Pais e familiares de pacientes que realizam tratamento no Serviço de Equoterapia, mantido pelo Batalhão de Restauração, idealizado pelo ex-deputado estadual Capitão Samuel, e instalado no Parque da Cidade, na zona norte de Aracaju, temem que o programa deixe de ser ofertado para quase 50 das 309 crianças atendidas pelo projeto, sem previsão de retorno.

Joel Luiz/Alese/Reprodução

Isso porque, na manhã da última terça-feira (17), em um grupo de whatsapp comum aos beneficiados pelo serviço, eles foram comunicados pela coordenação do projeto de que, por conta do desligamento de uma fisioterapeuta da equipe, 48 crianças deixariam de ser atendidas temporariamente, e que não haveria recursos para a contratação de outra profissional para substituí-la no momento.

A notícia gerou revolta entre os pais, responsáveis e familiares das crianças atingidas, visto que esse tipo de tratamento pode trazer uma série de benefícios ao paciente. “É muito nítido. Ele começou a desenvolver melhor a fala, o contato visual, o relacionamento com outras crianças, fora a felicidade de estar lá, de brincar com o animal, isso dá muito resultado no desenvolvimento dele”, disse Rebeca Guimarães,  tia de uma das crianças, em entrevista ao F5 News.

Lídia Aquino, mãe da mesma criança, também conversou com o portal. Segundo ela, o tratamento tem trazido resultados imensos no desenvolvimento social e cognitivo do menino. “Hoje fomos surpreendidos com a informação que meu filho e outras quase 50 crianças perderiam a vaga do tratamento. Então fazemos esse apelo para que as autoridades e órgãos competentes nos ajudem mantendo esse importante tratamento”, lamentou a mãe.

Merly Diniz, mãe de outra criança, contou ao F5 News que vem de Aquidabã, no médio sertão do estado, somente para que sua filha tenha acesso ao tratamento e se mostrou bastante preocupada com a perspectiva de interrupção. “Deu uma tristeza, porque eles gostam, se sentem realizados e a equoterapia é um incentivo para ela fazer os outros tratamentos. Ajuda muito, tanto no equilíbrio quanto no emocional”, afirmou.

Para esclarecer a situação, o F5 News também conversou com o Capitão Samuel, que explicou que o serviço não está e nem será suspenso. Segundo ele, a fisioterapeuta se demitiu e a equipe já está buscando profissional com a mesma competência para substituí-la.

Ainda de acordo com o ex-parlamentar, a presidência do Batalhão da Restauração e a Coordenação da Equoterapia já estão firmando o diálogo para buscar apoio junto ao Governo de Sergipe, a fim de, além de contratar profissionais que atendam à demanda atual, possibilitar a ampliação do serviço, pois a fila de espera já conta com mais de 500 crianças.

“Acredito que até o início de fevereiro o Governo do Estado deverá começar o diálogo para ajudar a equoterapia, assim a gente contrata mais profissionais. O governador Fábio Mitidieri, sempre que me encontra, pergunta e reafirma compromisso em ajudar a equoterapia. Inclusive o comandante da Polícia Militar, Coronel Ribeiro, está formando parceria com o Batalhão da Restauração para aumentar a capacidade de atendimento pela instituição”, disse ao portal.

Após ser informado da denúncia por F5 News, ele publicou nota nas redes sociais, na qual afirmou que algumas pessoas, “agindo de má fé”, estariam espalhando informações falsas em relação à suspensão do serviço.

Serviço de Equoterapia
Paralisado há anos, o tratamento equoterápico do Parque da Cidade foi reestruturado e retomado em janeiro do ano passado por meio de convênio firmado entre o Governo de Sergipe, através da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), que cede o espaço, e o Batalhão da Restauração - entidade fundada em 2017 e idealizada por Capitão Samuel.

O espaço conta com cavalos treinados e com uma equipe multidisciplinar de profissionais para atender ao tratamento específico, até há pouco atendendo 309 crianças.

Equoterapia
Diversos estudos já comprovaram que a terapia com cavalos estimula o tratamento de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma pesquisa realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Linguista do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concluiu que, em alguns casos, o cavalo não funciona apenas como um instrumento, mas como o próprio agente terapêutico transformador.

Durante o estudo, a pesquisadora e fonoaudióloga Paloma Navarro chegou à conclusão que o tratamento trouxe benefícios em relação à aquisição de linguagem, à percepção e ao reconhecimento do próprio corpo pela criança, além do estímulo ao tato e ao sistema vestibular, responsável pela manutenção do equilíbrio.

Leia o estudo na íntegra.