Euclides Figueiredo: R$ 14,5 mi para ampliação, mas não terá ciclovia
Cotidiano 02/07/2015 15h20Por Elisângela Valença
A avenida Euclides Figueiredo é uma via de 4km de extensão de grande importância para os moradores da zona norte de Aracaju e do Complexo Taiçoca, na cidade de Nossa Senhora do Socorro. Ela une as duas cidades e permite a circulação de pessoas para a zona sul da cidade, seguindo pela avenida Tancredo Neves, ou descendo para o Centro de Aracaju, pela avenidas Visconde de Maracaju, Maranhão e São Paulo.
Ela, hoje, é uma avenida estreita, com apenas duas faixas de rolamento para bicicletas, motos, carros, ônibus e caminhões. As calçadas também são estreitas e irregulares, forçando o pedestre a disputar espaço na faixa de rolamento.
Mas, de acordo com a Prefeitura de Aracaju, esta realidade poderá mudar até o final de 2016. É que foi autorizada, na manhã de hoje (2), a abertura de licitação para ampliação da avenida Euclides Figueiredo e melhoria na iluminação pública da área. Serão investidos R$ 14,5 milhões em verbas federais e municipais para esta obra que será o primeiro passo da instalação do BRT.
A licitação será aberta no dia 10 de agosto e o processo deve levar uns 20 dias até o início efetivo da obra, que deverá durar de 12 a 14 meses. “Esta será uma obra complexa, porque trata-se de uma avenida implantada que será alargada. A gente não poderá simplesmente interditar 4km da via para trabalhar”, disse o secretário Municipal de Infraestrutura, Luiz Durval. Ele explicou que a obra será feita por etapas, interditando o trecho a ser trabalhado em cada uma, adequando o trânsito com desvios e rotas alternativas para interferir o mínimo na rotina da comunidade.
Segundo o secretário, a obra vai ‘reconquistar’ espaços que foram invadidos pelos moradores da região. “Inúmeras casas fizeram o que se denomina ‘puxadinho’ e avançaram sobre a via. Estas casas voltarão à dimensão original e seus donos serão indenizados. Mas todos permanecerão no local, ninguém será removido”, disse.
No final de 2016, a avenida Euclides Figueiredo deverá contar com duas faixas de rolamento, totalizando 12 metros de largura de via livre (à disposição do fluxo de veículos). Todas as paradas de ônibus contarão com recuo, para que o ônibus pare no ponto sem interferir no fluxo da via.
“A Euclides Figueiredo talvez seja a primeira grande avenida de Aracaju com a melhor sinalização. Deveremos ter a sinalização semafórica inteligente, pois será uma via de trânsito rápido e com o sistema BRT, além da fiscalização eletrônica, pois já que ela terá pista dupla, a tendência é aumentar a velocidade e vamos manter todo mundo nos 60km/h”, disse o superintendente de Transporte e Trânsito, Nelson Felipe.
“Ela vai receber o novo modelo de faixa de pedestres que os aracajuanos começarão a ver na próxima semana em algumas avenidas da capital, que é mais chamativo para que pedestres e motoristas fiquem mais atentos”, disse o superintendente.
Apesar do grande fluxo de bicicletas na região, este foi o único veículo não contemplado nesta obra. Como ela liga as zonas norte e sul e facilita o acesso ao Centro da cidade, muita gente pedala pela avenida, que é palco de pequenos acidentes a morte por atropelamento.
“Não há espaço para a ciclovia. Ela tomaria três metros e sobrariam nove, que não poderíamos usar para duas vias”, afirmou o secretário Luiz Durval. “Para termos mais três metros, iríamos precisar indenizar 420 imóveis e não teríamos como bancar isso”, acrescentou.
No período de 3 de abril de 2013 a 16 de setembro de 2014, a ONG Associação Ciclo Urbano, que trata de mobilidade urbana, realizou nove contagens de ciclistas em alguns pontos da cidade. Eles entrevistaram 14.962 ciclistas e identificaram os horários das 6h às 7h e das 17h às 18h como horário de pico para os ciclistas e viagens como casa-trabalho e trabalho-casa como sendo as principais. Destes 12.962 ciclistas contados pela ONG, 7.432 tinham como partida ou chegada a zona norte de Aracaju e o Complexo Taiçoca.
“A gente tentou de todas as formas fazer a ciclovia na Euclides Figueiredo, chegamos a fazer um teste com ciclofaixas no final do ano passado. Mas o custo ficaria muito alto com as indenizações das casas”, disse o superintendente Nelson Felipe. “Nós já planejamos e implantaremos ciclorrotas nas vias paralelas, que vão trazer mais segurança para o ciclista, pois haverá um fluxo menor de veículos”, comentou.
“É preciso ter equilíbrio no investimento para carros e bicicletas nas políticas de mobilidade urbana. O poder público precisa encarar a bicicleta como parte do trânsito, como veículo. O próprio Código de Trânsito Brasileiro reconhece a bicicleta como veículo, com direitos e deveres”, disse Waldson Costa, vice-presidente da ONG Associação Ciclo Urbano.
“Hoje, a Prefeitura de Aracaju lida com questões pontuais referentes à bicicleta, quando a população cobra, mas o poder público precisa levar a sério a bicicleta, que tem um público cada vez maior na cidade e precisa de uma infraestrutura relativamente barata quando comparada à do carro”, comentou Waldson.
A coordenadora de projetos sociais Rosana Adrião mora na zona sul de Aracaju e trabalha na zona norte. Para evitar a avenida Euclides Figueiredo, quando vai pedalando ao trabalho, ela aumenta seu trajeto de bicicleta em quase 5km. “Este projeto é uma demonstração de falta de preocupação com o cidadão por parte da Prefeitura. O principal meio de transporte nesta avenida é a bicicleta. Basta parar aqui das 6h30 às 7h30 e você vai contar milhares de ciclistas passando por aqui. Isso mostra o desrespeito ao cidadão numa avenida que conta com morte de ciclista”, disse Rosana.
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