Por Fernanda Araujo

Uma casa abandonada há cinco anos tem tirado o sossego de moradores da rua Itabaiana, na região do bairro São José, em Aracaju (SE). Segundo um internauta que fez denúncia ao F5 News, o local está cheio de mato, com restos de material de construção e objetos que podem acumular água. As fotos cedidas por ele, que preferiu não ser identificado, mostram a área que pode servir para criadouro de mosquito Aedes aegypti.

Essas situações são flagradas rotineiramente pelos aracajuanos. Segundo a Coordenadoria do Programa Municipal de Combate à Dengue, Zika Vírus e Febre Chikungunya, o último levantamento realizado, na semana passada, constatou 423 denúncias na Ouvidoria da Saúde sobre dengue, entre dezembro e janeiro.

A coordenadora, Taíse Cavalcante explica que a quem recorrer vai depender de cada problema detectado. Em casos de sujeiras, ou seja, terrenos e casas com mato e lixo, o cidadão deve procurar a secretaria responsável, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), através da Emsurb, notifica, multa e manda fazer a limpeza do local. Sobre focos do mosquito em casas abertas ou fechadas, e pessoas adoecidas por Dengue, Zica ou Chikunguya, liga diretamente para a Ouvidoria da Saúde no 156. Pelo contato passa o endereço, a situação é encaminhada à Vigilância Epidemiológica e os agentes vão ao local denunciado.

“Foi a partir do decreto municipal, de 30 de novembro, em que o secretário da saúde solicitou que denúncias de dengue fossem feitas para a Ouvidoria, para ter controle e ter resposta adequada à população”, explica Cavalcante.

Na última segunda-feira (1), o governo federal publicou medida provisória que permite o ingresso forçado de agentes de saúde em imóveis públicos ou particulares abandonados para ações de combate ao mosquito. O texto autoriza a entrada do agente em casas onde o proprietário não esteja para garantir o acesso e quando isso se mostre ‘essencial para contenção de doenças’.

A medida tem alguns critérios, por exemplo, prazos para entrar em contato com o proprietário para que a ação aconteça.“Tivemos reunião com todas as secretarias do município para a gente ver como vamos realizar essas ações. A medida tem várias definições, se for área de risco para o programa da dengue risco está relacionado a índice de infestação predial. Nos municípios onde não tem lei própria definida essa medida realmente facilita, mas Aracaju tem a portaria que define qual o processo em uma casa, combinando com uma ordem judicial”, explica.

No entanto, as pessoas devem saber o que denunciar para não atrapalhar o trabalho dos agentes, diz a coordenadora. São denúncias em que o próprio cidadão pode colaborar no controle. “As pessoas ligam para falar ‘eu tenho um balde em minha casa que está cheio de larva, eu quero que um agente venha aqui para eliminar’. A gente faz orientações por telefone. Outra coisa: estamos vendo até briga de vizinho. 90% do cuidado em relação à proliferação do Aedes dizem respeito ao tratamento e eliminação mecânica, que é retirar aquela condição que está levando ao acúmulo de água: pneu a céu aberto; água de ar-condicionado acumulada; cobrir um ralo”, exemplifica.

Combate

Em dezembro de 2015, 44.229 mil casas foram visitadas pelos agentes, mas em 14.337 mil eles não conseguiram entrar porque estavam fechadas no momento da visita. Ao todo, entre casas fechadas e abertas, são 58.566 mil. No mês passado, foram 114.738 mil imóveis visitados, desses 857 imóveis com focos do mosquito, um índice de infestação de 0,7. “Em janeiro encontramos fechadas 43.948 mil casas. Esse somatório dá um total de 158.686 mil imóveis. Esse índice que encontramos em janeiro é de baixo risco. No início de janeiro o LirAa apontou que Aracaju estava com 1.2, médio risco ou alerta”, resume Taíse Cavalcante.

Foto principal e 1: Internauta

Foto 2: PMA/arquivo F5 News