Historiador aponta erro sobre renda irlandesa em estande no Arraiá do Povo
Amâncio Cardoso lembra que o patrimônio imaterial é a técnica, não o produto em si Cotidiano | Por Monica Pinto 05/06/2023 19h53 - Atualizado em 05/06/2023 20h19O historiador sergipano Amâncio Cardoso publicou um vídeo em seus perfis nas redes sociais no qual aponta um equívoco sobre a renda irlandesa no estande do Museu da Gente Sergipana instalado no Arraiá do Povo, na orla da praia de Atalaia, em Aracaju.
Depois de elogiar a decoração do espaço, que classifica como linda, ele aponta: “Só que tem um problema, pessoal, está dizendo ali ‘Renda Irlandesa – Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil’. Não é a renda irlandesa que é o patrimônio cultural e imaterial do Brasil, é o modo de fazer renda irlandesa, quem detém o patrimônio cultural é a rendeira e aqui não fizeram homenagem à rendeira, portanto há um erro de conteúdo nesta sala”, diz Amâncio no vídeo.
“A sala está linda, bem decorada, com o produto na parede, como artesanato. O artesanato é um bem cultural, mas o patrimônio cultural imaterial é o saber fazer, quem detém as técnicas, a rendeira. Faltou aqui a rendeira, nossa grande personagem do artesanato sergipano”, completa.
F5 News procurou o historiador para obter mais informações e ele explicou que, desde 2009, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ligado ao Ministério da Cultura, registrou o bem no chamado Livro dos Saberes.“Qual bem? O ofício, o modo de fazer renda irlandesa. O ofício de saber fazer é o bem registrado - a gente não pode dizer tombado porque é imaterial, daí se usa registrado. O bem material é um produto desse saber”, disse ao portal.
“A gente pode dizer que a renda irlandesa é um bem que representa a rendeira. Mas se você quer homenagear num estande, numa exposição, esse patrimônio cultural imaterial, registrado como patrimônio cultural brasileiro, você tem que mostrar o modo de se fazer renda, o ofício, os saberes que elas dominam, as rendeiras, e não pregar o artesanato na parede e dizer que aquilo ali é patrimônio cultural e imaterial”, comentou ainda Amâncio Cardoso.
O historiador sugere que se promova, no estande, alguma espécie de “educação patrimonial”, por vídeo, foto ou ao vivo, mostrando como se faz a renda irlandesa, típica do municipio de Divina Pastora. “A exposição é bem frequentada, vai ser esse mês todo porque tem muitos turistas na cidade, os aracajuanos frequentando também o Arraiá. Está tudo muito bonito, mas falta esse olhar mais cuidadoso”, disse ao F5 News.