A sexta-feira negra, mais conhecida pela expressão em inglês “Black Friday” surgiu em 1960 na Filadélfia, nos Estados Unidos, a fim de descrever os tumultos causados após o Dia de Ação de Graças. Porém, foi em 1980 que o termo passou a ser conhecido como sinônimo de ofertas e descontos.

Durante todo o mês de novembro, empresas de diversos segmentos colocam ofertas tentadoras em seus produtos comercializados. Mas, conforme a tradição, a Black Friday acontece oficialmente na quarta sexta-feira do seguinte mês, em 2023, ocorre nesta sexta-feira (24).

Após meses de pesquisas de preços, é comum ver pessoas acreditando que este é o momento ideal para adquirir itens essenciais e importantes, sejam roupas, viagens, alimentos e outros. Para a jovem Karla Beatriz dos Santos, de 20 anos, que está prestes a casar, o evento virou uma grande oportunidade para adquirir os móveis do novo lar. 

“Além do armário de cozinha, comprei a cama de casal que antes estava por R$1600,00, e conseguimos comprar por R$1400,00”, disse ao F5 News.

Apesar de ter feito as compras antes do dia oficial do evento, Karla afirma que houve uma pesquisa anteriormente e comparou os preços para poder ter um bom desconto. “Pesquisei os preços em lojas online, mas iria demorar muito para ser entregue. Consegui achar algumas coisas mais baratas em lojas presenciais e também preferi o bom atendimento dos vendedores, então comprei aqui mesmo”, revelou a jovem.

São estratégias como estas que o advogado especialista em Direito do Consumidor Vinicius Emanuel indica às pessoas interessadas em aproveitar a Black. 

“Quem pretende encarar a data como uma oportunidade de adquirir produtos por preços melhores, já deveria estar acompanhando o mercado há algum tempo, verificando o comportamento dos fabricantes e fornecedores, inclusive monitorando as variações dos valores, para ter condições de julgar a veracidade da oferta. Existem sites e aplicativos que oferecem esse monitoramento, permitindo ao consumidor ter uma noção mais próxima da realidade quanto ao preço médio no decorrer do ano. A pesquisa e a comparação são as melhores estratégias”, contou ao portal. 

Apesar de haver ótimas oportunidades aos consumidores, também é possível encontrar golpes, principalmente na mortalidade virtual, é o que diz o advogado. Então, além da necessidade de pesquisar os preços, há a necessidade de ver a veracidade dos anúncios.

“No caso de compras pelo navegador, deve-se verificar sempre o endereço eletrônico da loja escolhida, procurando pelas letras “https”. A letra ‘s’ nesse caso, inserida no protocolo do endereço, aponta para a certificação de segurança do site, inclusive quanto aos dados do usuário. Evitar sites sem o protocolo de segurança é recomendável. Quando o endereço eletrônico é original e o respectivo link é correto, há um cadeado logo antes do endereço, na parte superior do navegador. Também é possível verificar a ocorrência do cadeado na parte debaixo da tela”, explicou.

O profissional ainda alerta que os compradores devem ficar atentos aos anúncios muito chamativos encontrados nas redes sociais. “Do mesmo modo, não acessar sites ou landpages através de links disponibilizados em redes sociais, bem como, não negociar diretamente pelas redes, ou aplicativos de mensagens, buscando, se for o caso, o aplicativo específico do fornecedor, a ser baixado na loja virtual oficial do sistema operacional do telefone. Caso alguma oferta pareça interessante e tenha sido divulgada nas redes sociais, procurar por elas em ambiente fora da rede é o melhor caminho”, informou.

“Isso também vale para compras físicas, guardando distância segura de promoções fantásticas demais para serem verdade, porque na maioria das vezes não são mesmo, além disso, preferir formas de pagamento tradicionais, nada de depósito em conta ou pix para pessoa física, o que pode ser indicativo de problema. Além disso, sempre guardar a nota fiscal, para direitos futuros, como a garantia, por exemplo”, complementa.

Em contrapartida, apesar das grandes vendas que são feitas durante este período, o desejo de troca ou devolução dos produtos também é recorrente, já que muitas pessoas compram apenas por impulso e não necessidade. De acordo com Vinicius, as trocas não são obrigações dos fornecedores quando não há a presença de defeito, mesmo em casos de presentes. 

“Ou seja, se houve anúncio prometendo a troca, o fornecedor está obrigado a aceitar. Nos demais casos, a obrigação de trocar um produto defeituoso, mediante opção do Consumidor, somente se dá, sendo produto durável, se passados trinta dias, não tiver sido dada solução ao defeito”, finalizou. 

Nesse contexto, o especialista em direito do consumidor informou ao F5 News as principais dicas para quem vai comprar nesta sexta-feira. Confira:

- Pesquisar antes, para ter uma verdadeira noção das condições da compra, seja da realidade da oferta, seja quanto à qualidade do produto e ainda no tocante à necessidade da aquisição, evitando a compra por impulso; 

- Registrar e guardar elementos que possam provar todo o processo da compra, desde as ofertas de publicidade e preço até o passo a passo da compra;

- Verificar a reputação do fornecedor, através dos sites de reclamação; 

- Lembrar do direito de arrependimento, existente nas compras não presenciais, que permite a desistência da compra em até sete dias após o recebimento do produto, sem nenhum custo;

- Ficar atento para as compras internacionais, não protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor, se o fornecedor não tiver representação no Brasil;

- Procurar os órgãos de defesa, a exemplo do Procon, caso perceba alguma possibilidade de ofensa a direitos, como ofertas com preços maquiados ou vendas casadas.