Mulheres são maioria nos jogos eletrônicos, mas ainda convivem com machismo | F5 News - Sergipe Atualizado

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Mulheres são maioria nos jogos eletrônicos, mas ainda convivem com machismo
Pesquisa aponta que a maior parte das que jogam não se identifica como "gamer"
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 08/03/2023 19h00 - Atualizado em 09/03/2023 09h45


Os jogos eletrônicos estão presentes no dia a dia da maioria da população brasileira. Foi o que revelou a 9ª edição da Pesquisa Game Brasil, que ouviu mais de 13 mil pessoas de todos os estados do país e apontou que, em 2022, 74,5% dos brasileiros tinham o hábito de jogar no ambiente virtual.

Outro dado que chama atenção no levantamento é que a maior parte desse grupo - 51% - é formado por mulheres. Contudo, apenas 45,1% destas se consideram “gamers”. Enquanto isso, 55,6% dos homens se identificam como parte desse grupo.

Da tradução literal da língua inglesa, “gamer” significa “jogador”. Atualmente, o termo é utilizado para se referir tanto a aqueles que jogam por lazer, quanto às pessoas que se dedicam à carreira profissional dos jogos eletrônicos.

Os resultados obtidos na Pesquisa Game Brasil indicam que, apesar de serem maioria nesse meio, a maior parte das mulheres não se sente parte dessa comunidade. E aquelas que batem no peito para se autointitularem mulheres “gamers” muitas vezes acabam convivendo com o machismo e a misoginia.

É o que relata a biomédica Odara Santana, de 25 anos, que tem jogos como Valorant, League of Legends, Ori and the Blind Forest e Cult of the Lamb presentes em seu cotidiano. Gamer há pouco mais de uma década, ela contou ao F5 News que, durante essa longa jornada, acabou vivenciando diversas situações desse tipo, chegando a ter receio de se identificar como mulher durante as partidas.

“Dentro de jogo, se você é uma mulher, você tem medo de falar no voice e tomar rage. Se fizer uma jogada errada, vão te mandar lavar louça. Se você faz um clutch, perguntam se botou alguém pra jogar no lugar. Situações como essas são corriqueiras”, lamentou.

Glossário:

Rage: em tradução livre da língua inglesa, significa “raiva”; no meio gamer, quer dizer que algum jogador ficou muito irritado durante o jogo.
Voice: literalmente, o microfone; gamers costumam se comunicar por chamadas de voz durante as partidas.
Clutch: jogada considerada bastante difícil de ser realizada, que ocorre quando um jogador é o último integrante vivo em seu time e consegue vencer os adversários, que estão em maior número.

A gamer afirmou que esses casos se tornaram ainda mais frequentes quando ela passou a transmitir as partidas em plataformas de streaming. “O machismo é presente no meio, mesmo quando existem diversas ações e eventos mostrando que não existe uma necessidade de ter esse pensamento”, ponderou Odara.

Entretanto, ela acredita que essa realidade vem melhorando ao longo dos anos, especialmente pelo fato de as empresas de jogos estarem mais atentas a essas situações, inclusive banindo jogadores que apresentem comportamentos machistas e misóginos.

“O cenário era totalmente diferente há 4 anos. Hoje temos campeonatos, eventos e o reconhecimento que não tínhamos antes. Mulheres como Babi Micheletto, Maria Fogueta, Lahgolas e Rafa Tomasi inspiram milhares de mulheres que sonham em estar presentes não apenas como jogadoras, mas também como casters, narradoras, comentaristas, analistas”, detalhou.

Às vezes, essa mudança também vem dos próprios jogadores homens, que também acabam sofrendo as consequências do machismo. “Quando situações acontecem em partidas, alguns tomam partido e te defendem, enquanto outros chamam de ‘gado’ apenas por alguém estar sendo decente”, exemplificou.

Nesse sentido, Odara acredita que situações como essa ocorrem pelo fato de que, desde a infância, jogos são considerados “coisa de menino”. “Estamos lutando e seguindo em frente em meio às dificuldades que nos são impostas. O negócio é não desistir e, já que estamos aqui, não vamos sair”, avisa.

Edição de texto: Monica Pinto
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