Por Will Rodrigues

Madrugada do dia 25 de dezembro, as meias na janela aguardam a visita do Papai Noel (também conhecido como "o bom velhinho") que com a ajuda das suas renas traz em seu trenó os presentes de Natal, comprados em meio a agitação dos grandes centros comerciais nos dias que antecederam a data, aquecendo a economia de todo o país. Pouco antes, uma ceia farta com os tradicionais pratos da época envolvia amigos e familiares em volta da mesa. A cena é mais comum do que se pode imaginar e se repete há séculos, mas qual será mesmo o verdadeiro sentido do natal? As compras, as comidas, o pinheiro iluminado, o "bom velhinho"? O que nos move a celebrar esta data?

F5 News convidou o teólogo Flávio Amorim (foto abaixo), membro da Primeira Igreja Batista de Aracaju (PIBA), para escrever um artigo sobre o assunto. Para ele, “o Brasil, apesar de se intitular um país cristão, ainda está longe dessa realidade. Somos um país cristianizado. Temos culturas cristãs, costumes cristãos, igrejas cristãs. Contudo, não significa que somos todos cristãos. Uma das provas se reflete no Natal”. Confira abaixo a integra do artigo:

O nascimento de Cristo vai muito além dos presentes, abraços, doações, ofertas, confraternizações, reuniões familiares, cantatas nas igrejas, orfanatos, asilos ou presídios. Tudo isso é bom? Claro. Estes momentos nos alegram? Sem dúvida. Nos faz lembrar que Jesus nasceu? Também. 

Caminhando pela história do cristianismo, encontramos Inácio de Antioquia que disse: "Nisto consiste a grandeza do cristianismo: em ser odiado pelo mundo". Policarpo de Esmirna, que se entregou para ser preso pelo reinado de Trajano (um dos perseguidores cristãos) por causa de outros cristãos que não seriam libertos caso ele não se entregasse, disse: "Eu sou um cristão. Para mim é impossível uma conversão para pior." E foi morto por disso. Agostinho também é encontrado com declarações de amor ao SENHOR: "Tarde te amei, Doçura minha", relatando um desabafo a Deus sobre a demora da sua conversão com 33 anos.

O que percebemos aqui é que o nascimento de Jesus para estes "pais da igreja" foi algo muito mais próximo e valioso. Muito mais intenso e real. Com a tolerância da sociedade ao cristianismo, tudo passou a ser aceito como "ato cristão" até mesmo nas igrejas e então, a essência se misturou com culturas e costumes. O verdadeiro sentido do natal pode até ser confundido em meios a tantas festas, bondades, comidas, presentes e personagens natalinos, mas nunca será substituído.

Natal é Emanuel. Emanuel quer dizer "Deus conosco". Cinco séculos antes do "nascimento de Cristo", Deus preparou a Terra para o momento em que a Bíblia chama de "plenitude do tempo". O dia exato, o dia impar, o dia perfeito para a chegada do Salvador, o SENHOR que se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade. 

É indigno o nascimento de Jesus. É injusto deixar Cristo pisar nesta Terra imunda. É inadmissível vê-Lo em uma manjedoura. Ele não merecia passar pelo que passou. O seu nascimento foi humilhante (não no sentido físico, geográfico ou condicional, mas pelo simples fato de ter nascido). Ele não poderia ter descido do Seu Trono, do Seu Lugar, do Seu Poder. Mas Ele escolheu nos amar. Nós escolhemos a separação de Deus, mas Ele optou em nos buscar de volta. Nós desejamos a escuridão, mas Ele preferiu trazer-nos a Luz novamente. Condenados pelos nossos próprios erros, Ele nasceu para morrer como um condenado para nos livrar da culpa das nossas próprias imundícias.

Que em meios a tantas celebrações, o verdadeiro sentido do Natal seja vivo e real no coração de todos: A presença de Deus em nosso meio. Jesus está vivo. Ele dividiu a história no meio e tem mudado a vida de milhares de pessoas em todo mundo até hoje. Se a sua vida ainda não foi dividida em Antes de Cristo e Depois de Cristo, quem sabe neste natal uma nova história não será escrita em suas páginas. Basta aceitar o fato de Jesus ter nascido para morrer no lugar dos pecadores, no meu e no seu lugar, e convidá-lo para ser o SENHOR de sua vida. Só um detalhe: Aproveite enquanto se pode achá-lo. Fale com Ele enquanto está por perto.

Durante uma das suas mensagens do ciclo natalino, o Para Francisco (foto ao lado), também salientou algo importante para reflexão nestes dias:

O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor. Natal é você, quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.

O pinheiro de Natal é você, quando com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida. Você é a decoração de Natal, quando suas virtudes são cores que enfeitam sua vida. Você é o sino de Natal, quando chama, congrega, reúne.

A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros. Você é o anjo do Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor.

A estrela-guia do Natal é você, quando consegue levar alguém, ao encontro do Senhor.   Você será os Reis Magos quando conseguir dar, de presente, o melhor de si, indistintamente a todos. A música de Natal é você, quando consegue também sua harmonia interior.

O presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano. O cartão de Natal é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor, de suas mãos. Você será os “votos de Feliz Natal” quando perdoar, restabelecendo de novo, a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício. A ceia de Natal é você, quando sacia de pão e esperança, qualquer carente ao seu lado.

Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do Mundo. Um muito Feliz Natal a todos que procuram assemelhar-se com esse Natal.

*Colaborou Mirella Mattos

​Fotos: Reprodução Internet