções, mas são soluções caras. Quem aterrou os canais naturais foram em defesa dos seus interesses. Quem deveria estar brigando para defender os interesses coletivos era a prefeitura. A prefeitura invés de pensar no coletivo permitiu que a empreiteira fizesse obras prejudicando o interesse coletivo e beneficiando o interesse próprio. Percorri, ao lado do presidente da Associação de Moradores da Costa do Sol, o canal que passa paralelo a avenida Melício Machado. Eu vi três grandes prédios construídos em cima do canal. Construíram porque a prefeitura permitiu e foi omissa, e, ao permitir, deixou que o interesse privado prevalecesse sobre o interesse público. Então, essa questão tem que ser muito bem pensada. Todos os passos que envolvem o futuro de Aracaju têm que ser muito bem pensados, elaborados. É isso que tem que ser feito. O interesse público tem que prevalecer. Você não pode estar visitando um bairro recentemente implantado em Aracaju e procurar uma área verde e não existir. Isso foi implantado há menos de 10 anos, porque prevaleceu o interesse privado. Em Aracaju, há 35 anos existia 10 metros quadrados de área verde por habitante. Hoje, são menos de sete. Em vez de melhorarmos, pioramos. Estou dizendo isso para mostrar, mais uma vez, que durante muitos anos, num passado recente, o interesse privado prevaleceu sobre o interesse público.

F5 – Recentemente no Cabaré, o pré-candidato do PSB, Valadares Filho, disse ter certeza absoluta que o grupo de Déda ganha a eleição no primeiro turno. Como o senhor avalia esta declaração, levando-se em conta as pesquisas que dão uma vantagem larga ao ex-governador João Alves?

J.C.M. - Isso é o esperado. Ele disse o óbvio. Já pensou se ele dissesse lá que quer ser candidato, mas está certo de quem vai perder a eleição? Por que é que 400 candidatos se apresentam para disputar eleição de vereador em Aracaju, quando só existem 20 vagas? Se você conversar com os 400, todos eles estão certos que vão ser vitoriosos. Então, o que a gente poderia esperar do jovem deputado federal Valadares Filho? Que dissesse o que disse. Agora, o que os números demonstram em pesquisas recém publicadas por institutos de pesquisa isentos de qualquer alinhamento com esse ou aquele candidato? Que João ganha de todos eles juntos. Não quero dizer com isso que as eleições estão ganha. Eleição é uma corrida de obstáculos e nós estamos ainda começando. Se João dissesse isso parecia lógico. Eu tenho percorrido as ruas de Aracaju ao lado de João Alves e o que a gente sente é uma ansiedade e um desejo extremo de mudança. Cansaram do PT e de administradores que privilegiaram o privado em detrimento do público.

F5 - Por outro lado, o pré-candidato do PT, Rogério Carvalho, disse que “estão tentando tirá-lo do páreo”. Como o senhor avalia isso?

J.C.M. - Nem eles se entendem. Eu acho que deveria existir de imediato uma conversa entre Rogério Carvalho e Valadares Filho para ver quem é candidato. Valadares fala que o candidato é único. Rogério fala que é candidato e estão tentando tirá-lo do páreo. Quem é que está tentando tirar Rogério do páreo? É Valadares Filho? Eu não escolho opositor, mas também quando eles estão brigando eu não me meto. Eu aprendi isso com Rollemberg. Mais uma lição. O que nos tranquiliza são esses números recentemente publicados e o sentimento no dia-a-dia. Se você chegar a qualquer espaço de Aracaju e tiver dez pessoas, você pode consultar. Os números das pesquisas mostram no meu entender absoluta verdade. O povo, hoje, não se conforma mais de ir a um posto de saúde e não ter médico. O povo não admite mais ir para um ponto de ônibus estragado e sem conforto nenhum esperar duas, três horas. O povo está se cansando das notícias de quatro, cinco assaltos a ônibus por dia. Os assaltos acontecem à luz do dia e nenhuma providência se toma. Está cansado de ter que se acordar cedo naquela fase de matrícula nas escolas da rede pública e, quando chegar na hora do atendimento, dizer que, lamentavelmente, não há mais vagas para o filho.Temos que procurar colocar na Prefeitura de Aracaju um administrador que tenha capacidade, disposição para o trabalho, boas ideias e muito amor por Aracaju. E, na minha avaliação, João preenche todos esses requisitos. Graças a Deus, a população de Aracaju já percebeu isso.

F5 - O senhor teria a coragem que Valadares Filho teve no Cabaré e dizer que João ganha no primeiro turno?

J.C.M. - Quem diz que João ganha no primeiro turno não sou eu. Se eu fosse para lá dizer isso estaria apenas repetindo o que os números da última pesquisa publicada pelo Dataform mostraram. Eu poderia dizer que faria das minhas palavras do Dataform.Os números publicados pelo Dataform há uns 15 ou 20 dias mostram, claramente, que se as eleições fossem naquele momento João ganharia no primeiro turno. Aí a observação já é minha e a tendência, na minha avaliação, é melhorar. Muita gente me pergunta se João volta. Se é candidato e eu não tenho dúvida nenhuma que, até meados de maio, nós já vamos estar com isso absolutamente esclarecido. Vamos consolidar esse projeto. Só espero que amanhã o deputado Valadares Filho fale que estava equivocado e peça desculpa ao povo de Aracaju, porque quem ganhou a eleição foi João Alves.

F5 – O senhor é daqueles que defendem uma aliança com o grupo dos Amorim?

J.C.M. – Temos afinidades políticas. Até outro dia, éramos um grupo só.

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