Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Universidade Tiradentes estão cobrando da Prefeitura de Aracaju a vacinação dos estagiários que atuam em unidades hospitalares localizadas na capital. Segundo a categoria, os alunos estão expostos aos riscos de contaminação da mesma forma que médicos, enfermeiros e todos aqueles que trabalham diretamente no atendimento aos pacientes com quadro clínico de gripe. 

O estudante Roberto Meneses de Oliveira, do 10ª período de Medicina da UFS, representante dos alunos do 9º ao 12º período do curso da instituição, garantiu ao F5 News que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) começou a imunizar profissionais com risco infeccioso muito inferior ao dos estagiários, como aqueles que trabalham em clínicas particulares que não atendem urgências e em clínicas de oftalmologia. 

Foto: Arquivo Pessoal

Roberto Meneses diz ainda que o Departamento de Medicina da UFS já encaminhou a relação com todos os nomes e dados dos estagiários que devem ser vacinados. “Eu protocolei pessoalmente o ofício na SMS, solicitando esclarecimentos, mas até o momento não houve nenhuma resposta”, afirmou. 

São cerca de 128 estagiários da UFS, além de 50 alunos de enfermagem e mais alguns dos cursos de Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia e Farmácia, atuantes diretamente na rede hospitalar pública de Sergipe. Além disso, há cerca de 150 estagiários de medicina da Unit que também aguardam pela aplicação do imunizante, informou Roberto.  

“Aracaju não imunizou nenhum dos estagiários de Medicina que atuam no Hospital Universitário da UFS, no Hospital de Urgência João Alves Filho (Huse), no Samu, no Hospital de Cirurgia, IPES, Maternidades Santa Isabel e Nossa Senhora de Lourdes, e nem nos incluiu no cronograma de vacinação até agora, mesmo o Ministério da Saúde nos incluindo na categoria de profissionais de saúde e dizendo que a vacina nos seria ofertada”, aponta o representante da UFS. 

Ainda conforme ele, os estagiários estão expostos aos riscos e também expõem as pessoas de seu círculo. “Muitos de nós estão atuando em setores de prontoatendimento na maior parte desses locais, atendendo por diversas vezes pacientes febris e presenciando ou realizando procedimentos que geram aerossóis e que são críticos na contaminação, como intubação, ventilação com balão ou endoscopias”, ressalta o jovem. 

Além disso, ele afirma que, no último dia 15, o Portal da Transparência dizia que 15.372 doses haviam sido aplicadas, de um total de 23.670, sendo 2.270 no Hospital Governador João Alves Filho, 562 na Maternidade Santa Isabel, 789 na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, 1.051 no Hospital Universitário (HU), 217 no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 182 no Ipes Saúde, e zero doses administradas em estagiários da área da saúde. 

F5 News entrou em contato com a Secretaria Municipal da Saúde, em busca de esclarecimentos sobre a denúncia dos estudantes. A pasta disse, por meio de nota, que "não possui estudantes de medicina atuando na linha de frente do combate ao coronavírus no Sistema Único de Saúde e as primeiras doses estão sendo direcionadas para quem atua nessas condições, a exemplo dos médicos, residentes, enfermeiros e técnicos que trabalham nas unidades de referência e nos contêineres dos hospitais municipais". 

A SMS declarou ainda que o protocolo Municipal, além de seguir as recomendações federais e da Organização Mundial da Saúde, foi elaborado em conjunto com as orientações do Ministério Público "para delimitar quais profissionais os estabelecimentos devem listar para o recebimento das doses, por ordem de exposição e risco de contaminação pelo coronavírus". 

*Texto ampliado às 15h45