Uma das campanhas de saúde do terceiro mês do ano é dedicada à conscientização e ao combate do câncer de colo de útero: o Março Lilás. A doença é o terceiro tipo de câncer de maior incidência entre as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A previsão é que, em 2023, sejam registrados 483 mil novos casos de câncer no Brasil, dos quais 17 mil serão de colo de útero.

Agência Aracaju/Reprodução

Apesar de ser uma doença recorrente, os riscos podem ser mitigados por meio da vacinação. Isso se faz necessário, já que, no Brasil, a incidência desse tipo de câncer está acima da média mundial em 4 das 5 regiões brasileiras. No Nordeste, é o segundo tipo mais encontrado na população, a estimativa é de 17,59 mil casos a cada 100 mil mulheres. 

O câncer de colo de útero é totalmente associado à figura feminina, já que o órgão só existe em mulheres. Porém, a prevenção passa pelo cuidado dos homens, já que os principais causadores da enfermidade são as categorias mais prevalentes do papilomavírus humano (HPV), transmitido através da relação sexual. Isso denota a importância dos homens procurarem a vacinação, como forma de prevenção pessoal, já que evitam verrugas genitais e prejuízos estéticos, por exemplo, mas também coletiva.

Para o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico”, composto por partes que interagem entre si. Assim, mulheres e homens devem trabalhar juntos em prol de uma causa: a qualidade de vida pela erradicação do vírus HPV.

“Vacinar os meninos também é uma medida importante para ampliar a proteção às futuras mulheres e interromper o contágio. Com a população imunizada, a expectativa é que a incidência diminua, até a possível erradicação da doença, quando causada pelo HPV”, explica a médica Angélica Nogueira Rodrigues, PhD em oncologia clínica e com pós-doutorado em oncologia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. 

O vírus do HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), que se propaga através da pele ou via mucosas (oral, genital ou anal). Quando apresenta lesões iniciais não tratadas precocemente, elas podem evoluir para câncer, principalmente no colo do útero.

A vacina é sinônimo de prevenção e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país para crianças de 9 a 14 anos. Vale ressaltar que, quando diagnosticada na fase inicial, a doença possui alto índice de chance de cura. Em 2012, 17.139 pessoas foram vacinadas contra o vírus HPV em Aracaju. Já em relação ao número de casos, foram registrados 433 entre 2018 e 2021, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. 

Para acelerar a eliminação da circulação do vírus e garantir a segurança, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe diversas metas a serem alcançadas até 2023. Entre elas, consta a imunização contra o HPV de 90% das crianças com 15 anos. Porém, uma pesquisa realizada pela Fundação do Câncer revelou que todas as capitais brasileiras estão com a vacinação abaixo do esperado pelo Programa Nacional de Imunização e pela OMS.