FPI/SE encontra embarcação do século XIX naufragada no São Francisco | F5 News - Sergipe Atualizado

FPI/SE encontra embarcação do século XIX naufragada no São Francisco
O local da descoberta fica na Terra Indígena Xokó em Porto da Folha
Cotidiano 21/05/2018 16h30 - Atualizado em 21/05/2018 16h54


A equipe de Espeleologia e Arqueologia da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco localizou os restos do naufrágio de uma canoa, provavelmente de meados do século XIX, no município de Porto da Folha (SE). Os sítios arqueológicos subaquáticos foram encontrados pela equipe de mergulhadores da FPI/SE , formada por arqueólogos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e militares do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe.

Nas proximidades do naufrágio também foi encontrado um sítio depositário, com fragmentos de cerâmica de vários períodos históricos. A área dos achados fica localizada na terra indígena Xokó.

Gilson Rambelli, arqueólogo e integrante da equipe de mergulhadores, conta que o naufrágio pode ser de uma canoa de tolda, embarcação típica da região. “Viemos investigar, pois desde a última FPI recolhemos relatos de que aqui havia um naufrágio, inclusive porque peças haviam sido retiradas do fundo do rio. Durante a FPI, foram feitas as primeiras imagens subaquáticas do sítio arqueológico e os primeiros desenhos esquemáticos do local”, detalhou.

Próximo ao local do naufrágio existe um sítio depositário, com restos de cerâmica de várias épocas. “São peças que caíram ou foram jogadas no rio. Também existe a possibilidade de o rio ter mudado de curso e coberto ocupações ribeirinhas”, detalha o arqueólogo Leandro Duran, integrante da equipe. Ele explica que os dois sítios são integrados e não podem ser analisados isoladamente.

Segundo o arqueólogo Paulo Bava de Camargo, também integrante da equipe de mergulhadores da FPI, muitas das cerâmicas encontradas foram feitas pelos indígenas, mas não eram de uso exclusivo deles. “Eram peças para serem comercializadas”, explica. Para o arqueólogo, que também é professor da UFS, esses achados permitem entender melhor a inserção indígena na sociedade pré-colonial, colonial, imperial e até mesmo no início da República. “Os achados arqueológicos no rio São Francisco são muito ricos por que nos permite entender qual foi a modificação em termos de produção cerâmica no decorrer da história, e dessa forma poder fazer uma conexão entre os povos antigos e as comunidades que atualmente vivem às margens do rio”.

Próximos passos

Os achados serão registrados como sítios arqueológicos no Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan). “Também planejamos realizar um estudo sistemático do local, pois este momento foi apenas um primeiro contato, um registro dos sítios”, afirmou.

Ancestralidade e preservação

O cacique Bá, da tribo Xokó, acompanhou de perto os trabalhos dos arqueólogos na terra indígena. “Essas descobertas são muito importantes para o nosso povo, pois só vieram enriquecer o nosso passado e a nossa história, já que são uma prova de que nossos antepassados viveram aqui”, enfatizou.

O arqueólogo Gilson Rambelli destacou ainda o nível de preservação do rio São Francisco na área. “Eu tenho mergulhado de Xingó à foz do rio e não vi nenhum local com tanta visibilidade na água e com tantos peixes e vida embaixo d’água”, afirmou.

Já a procuradora da República e coordenadora da FPI/SE, Lívia Tinôco, destacou a importância da presença das comunidades tradicionais na preservação do rio. “Ao lado da terra indígena, temos a comunidade quilombola Mocambo. As atividades de pesca e agricultura que eles desenvolvem são sustentáveis e garantem a sobrevivência do rio. A vida e a história dessas comunidades estão intimamente ligadas ao São Francisco”, enfatizou.

Arqueologia subaquática na FPI/SE

Antes da FPI, Sergipe não tinha nenhum sítio arqueológico subaquático do Rio São Francisco cadastrado no IPHAN. Ao longo dos três anos do Programa, já foi possível identificar e cadastrar cerca de 20 sítios. “A FPI, com articulação e apoio de vários órgãos, nos permitiu mergulhar no Baixo São Francisco, de Canindé à foz do rio. As descobertas dos 20 sítios vão proporcionar muitos anos de estudos arqueológicos e nos colocar como referência por estarmos trabalhando no universo fluvial, o que é algo novo no Brasil”, comemora Rambelli.

Fonte: FPI/SE

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