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Mães de alunos lamentam continuidade da greve
Cotidiano 12/08/2011 13h19


A greve dos professores da rede municipal de ensino completou 60 dias, na última quinta-feira, dia 11. Embora a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) venha negociando com a categoria desde antes do início da paralisação, o sindicato da classe segue irredutível. Enquanto os professores não voltam às salas de aula, mães dos mais de 28 mil estudantes prejudicados lamentam a continuidade da greve e a resistência da categoria.

Mãe de uma criança especial de cinco anos que estuda na Escola Municipal de Ensino Infantil Maria Berenice Campos, no bairro Coqueiral, Andréia Rodrigues Santos diz que muitas mulheres estão perdendo dias de trabalho para cuidar dos filhos nos horários em que eles deveriam estudar. "A greve está nos prejudicando muito, porque ficamos sem saber o que fazer com os meninos. Minha filha fica agitada, estressada quando está em casa sem fazer nada. O desagrado com a greve é geral", relata a dona de casa.

Ela acrescenta que muitas mães têm medo de que os filhos acabem perdendo o ano com a demora no retorno das aulas e a proximidade do final do ano. "Quem mais sofre o impacto são as mães e as crianças. A escola é um lugar seguro, a gente fica mais tranquila quando eles estão lá do que se ficarem na rua brincando o dia todo", diz.

É justamente a proximidade do final do ano que deixa a situação mais crítica na opinião de Fabiana Santana Rosa, que têm três filhos estudando na Escola Municipal de Ensino Fundamental Costa Melo, no bairro Siqueira Campos. "Estou achando péssima essa situação. As crianças todos os dias perguntam quando vão voltar a estudar, porque também estão preocupadas em perder tantas aulas", diz.

Fabiana está levando os filhos para o bar onde trabalha, pois eles não têm com quem ficar em casa. "Os professores podem reivindicar seus direitos, mas têm que se lembrar dos estudantes também. Tenho medo que meus filhos reprovem. Não posso nem transferi-los de escola porque ainda faltam algumas provas", lamenta.

Preocupação

"Um absurdo. Nunca tinha visto isso antes e acho insustentável essa situação", diz Maria Conceição Farias, mãe de uma estudante de 13 anos da Escola Anísio Teixeira, localizada no bairro Atalaia. Bastante preocupada, a dona de casa está receosa pelo desempenho da sua filha, que teve significativa melhora este ano, mas corre o risco de se desestimular e ter dificuldades de aprendizado por conta da falta de aulas.

"Minha filha está atrasada na escola, mas milagrosamente este ano ela começou a apresentar grandes avanços no estudo. Todos os dias, eu a vejo se lamentando e repetindo baixinho que gostaria que as aulas voltassem logo. Meu temor é que todo esse progresso seja prejudicado se os professores não retornarem logo para as escolas. Afinal, se olharmos o calendário, já estamos em meados de agosto, daqui a pouco o fim do ano letivo chega e metade do assunto não será dado", diz inconformada.

Diariamente, Maria Conceição vê várias crianças chegando à escola e dando de cara com os portões fechados, em virtude da falta de professores. "A expressão de frustração e desânimo se repete no rosto dos estudantes, mas insistentemente eles voltam e tentam encontrar a escola aberta e funcionando com o fim da greve", descreve Conceição.

Piso

Apesar de divulgarem que estão lutando pelo cumprimento da lei do piso do magistério, nenhum dos mais de 1.700 professores do município recebe salário inferior ao piso nacional. De todo o contingente de docentes, apenas 3% deles (51 profissionais), que têm nível médio e jornada de 40 horas semanais, recebem R$ 1.178, valor correspondente ao piso.

Os demais recebem valores superiores, sendo que a média salarial é de R$ 3,5 mil, chegando a R$ 6,5 mil no fim da carreira. Para marcar sua posição diante do assunto, a Prefeitura de Aracaju está divulgando amplamente um comunicado em que assevera o compromisso com os professores e alerta para o prejuízo que a greve traz para milhares de estudantes e suas famílias.

Negociações

Na última reunião entre o prefeito Edvaldo Nogueira e o Sindicado dos Profissionais de Ensino do Município de Aracaju (Sindipema), ocorrida há uma semana, houve uma nova rodada de negociações em que foi proposta a criação de uma comissão que estudaria a definição de uma nova política de cargos e salários. Mas, de acordo com o secretário municipal de Finanças, Jeferson Passos, os professores rejeitaram essa posição.

"Eles pediram, o município dialogou, mas a categoria se nega a negociar. Não querem sentar e discutir como o prefeito propôs. A prefeitura já cumpre o que a lei determina. Concedemos um reajuste de 15,87% aos que se encontram no início da carreira e reajustamos em 6% o salário dos demais, mesmo índice aplicado aos demais servidores. Eles querem mais do que o que a lei prevê", analisa o secretário.

Inviabilidade

Jeferson Passos acrescenta que a aplicação de um mesmo índice de reajuste para todos os docentes é um pleito adicional da categoria e que o município não tem condições de atender. Isto porque a Prefeitura já atende a outras reivindicações, como a melhoria das condições de infraestrutura das unidades de ensino, de trabalho e compra de equipamentos.

"Tudo isso tem o objetivo de melhorar a qualidade do ensino público e valorizar o professor. Para atendermos a esse pleito teríamos que parar as reformas e carrear os recursos. A folha de pagamento consome 90% dos recursos do Fundeb", detalha o secretário.

Solução

O secretário municipal de Educação, Antônio Bittencourt Junior, reforça que a administração municipal sempre esteve aberta à negociação e ao diálogo para que se chegue a uma solução. Bittencourt ressalta que desde o início da greve já foram realizadas cinco reuniões, sendo duas delas com a presença do prefeito Edvaldo Nogueira. Para ele, essa é uma prova do respeito com que a categoria é tratada e do esforço para encontrar uma saída.

"Entendemos que em um processo de negociação como esse é necessário haver cessão de alguma parte, mas o sindicato está irredutível. A interpretação deles e a nossa acerca do pagamento do piso é divergente. Nós pagamos o piso como a lei determina. Nenhum professor ganha menos que o valor estipulado", assegura o secretário.

Bittencourt diz, ainda, que é necessário atender ao apelo de pais e estudantes para que as aulas voltem à normalidade. "Os maiores prejudicados são os alunos e suas famílias, que acabam tendo suas rotinas alteradas. Queremos dialogar", afirma o secretário municipal de Educação.

Desfile cívico

O secretário lamenta o boicote ao desfile cívico da rede municipal de ensino, marcado para o dia 28 deste mês, mas garante que o evento ocorrerá normalmente. "Achamos estranha essa posição dos professores, que são comprometidos com a formação, com o civismo e com o respeito aos símbolos nacionais. É um ato que agride a história e o civismo do povo de Aracaju. Mas estamos trabalhando para que o desfile aconteça normalmente", avisa.

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