Em Sergipe, 30 municípios enfrentam problemas por falta de água

O longo período de estiagem já afeta mais de 480 mil sergipanos

Cotidiano 22/03/2017 11h34 - Atualizado em 22/03/2017 13h00

Por F5 News

Em Sergipe, 30 municípios enfrentam problemas por falta de água

Em 2017, já são 30 as cidades com reconhecimento federal de situação de emergência causada por um longo período de estiagem em Sergipe, o que corresponde a mais de um terço dos municípios sergipanos, segundo a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).

Mesmo com uma das situações mais críticas no Brasil, ainda não houve racionamento de água no consumo da população sergipana.

De acordo com a Defesa Civil estadual, são cidades que tiveram a situação de emergência reconhecida desde setembro do ano passado. Ao todo, já são mais de 484 mil sergipanos afetados pela falta de chuvas.

“A seca está vindo cada vez pior e tudo está se acabando. O gado está magro e não quer mais comer a palma, que está murcha demais. Por isso fico feliz com a água que chega”, conta o agricultor Pedro Alexandre da Silva, que mora no povoado Morro Vermelho, em Poço Redondo.

Desses, cerca de 60 mil já são assistidos por alguma ação dos governos estadual ou federal. Esta semana, mais 44 carros-pipa foram destinados para comunidades rurais do alto sertão.

Conforme o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Erivaldo Mendes, a água é colocada em uma cisterna e as pessoas que moram próximo vão pegar sua cota. Não há prazo para o término da operação. “Oferecemos 20 litros de água por dia e por pessoa. De modo que, se uma família tem cinco pessoas, ela tem direito a 100 litros por dia”, detalha.

Planejamento

O professor Sérgio Koide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), explica que o que deflagra o processo da crise hídrica é o clima, mas a falta de planejamento faz com que a margem de segurança entre a oferta e a demanda seja muito pequena. “Com um bom planejamento e com investimentos, você consegue fazer uma gestão mesmo em situações de certa escassez de recursos”, afirma.

Para ele, o risco de insuficiência de água para o abastecimento ocorre quando o planejamento não é cumprido, na medida em que a oferta vai se aproximando da demanda. “Neste caso, é preciso fazer um novo planejamento, com antecedência, e adotar as medidas necessárias, como investimentos em obras, para evitar a falta de abastecimento”, observa Koide.

Segundo a meteorologista Morgana Almeida, chefe da previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), essa situação é reflexo de um acúmulo dos impactos causados pelo El Niño. “Temos que olhar para o retrovisor. O El Niño é um fenômeno que acontece há cinco anos e atingiu seu ápice nos últimos três, o que levou o semiárido nordestino a uma situação de seca excepcional e isto impacta diretamente nos reservatórios que abastecem as cidades da região.”

Não é de hoje que o mundo chama a atenção para a importância da gestão racional da água, o debate é antigo e vem sendo reforçado ao longo da história com marcos como o Dia Mundial da Água, decretado em 1992, pela Organização das Nações Unidas, ou o Ano Internacional de Cooperação pela Água, que em 2013 foi dedicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para reflexão sobre o tema.

No entanto, mesmo com tantos reforços para lembrar sobre a importância dos recursos hídricos do planeta, as pessoas ainda não aprenderam a gerir de forma adequada a água. No Brasil, algumas cidades já percebem esse impacto em seus cotidianos, a história continuará se repetindo se não houver mais conscientização. Este ano regiões Nordeste e Centro-Oeste são as mais afetadas, mas há um ano São Paulo, por exemplo, superou a maior crise hídrica de sua história, que teve início em janeiro de 2014.

Sergipe: cidades em situação de emergência

Cedro de São João

Propriá

Telha

Porto da Folha

Simão Dias

Poço Verde

Moita Bonita

São Miguel do Aleixo

Nossa Senhora de Lourdes

Poço Redondo

Gararu