Da Redação

As famílias que ocupavam uma área de preservação ambiental, com cerca de 500 hectares, na divisa entre os municípios de Barra dos Coqueiros e Pirambu (SE), começaram a deixar o terreno no final da manhã desta quarta-feira (06), após forte resistência à polícia que iniciou nas primeiras horas do dia o cumprimento do mandado de reintegração de posse.

A liminar foi deferida pela juíza Heloiza de Oliveira Castro Alves, da comarca da Barra dos Coqueiros (SE), atendendo ao pleito dos três proprietários. Cem policiais atuaram na operação que contou com apoio da Rádiopatrulha, CPtran, Tropa de Choque e da Cavalaria da PM.

Os manifestantes bloquearam o trevo de acesso ao porto de Sergipe, no povoado Jatobá, há cinco quilômetros da área ocupada. Nas primeiras horas da manhã o trânsito ficou parado no sentido Pirambu/Barra dos Coqueiros. Motoristas que seguiam nesse trajeto tiveram que retornar.

Segundo o coordenador do Movimento de Homens e Mulheres Sem Teto e Sem Terra (Mhomtese), Givaldo de Souza, cerca de três mil famílias de vários municípios sergipanos ocuparam a área há três meses. “Além dos barracos da nossa ocupação a comunidade pobre, aqui vizinha, também ficou sem energia. Crianças e idosos que fazem tratamento e precisam da eletricidade tiveram que ser transferidos”, reclamou. O serviço de energia foi suspenso para cumprimento da ordem judicial.

De acordo com o assessor adjunto da PM, Capitão Alysson Cruz, as negociações vem acontecendo desde maio, através do Gabinete de Gerenciamento de Crises e Conflitos (GGCC) para evitar o uso da força, mas sem sucesso. “Quando chegamos aqui, tinham três barricadas. Como temos o mandado de reintegração, precisamos passar para demolir os barracos. Foram utilizadas bombas de efeito moral e balas de borracha”, destacou.

Resistência e confronto

Após muita negociação, os sem-teto deixaram o bloqueio e os tratores liberaram a rodovia para passagem da polícia. Mais a frente, um novo bloqueio foi feito. O objetivo era ganhar tempo para conseguir uma nova decisão judicial que suspendesse a reintegração, segundo o coordenador da Frente Nacional de Lutas (FNL), Márcio João da Silva. Eles chegaram a comemorar a notícia de uma nova liminar, mas a decisão não veio.

A cada passo da tropa, os manifestantes recuavam e montavam uma nova barreira. Sem negociação, a polícia teve que usar a força, lançado bombas de efeito moral. Alguns manifestantes desistiram.

Uma nova negociação aconteceu, e desta vez, o GGCC pediu que o oficial de justiça lesse a determinação judicial, mas os ocupantes estavam irredutíveis e não cederam. Houve então um novo confronto com mais bombas de efeito moral, tiros com bala de borracha e a entrada forçada da cavalaria. Uma mulher passou mal e precisou de atendimento médico. Algumas pessoas firam atingidas por balas de borracha e reclamaram da atuação da polícia.

O major Antônio Arthur, comandante do Batalhão de Choque rebateu as acusações e disse que a força usada foi à necessária, destacando que polícia tentava negociar, mas era confrontada.

Passavam das dez horas da manhã quando os tratores começaram a derrubar os primeiros barracos, e quem permaneceu no local correu para salvar móveis e pertences. A previsão da PM é de que a demolição total dos barracos seja concluída nos próximos dias. 

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