Não gosta do cardápio digital? Você pode exigir o impresso | F5 News - Sergipe Atualizado

Direito do consumidor
Não gosta do cardápio digital? Você pode exigir o impresso
Além de não ser querido por alguns, o cardápio em QR Code pode ser pouco acessível
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 20/04/2023 14h26 - Atualizado em 20/04/2023 14h38


Durante a pandemia de Covid-19, tornou-se comum que muitos bares, lanchonetes e restaurantes passassem a disponibilizar um cardápio digital em detrimento dos modelos físicos, como medida de segurança contra a proliferação da doença. Contudo, mesmo com o fim das restrições relacionadas à covid, alguns desses estabelecimentos, inclusive na capital sergipana, não voltaram a oferecer o cardápio físico aos seus clientes, o que é motivo de insatisfação para parte deles.

Normalmente, os cardápios digitais funcionam por meio do QR Code, uma espécie de código de barras que pode ser escaneado com a câmera do celular e direciona o usuário a determinado conteúdo. Para a biomédica Fernanda Ferrão, de 26 anos, esse tipo de tecnologia não proporciona a mesma experiência que os cardápios impressos, especialmente pelo fato de eles não permitirem que o indivíduo se desconecte do mundo virtual. 

“Acredito que o cardápio físico diz muito sobre a identidade de um estabelecimento. Conseguimos ver e sentir um pouco mais da essência do lugar através dele. Quando me disponho a ir num restaurante ou barzinho, prefiro me desconectar do celular, viver um momento mais offline”, disse em entrevista ao F5 News

Apesar de considerar os cardápios em QR Code uma ferramenta válida, ela afirmou ao portal que fica insatisfeita quando o estabelecimento só disponibiliza o menu dessa forma. 

“Eu entendo que a tecnologia está aí para ser utilizada, porém gosto da moda antiga. Quando vou a um estabelecimento e ele tem as duas opções, sempre vou optar pelo cardápio físico, gosto da atenção que o lugar teve de agradar ambos os públicos, mas principalmente de ver que ele continua investindo para agradar aqueles que detestam o QR Code”, completou. 

Assim como ela, o engenheiro civil Enzo Batista, de 25 anos, também acredita que os restaurantes devem oferecer os dois tipos de cardápio, mesmo preferindo os digitais pela praticidade e por considerá-los uma opção mais higiênica.

“Gosto da praticidade de ter o cardápio na mão sem precisar escolher com pressa para passá-lo para outra pessoa na mesa ou poder acessá-lo antes de chegar ao restaurante quando ele está disponível nas redes sociais, por exemplo, mas não gosto muito de não ter a opção física, porque às vezes o celular descarrega e ficamos sem acesso. Nesses casos, o ideal seria que o restaurante oferecesse carregador disponível para os clientes, mas ainda assim seria um transtorno”, afirmou ao F5 News.

Acessibilidade
Segundo o jornalista Wesley Júnior, de 23 anos, que é uma pessoa cega, os cardápios digitais não oferecem muitas possibilidades de conteúdo acessível, e quando oferecem, é difícil que a equipe do estabelecimento esteja preparada para orientar o cliente. Nesse contexto, ele contou ao F5 News que já esteve em locais que só possuíam o cardápio digital e que não foram boas experiências.

“Se existe acessibilidade em cardápios com QR Code, eu não tenho esse conhecimento. Havendo essa possibilidade, é essencial que o estabelecimento esclareça para o cliente com deficiência que tem uma maneira acessível de acessar o material e explique como o procedimento deve ser feito”, disse o jornalista em entrevista ao portal.

Entretanto, a falta de acessibilidade não é uma exclusividade desse modelo. Em Aracaju, a Lei Municipal n° 4.634/2015 determina que bares, restaurantes e outros estabelecimentos do setor disponibilizem pelo menos um exemplar do cardápio em braille ou com audiodescrição, sempre atualizados, para pessoas cegas ou com algum tipo de deficiência visual. Apesar disso, muitos estabelecimentos descumprem essa norma.

“Infelizmente, a maioria dos estabelecimentos que frequentei até hoje não disponibilizou o cardápio acessível. O descumprimento dessa regra tem sido uma tônica. Só uma vez que tive acesso a esse material num restaurante e ele estava atualizado”, relatou Wesley Júnior ao F5 News.

O Programa Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Aracaju) desenvolve ações de fiscalização nesse sentido. De acordo com o órgão, as empresas são orientadas sobre a adaptação de um cardápio para o braille, que deve conter informações como o nome dos pratos, bebidas e preços. 

Proteção do consumidor
Em alguns municípios brasileiros, como Campinas/SP, existem decretos que obrigam os bares, lanchonetes e restaurantes a oferecer a versão impressa do cardápio. Apesar de Aracaju não possuir nenhum tipo de legislação nesse sentido ou que impeça o uso do modelo digital, o Procon municipal explicou que o estabelecimento deve manter a opção física para os clientes que desejem utilizar esse formato. O órgão inclusive também já promoveu fiscalizações com esse objetivo.

“Com a flexibilização das medidas de restrição ocasionadas pela pandemia do coronavírus, em setembro de 2021, o Procon Aracaju realizou uma fiscalização a fim de verificar se bares, restaurantes e lanchonetes estavam disponibilizando o cardápio físico, além do cardápio por meio de QR Code”, informou o Procon Aracaju ao F5 News

Além disso, o órgão destacou que, caso o consumidor faça a solicitação do cardápio físico ou do cardápio em braille e a empresa se negue a disponibilizar, ele pode procurar os órgãos de proteção. 

O Procon Aracaju pode ser acionado por meio dos canais de atendimento, SAC 151, ou do telefone fixo (79) 3179-6040. A solicitação também pode ser registrada por meio do e-mail procon@aracaju.se.gov.br ou através do atendimento presencial, realizado mediante agendamento prévio no site procon.aracaju.se.gov.br.

Edição de texto: Monica Pinto
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