MP apura lavagem de dinheiro e superfaturamento no Cirurgia | F5 News - Sergipe Atualizado

Aracaju
MP apura lavagem de dinheiro e superfaturamento no Cirurgia
Irregularidades foram identificadas na compra de medicamentos e produtos hospitalares
Cotidiano | Por F5 News 19/12/2018 13h00 - Atualizado em 19/12/2018 14h26


O Ministério Público de Sergipe ainda contabiliza o prejuízo causado aos cofres do Hospital Cirurgia, unidade filantrópica de Aracaju, que está sob intervenção judicial após o afastamento de toda a diretoria administrativa e financeira. O MP apura se houve lavagem de dinheiro e superfaturamento de medicamentos e produtos hospitalares.

Na segunda fase da operação Metástase, equipes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram seis mandados de busca e apreensão na capital sergipana em endereços residenciais e empresariais, com o objetivo de apurar fraudes em contratos celebrados pela Fundação de Beneficência Hospital Cirurgia desde 2012.  

Seis pessoas, até então gestores do hospital - o empresário Rodrigo Dória e um contador das empresas Comex Medicamentos e Medipro Comércio [aberta no final de 2017] Valmir Medrado, fornecedoras de produtos hospitalares - foram os alvos da ação.

Está sendo investigada a relação dessas empresas com os gestores afastados, já que foram constatados, segundo o MPE, pagamentos de contas particulares de uma das fornecedoras ao ex-chefe de compras do hospital.

“Pela segunda vez foram feita buscas e apreensão na residência do ex-chefe do setor de compras, André Ricardo. Na primeira constatamos que uma empresa fornecedora do hospital pagava contas particulares dele, como colégio do filho, plano de saúde, água, energia. Por essa razão instauramos o procedimento. Realizamos novas buscas, infelizmente ele já tinha tirado grande parte da documentação, mas temos como saber quais foram efetivamente as contas pagas”, afirmou o diretor do Gaeco, promotor Bruno Melo.

O MP investiga se houve superfaturamento de medicamentos e produtos hospitalares e se, de fato, os produtos foram fornecidos ao hospital.

 Conforme apurado nas investigações, através da emissão de notas fiscais, a tabela de preços dos produtos fornecidos ao Cirurgia era superior em relação a outros hospitais. A prática também teria ocorrido na gestão do médico Gilberto Santos, também investigado.

“Vamos investigar o porquê de haver diferença de preços entre o fornecimento por essas mesmas empresas ao hospital e outros contratantes particulares alheios ao Cirurgia em preços diversos. A gente não tem dúvida que essas empresas são coordenadas pelas mesmas pessoas”, declarou a promotora Luciana Duarte.

Mesmo após a primeira operação, o MP identificou ainda que a direção do hospital tentou fazer um documento autorizando pagamento de débitos à vista em mais de R$ 2 milhões para a Comex, registrada no nome de uma 'laranja', que em depoimento nesta quarta-feira (19) negou ser a proprietária e é beneficiária do Bolsa Família.

De acordo com o promotor, é possível que as empresas tivessem sido criadas para lavagem de dinheiro e desvio de recursos do hospital.

“Dois dias após as buscas foi feito um Termo de Confissão de Dívida às pressas. Eu apresentei esse termo à senhora e ela confirmou que não foi à sede do hospital, não assinou o termo no hospital e não teve nenhum encontro com o Milton Santana [então diretor do Cirurgia], mas que o pai dela, o contador, pediu que assinasse. Ela disse que só emprestou o nome, não tinha gerência nenhuma e recebia R$ 1.500 por mês do dono da empresa Medipro para emprestar o nome dela à  Comex”, ressaltou o promotor.

O Termo de Confissão de Dívidas teria sido feito para comprovar o débito do hospital com as empresas por produtos fornecidos desde 2014 até o momento, porém, de acordo com Bruno Melo, nem a comprovação e nem o pagamento seria possível devido às condições financeiras do hospital e por toda a documentação contábil e computadores estarem em poder do Gaeco.  

“Houve um incremento no crime, causou um prejuízo muito maior ao Cirurgia. Existem multas exorbitantes nesse termo de confissão, já existem duas execuções judiciais contra o hospital requerendo o bloqueio das contas. O GAECO vai se habilitar nessas execuções e entrar com ações para anular esses termos lesivos ao patrimônio do hospital”, explicou Bruno Melo.

Mandado de prisão negado

Os promotores chegaram a pedir a prisão preventiva dos investigados, mas os mandados que estão sob sigilo foram indeferidos pela Justiça, entendendo ser desnecessária a prisão tendo em vista o afastamento dos gestores do hospital. O MP vai recorrer.

“A prisão é necessária porque quando se tem ciência da prática do crime tem que ter um efeito paralisante. Esperamos que algum desembargador concorde com os argumentos do Ministério Público e decrete prisão”, informou Melo.

“A gente reputa que é uma organização criminosa. Esse pedido de prisão foi relacionado a algumas pessoas que o MP entende que integra essa organização e lesou os cofres do hospital Cirurgia”, disse a promotora Luciana Duarte. Ainda há possibilidade de novos desdobramentos da Operação Metástase. 

O F5 News está à disposição dos citados, através do email jornalismo@f5news.com.br.

Mais Notícias de Cotidiano
Defesa Civil
15/05/2024  20h43 Governo faz relatório buscando soluções de problemas das chuvas em Sergipe
Zezinho Sobral foi aos municípios de Laranjeiras, Riachuelo e Maruim
Divulgação
15/05/2024  19h00 CASACOR Sergipe anuncia datas de sua quarta edição
Casa cedida pela Constren Engenharia vai abrigar 34 ambientes em dois pavimentos
Ilustrativa
15/05/2024  18h12 Suspeito de estupro de vulnerável é preso em Riachão do Dantas
Segundo o delegado, a relação entre o suspeito e a vítima foi consensual na época
Daniela Luquini/ Apex Brasil
15/05/2024  18h06 "Somos gigantes na matriz energética", destaca Fábio na Comissão da União Europeia
Diálogo sobre potencial do Nordeste no processo de transição energética avança
PRF/ Reprodução
15/05/2024  18h05 PRF fiscaliza ônibus escolar adulterado na BR-101 em Nossa Senhora do Socorro
O veículo, que estava com a placa alterada, não era o mesmo cadastrado na consulta

F5 News Copyright © 2010-2024 F5 News - Sergipe Atualizado