Luta pela vida: problemas no SUS complicam tratamento contra o câncer | F5 News - Sergipe Atualizado

Outubro Rosa
Luta pela vida: problemas no SUS complicam tratamento contra o câncer
Seguro de vida tem coberturas específicas que ajudam as pessoas a tratar doenças graves
Cotidiano | Por Aline Aragão e Will Rodriguez 30/10/2018 06h40 - Atualizado em 30/10/2018 10h07


O que você faria se recebesse o diagnóstico de uma doença grave? E se você tiver um filho que depende apenas de você? Mesmo para quem não tem filho, imaginar uma situação como essa é aterrorizante. E foi o que aconteceu com a auxiliar de escritório Izabel Garcia, de 36 anos, quando soube que estava com câncer de mama.

A aracajuana descobriu a doença aos 33 anos depois de apalpar o seio e sentir um pequeno caroço, do tamanho de uma ervilha. “Não dei muita atenção, mas cheguei a fazer uma punção e a médica disse que não era nada, então relaxei. Mas depois de um ano veio o diagnóstico de câncer de mama”, lembra Izabel.

Com a confirmação vieram mais exames e não demorou até fazer a primeira cirurgia para retirada do nódulo e mais uma para o quadrante. Ela ainda tinha pela frente a quimioterapia e a radioterapia.

Izabel conta que o primeiro impacto foi bastante ruim, mas pensou no filho, que à época tinha 14 anos, e buscou se apegar a coisas boas. “Acho que no fundo eu já sabia, e sabia também que o Senhor não ia me deixar desanimar, então fiquei menos assustada que minha família”, disse.

Os pesquisadores alertam que o câncer avança a cada ano e, com a manutenção dessa trajetória, em pouco mais de uma década as neoplasias serão as responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil.

Apesar das dificuldades e do sofrimento que a doença causa ao paciente e aos familiares, a situação da Izabel é bem diferente da vivida pela grande maioria de pacientes, homens, mulheres e crianças que enfrentam a doença através do Sistema Único de Saúde (SUS) em Sergipe.

Quem depende do tratamento na saúde pública no Estado enfrenta uma verdadeira via-crúcis com a falta de medicamentos, demora na realização de exames, falta de leitos e equipamentos que não funcionam, com isso, o número de mortes tende a crescer, já que a doença não espera.

Segundo a presidente e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Steagall, o aumento da mortalidade pela doença está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. “Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente”, pontua.

A fala da mentora da Abrale explica bem a urgência com que se deve tratar os pacientes oncológicos e deixa claro que quanto mais precário for o tratamento, mais difícil será a cura.

De acordo com Grupo Mulheres do Peito, que acolhe pacientes oncológicas em Sergipe, entre 2014 e 2018, vinte integrantes morreram, a maioria com tratamento interrompido. Uma situação que poderia ser evitada com adequações no fluxo de atendimento, conforme avaliação da mastologista Paula Saab, titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) que há 15 anos acompanha a rede de atenção oncológica no país.

A intenção do governador reeleito de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), é conseguir tirar do papel o projeto de construção do Hospital do Câncer, planejado desde 2013, ainda que em dimensões menores. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o projeto do edital lançado em setembro está orçado em torno de R$ 85 milhões, cerca de R$ 41 milhões a menos que no projeto anterior. O início da obra, porém, ainda não tem prazo definido.

Alento

Quase três mil pessoas, entre crianças, adultos e idosos, que fazem tratamento contra o câncer em Sergipe são assistidas por casas de apoio, as quais, por sua vez, acabam assumindo responsabilidades que são do Poder Público, como a realização de exames e a compra de medicamentos. Um suporte que representa muito para quem luta pela vida.

“Sem as casas de opoio o tratamento oncológico pediátrico em Sergipe não existiria. Se o GACC ou Avosos fechar as portas, eu sou o primeiro a pedir para sair”, afirma o médico oncologista pediátrico Venâncio Gumes Lopes, que trabalha no maior hospital público de Sergipe.

O Grupo de Apoio a Crianças com Câncer (Gacc) atende hoje 63 crianças com idades entre 0 e 16 anos, além de prestar assistência aos familiares que, muitas vezes, vêm do interior do Estado e não têm onde ficar enquanto o tratamento é realizado.

Segundo o diretor de comunicação do Grupo de Apoio, Fred Gomes, a grande dificuldade é a falta de compromisso dos órgãos públicos, seja na realização de exames, no fornecimento de medicamentos, ou na oferta de um tratamento digno.

Fred explica que, no caso de exames de alta complexidade como pet scan e ressonância, por exemplo, as casas de apoio acabam assumindo o papel do Estado, e até mesmo os médicos e profissionais da oncologia já fazem o encaminhamento direto para essas entidades, na certeza de que terão a resposta em tempo hábil.

“Para você fazer um exame desse pelo Estado demora mais de meses e o câncer não espera. Os médicos pedem um tempo resposta de 15 dias de retorno, entre a solicitação do exame e o retorno da criança, e o poder público não faz isso. Se não fossem as casas de apoio, não sei o que seria dessas crianças, o número de óbitos com certeza aumentaria”, afirma Fred.

O diretor reclama ainda das dificuldades para manter o tratamento dos pacientes, com a falta de medicação e até mesmo de estrutura nos leitos de internamento como apartamentos sem ar condicionado e com macas e poltronas velhas. “Faltam também insumos, materiais básicos. Para você ter ideia, a gente compra até agulha para que a criança possa receber o sangue”, cita.

A Associação Amigos da Oncologia (AMO) possui atualmente em cadastro ativo 2.444 pessoas com câncer beneficiadas. Todos são usuários do Sistema Único de Saúde e estão em tratamento do câncer (quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, cirurgia) no Hospital de Cirurgia, no Huse, no Hospital Universitário ou estão em controle da doença. Desse total, 1.717 são mulheres e 727 são homens, jovens, adultos e idosos.

Segundo a direção da entidade, os tipos de câncer prevalentes entre o público assistido são mama (880 pessoas), útero (263 mulheres), próstata (249 homens), pulmão (106 pessoas) e reto (104 pessoas).

Só no primeiro semestre, de janeiro a junho, a AMO acolheu 157 novos pacientes, mantendo uma média de 26 casos novos por mês.

Porto Seguro

Apesar de ser bastante procurado por aqueles que querem garantir tranquilidade para si ou para familiares em caso de morte natural ou acidental, os seguros de vida também oferecem coberturas adicionais que podem ser acionadas ainda em vida pelo segurado.

Invalidez, incapacidade parcial e diagnóstico de doenças graves são algumas das situações que permitem que o usuário receba o valor contratado em sua apólice, como aconteceu com a Izabel que conseguiu custear as despesas do tratamento graças ao seguro.

Ela diz que, quando descobriu a doença, nem lembrava que podia contar com o seguro e foi alertada por uma amiga. “É difícil pensar nisso no momento, eu só me preocupei com a doença, mas uma pessoa que trabalhava comigo me orientou a olhar se eu tinha contratado essa cláusula e foi a melhor coisa que me aconteceu”, avalia.

Com o seguro Izabel pagou os e exames e é esse dinheiro que está ajudando nas despesas até hoje. “Se eu não tivesse o seguro teria muitas outras preocupações”, afirma.

Quando se fala em seguro de vida, muita gente pensa logo que vai precisar desembolsar uma fortuna todo mês, mas não é bem assim. Izabel disse que pagava em torno de R$ 50 por mês e não teve nenhuma dificuldade na hora de acionar a seguradora.

Depois de fazer o primeiro contato ela recebeu um e-mail da seguradora e enviou pelos Correios toda documentação solicitada, comprovando a doença. Em menos de dois meses, recebeu o valor total do prêmio contratado. “Se eu pudesse faria com que todas as pessoas que conheço fizessem um seguro de vida. E já tinha esse pensamento mesmo antes de receber o valor do prêmio. Costumo falar sobre meu exemplo. E continuo fazendo meu seguro sempre. Nunca vou deixar de fazer. Mesmo sem a cobertura temporária para essa cláusula”, declarou Izabel que acabou o tratamento e espera a liberação do médico para voltar ao trabalho.

De acordo com a corretora de seguros Ane Venceslau, esse tipo de cobertura não obrigatória fica a critério do cliente, mas como a diferença de valor é pequena, muita gente opta por contratar com a cobertura. Ela orienta que, na hora de contratar qualquer seguro, o ideal é procurar um corretor.

“O corretor vai traçar o perfil do cliente e apresentar as propostas de acordo com as necessidades dele. É quem vai intermediar o contato com a seguradora, que estará disponível para eventuais dúvidas e que pode, inclusive, acionar o seu seguro em caso de sinistro ou outras coberturas opcionais dentro do contrato”, explica Venceslau.

Anne acrescenta que o seguro oferece cobertura necessária em casos de AVC, câncer, infarto e Alzheimer, por exemplo. Segundo ela, ao contratar com o corretor de seguros, o cliente terá um leque de opções e poderá comparar valores, produtos e serviços prestados, além de ter uma pessoa com quem contar na hora do eventual sinistro sem que precise resolver tudo sozinho.

Em alguns contratos, o montante pago em caso de doença grave não é abatido do valor que deverá ser pago em caso de morte. Na cobertura de diagnóstico de doença graves oferecida por outras seguradoras, após receber o diagnóstico, o segurado tem direito à antecipação de 50% da cobertura básica.

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