LGBTTs ainda não se sentem amparados pelo poder público em Sergipe
Cotidiano 29/06/2017 13h09 - Atualizado em 29/06/2017 15h37Por Fernanda Araujo
“O que aconteceu à Denise é crime de transfobia, uma pessoa que era do bem, trabalhadora. Amanhã pode ser eu, infelizmente. Eu já não ando mais à noite por questão de segurança pessoal. Está chegando ao ponto de ficarmos trancados em casa. A cada ano aumenta a violência, onde vamos parar?!”. Esse é o lamento de Marcelo Lima de Menezes, presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe (Adhons), representante de uma população que se sente a cada dia excluída da sociedade.
O universo LBGTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) questiona ainda quem será a próxima vítima, diante do número de casos de homofobia no estado. Uma das vítimas foi a transexual de 53 anos Denise Melo, morta a tiros dentro da própria casa no conjunto Augusto Franco, zona Sul de Aracaju, na noite do dia 24 - um caso que pode estar ligado a crime de homofobia.
Em Sergipe não existe delegacia especializada para o combate à violência contra a comunidade LGBTT. No entanto, na capital o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) recebe os casos de homofobia. Já no interior do estado, são as delegacias distritais que apuram as denúncias.
São constantes as cobranças por políticas públicas contra a violência, mas para a comunidade LGBTT não há amparo do poder público e ainda falta vontade política para o enfrentamento à intolerância de gênero.
“Não temos uma política pública efetiva, estadual e municipal, que tente ao menos enfrentar a violência. Para o LGBTT não tem políticas públicas como tem para criança e adolescente, a delegacia da mulher, e leis que defendem o negro. É como se fossemos seres à parte da sociedade. Esqueceram que também pagamos impostos e construímos essa nação. Somos colocados alheios”, critica Marcelo.
A comunidade LGBTT acredita que o enfrentamento à violência decorre de ações públicas no campo da segurança, na educação que combata o preconceito e a discriminação nas escolas, além de melhorias de atendimento à saúde.
“É preciso conselho de segurança e capacitações nesse campo, melhorar atendimento em alguns lugares específicos, por exemplo, o Centro de Referência de Combate à Homofobia que atua com campanhas de conscientização e trabalho de prevenção sem o apoio do governo. É o bê-á-bá para uma vida digna. É dever do Estado”, considera o ativista.
Para Marcelo Menezes, é importante ainda a criação de conselhos para tentar monitorar e controlar a violência de gênero. “Temos esse projeto do conselho estadual, pedimos a criação desde 2015, mas nós nos sentimos totalmente desfavorecidos porque um simples conselho, que não vai precisar de custos para o estado, o governo não assinou. O caminho agora é a criação do Conselho Municipal com a mesma finalidade”, afirma.
No dia 28 de junho se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBT e todo o mês é dedicado a esta data. Mas, apesar da comemoração, para este grupo o país precisa evoluir muito. “O Brasil está no ranking mundial dos países que mais assassinam pessoas transexuais, ou seja, nosso país tem uma pena de morte à população LGBT. A partir do momento que o poder público não coloca o LGBT como sujeitos de direitos, não consegue avançar e, consequentemente, a violência vai aumentar”, completa Menezes.
F5 News procurou a delegada Mariana Diniz, que preside os inquéritos sobre casos de homofobia no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), mas a informação é que ela está de férias e só pode falar sobre o assunto na próxima semana.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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