Atendimento às mulheres com câncer ainda é um desafio para Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

Atendimento às mulheres com câncer ainda é um desafio para Sergipe
Análise é do MPE, Coren e das pacientes. Estado garante esforços
Cotidiano 31/10/2015 20h41


Por Will Rodrigues

Mais de três mil mulheres já fizeram o exame mamografia para avaliação dos tecidos mamários em Sergipe este ano, mas, na ótica do Ministério Público Estadual, se alguma dessas mulheres tiver diagnosticado o câncer, não teria condições de iniciar o tratamento pela rede de saúde do Estado atualmente. Isso porque, além da existência de apenas um aparelho para radioterapia que já parou de funcionar várias vezes nos últimos meses, há uma fila de mais de 300 pacientes aguardando para também começar o tratamento. O Conselho Regional de Enfermagem (Coren/SE) e as próprias pacientes também apontam inconformidades na rede de atenção à mulher com câncer mamário e também na rede de saúde básica, onde deveria começar o trabalho de prevenção. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) garante que não está de braços cruzados e já articula soluções a curto, médio e longo prazos.

O promotor da Saúde de Aracaju, Alex Maia, disse ao F5 News que o MPE já possui ações cíveis ajuizadas para obrigar o Estado a melhorar o atendimento ofertado, mas aguarda a posição da Justiça. No seu entendimento, há um problema de gestão. Ele cita como exemplo a questão do acelerador linear da única máquina que faz radioterapia e tem quebrado com frequência por conta do aumento de procedimentos realizados diariamente, de 60 para 90. O promotor acredita que, se a peça quebrada no acelerador fosse comprada em Sergipe mesmo, o conserto aconteceria em um espaço de tempo muito menor.

Sheyla Galba, representante do grupo Mulheres do Peito, que reúne sergipanas em tratamento do câncer, luta contra a doença há um ano e dois meses. Em setembro de 2014, fez uma cirurgia de mastectomia e linfadenectomia axilar, além de 16 sessões de quimioterapia. Para concluir o tratamento, ela precisa passar por 30 sessões radioterápicas, mas até agora só conseguiu fazer dez. “No mês de Outubro Rosa, a sociedade, as instituições acolhem a gente, mas durante o resto do ano, não. A gente precisa de acompanhamento todos os dias, todos os meses. O câncer não vem só em outubro, ele pode aparecer qualquer dia, em qualquer pessoa”, desabafa.

A paciente acredita que, além de esclarecimento sobre os procedimentos, falta apoio. Ela lembra que a campanha do Outubro Rosa alerta para o diagnóstico precoce justamente porque, quando ele ocorre, as chances de cura aumentam, desde que o tratamento seja iniciado rapidamente. “Você chega em uma instituição de saúde pra fazer um tratamento ou a mamografia e eles passam dois, três, quatro, cinco ou seis meses marcando. Dessa forma, não fica nada fácil”, lamenta Sheyla.

A presidente do Coren/SE, Maria Cláudia Tavares de Mattos, aponta que nem sempre o hospital que recebe mais dinheiro, atende mais pacientes e de modo eficiente. “As fiscalizações que o Coren Sergipe têm feito demonstram que os serviços estão aquém do necessário. Eles não acompanham a demanda. A gente ainda não tem um hospital voltado para o tratamento de câncer. Além disso, nós temos hospitais filantrópicos que chegam mais até à sociedade”, afirma.

Maria Cláudia ainda destaca que falta esforço para fazer a busca ativa na prevenção dos cânceres, a começar pelas redes de atenção básica, ou seja, nos postos de saúde de cada comunidade. “Enquanto a gente se preocupar só com a doença instalada não conseguiremos diminuir a incidência da doença. O problema está na base, a gente tem que ter mais equipes de saúde da família, com profissionais de todas as categorias - enfermeiros, médicos, auxiliares. Assim, vamos conseguir fazer com que essa população seja melhor assistida. É muito mais caro para o Estado e para o Município  ofertar o tratamento para aquela que já está com a doença, quando ele já vai pra rede terciária”, afirmou.

Essa semana a SES informou que o bunker onde será instalado o novo acelerador linear para radioterapia no Huse começará a ser construído no próximo mês de dezembro. A instalação deve ser concluída em dez meses. A demora, segundo a Saúde,  ocorre em função dos protocolos e liberações necessários para funcionamento do equipamento.

Prevenção

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que até o final deste ano cerca de cinco mil novos casos de câncer (dos mais diversos tipos) sejam diagnosticados em Sergipe. No ano passado, 54 aracajuanos morreram em decorrência da doença. Se os números chamam atenção para o aumento da responsabilidade do Poder Público, servem também de alerta. “A população também só se preocupa quando a doença quando está instalada. A pessoa não se previne, não conhece o próprio corpo”, acrescenta a presidente do Coren/SE.

No Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), em Aracaju , as sergipanas têm acesso a exames ginecológicos, mastologia e consultas obstétricas, além de poder fazer acompanhamento dos diagnósticos de câncer de mama, colo de útero e de pré-natal de alto risco. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h em um prédio localizado no Centro Administrativo, bairro Capucho. O atendimento deve ser agendado na Unidade Básica de Saúde (NUCAAR). 

Hospital do Câncer

Apontado como a esperança para melhorar o atendimento aos pacientes com câncer em Sergipe, o governo ainda não divulgou a data de conclusão do Hospital do Câncer Marcelo Déda Chagas. Até o momento, apenas as obras de terraplanagem do terreno onde a unidade será construída estão finalizadas. A licitação para construção do prédio de 21 mil m² foi suspensa em julho por recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). A Seinfra diz que já fez as correções no projeto e enviou o novo edital para análise da Corte de Contas Federal, mas o processo aguarda parecer do relator, o ministro Weder de Oliveira. O Hospital foi orçado em cerca de R$ 85 milhões e o Estado já possui cerca de R$ 47 milhões. Com ele, o governo planeja aumentar a assistência em até 200 leitos.

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