Por Elisângela Valença

Como todos os dias, às 7 horas da manhã desta sexta-feira (16), pais e alunos chegaram à Escola Estadual Francisco Portugal, no bairro Farolândia, zona sul de Aracaju. Mas, desta vez, eles ficaram na porta para um ato em protesto contra mudanças para o ano letivo: fechamento de turmas (1º e 2º anos do Ensino Fundamental) e mudança de horário de outras. Os pais souberam das mudanças quando as matrículas começaram, na última segunda (12).

Vanderlan Bispo Santos tem 35 anos e estudou no Francisco Portugal. Hoje, de seus oito filhos, cinco estudam na mesma escola do pai desde o 1º ano do Ensino Fundamental – o mais velho está no 8º ano. Na segunda-feira, soube que não poderia matricular o sexto filho. “Eu vou ter que distribuir meus filhos pelas escolas do bairro, quando poderiam estudar todos juntos?”, questionou Vanderlan.

“Mesmo que eu consiga encontrar vaga numa outra escola no mesmo bairro, eu teria que pegar ônibus. A Farolândia é muito grande”, disse. Eles moram a 150 metros de distância do Francisco Portugal. O bairro Farolândia tem uma área de 62.349km² (Aracaju tem 181.857km²) e possui cinco escolas estadais, além de escolas particulares.

A dona de casa Everalda Germano tem dois filhos na escola, com 6 e 10 anos de idade, que vão começar os 2º e 3º anos, respectivamente, e se deparou com o dilema causado pelas alterações na escola. O filho mais novo não estudará mais na escola.

“O que eu vou fazer agora? Não tenho condições de levar um para um lugar e o outro para outro. Eles tem necessidades especiais e terão que passar novamente pelo processo de adaptação, que foi muito complicado. A escola mais próxima fica do outro lado do bairro”, reclamou Everalda.

A professora Clara Maria está no Francisco Portugal há dois anos. Ela foi realocada nesta escola depois do reordenamento feito na Escola Estadual Ofenísia Freire, uma das cinco escolas estaduais do bairro Farolândia e que também passou por esse processo de fechamento de turmas. Esta escola, atualmente, está fechada para reforma e os alunos foram distribuídos.

“O diretor [Edidelson dos Santos] informou que todo o polivalente (1º ao 4º ano) será encerrado e só será oferecido do 3º ao 5º ano até encerrar estas turmas para finalizar o reordenamento e os alunos terão que ser encaminhados a outras escolas”, contou a professora. Isso significa que sete turmas serão fechadas, com uma média de 25 alunos em cada. “Nós, professores, também só ficamos sabendo disso na segunda”, contou.

“Foi feito apenas um aviso. Depois de muita reclamação, o diretor chamou os pais para uma reunião ontem (15), mas se recusou a fazer a reunião com a presença dos professores. Os pais também se recusaram a fazer esta reunião sem os professores, que também serão prejudicados”, contou Roberto Silva, diretor do Sintado dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). A postura do diretor foi bastante criticada pelos alunos, pais e professores. “Este ato foi chamado pelos pais, inclusive”, acrescentou.

“A direção justifica que as turmas do 1º ao 5º anos são de responsabilidade do Município, mas a Constituição deixa claro que o Ensino Fundamental é de responsabilidade compartilhada entre Estado e Município e aqui no conjunto Augusto Franco não tem escola municipal”, disse Roberto. “O Estado está fazendo isso, encerrando turmas, em outras escolas também, está virando prática”, acrescentou.

A Secretaria de Estado da Educação (SEED), através da Assessoria de Comunicação, informou que iria se posicionar através de texto que seria publicado no site da secretaria mas, até o fechamento da matéria (11h30), não foi publicado.