“O prazer de ler no livro físico ainda é insubstituível”, diz Fátima Escariz | F5 News - Sergipe Atualizado

Cultura
“O prazer de ler no livro físico ainda é insubstituível”, diz Fátima Escariz
Pandemia de Covid-19 e novas tecnologias modificaram hábitos de leitura
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 14/10/2022 13h00


No Brasil, o Dia Nacional da Leitura é comemorado em 12 de outubro, data que perde visibilidade diante de duas fortes "concorrentes"- o Dia das Crianças e o da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

A data tem também pouco efeito prático no estímulo à leitura: a média de leitura entre os brasileiros é de apenas cinco livros por ano, segundo a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro em parceria com o Itaú Cultural.

De acordo com o levantamento, o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. Nesse período, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. 

Entretanto, a pandemia de Covid-19 pode ter sido responsável por mudar um pouco esse cenário. O 13º Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), em parceria com a Nielsen Bookscan Brasil, constatou que, em 2021, houve um aumento de 29,3% no volume de livros vendidos em todo o país, quando comparado ao ano de 2020.

Esse crescimento pôde ser sentido na pele por Fátima Escariz, diretora de Vendas da livraria sergipana Escariz, que atua na área há quase 38 anos. De acordo com ela, apesar dos anos de queda no mercado de livros, a pandemia contribuiu para que essa situação fosse revertida.

“Com a pandemia, o hábito de leitura entre os jovens cresceu bastante e os adultos reencontraram o prazer de ler e se informar, entendo que justamente porque as pessoas sentiram necessidade de sair um pouco das telas”, afirmou ao F5 News.

Um desses jovens foi a universitária Yara Lima, de 24 anos. Ela contou ao F5 News que, durante o período de isolamento social, decidiu retomar seus hábitos de leitura, que estavam parados há algum tempo.

“Sempre tive o costume de ler dentro do ônibus. Então durante a pandemia não tinha mais aula, meu estágio era remoto, e eu realmente não saía de casa, percebi que a minha leitura estava totalmente prejudicada”, disse Yara.

Contudo, para retomar sua rotina de leitura, a estudante optou por uma nova modalidade: o leitor de livros digitais, ou e-reader. Segundo ela, a grande vantagem da tecnologia em relação aos livros físicos são os preços mais baixos, além de outros aspectos, como o fato de alguns livros serem lançados exclusivamente no modelo digital e a possibilidade de ajustar a leitura às necessidades do leitor.

“Você pode aumentar o tamanho das palavras, ou diminuir, se for o caso, você tem uma leitura mais confortável porque a tela se ajusta à sua visão”, explicou Yara.

Apesar de ter se adaptado facilmente ao e-reader, a universitária não abre mão dos livros físicos. “No geral, hoje em dia eu uso os dois na mesma na mesma frequência. Quando estou na rua, o livro físico me acompanha na bolsa, e quando estou em casa passo a ler apenas no e-reader”, disse.

Para Fátima Escariz, apesar de o lançamento dessas ferramentas ter impactado inicialmente a venda de livros físicos, logo foi possível perceber uma baixa adesão a esse tipo de aparelho no mundo inteiro, o que ela atribui à experiência proporcionada pelos livros. “O prazer de ler no livro físico ainda é insubstituível”, considerou.

Quem concorda com essa afirmação é a aposentada Denise Carvalho, de 57 anos. Ela contou ao F5 News que só adquiriu o hábito de leitura após se aposentar, há cinco anos, quando passou a ter mais tempo livre. Assim, decidiu assinar um clube de leitura, por meio do qual os assinantes recebem uma edição especial de determinado livro mensalmente. 

A paixão foi tanta que Denise já possui uma coleção de cerca de 300 livros físicos em sua biblioteca. “Desse tempo para cá, o amor pelos livros só aumenta. São meus xodós”, disse, e acrescentou que seus favoritos são os de ficção.

Denise relatou que tentou ler por meio do e-reader, mas não se adaptou à tecnologia e, até hoje, o aparelho está engavetado.

“Para mim, nada se iguala à experiência de ler um livro físico… sentir seu cheiro, manusear suas folhas cuidadosamente, admirar o design da capa, suas cores e detalhes”, explicou a aposentada. 

Ela acrescentou que, para ela, esses aspectos aumentam o prazer da leitura, e que ela não consegue sentir o mesmo lendo livros digitais, mas considera a tecnologia uma boa opção em situações específicas: “Acredito que nos deslocamentos e viagens onde não seja possível levar o livro físico, o e-reader torna-se uma boa alternativa”.

Edição de texto: Monica Pinto
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