A Polícia Civil aponta a jornalista Gleice Queiroz como suspeita pelo desaparecimento de objetos eletrônicos da Secretaria da Educação de Sergipe (Seduc). Um dia após a busca e apreensão na residência da ex-chefe da Assessoria de Comunicação da pasta, delegados do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) detalharam, nesta sexta-feira (26), parte dos elementos reunidos no inquérito policial que apura os crimes de furto e peculato.

A investigação teve início após o registro do sumiço dos itens que fazem parte do patrimônio da Ascom da Seduc, notificado à Polícia pela gestão que substituiu Gleice Queiroz na coordenação da área, em janeiro de 2023.

“Desde então, ouvimos cerca de 20 pessoas, entre servidores e ex-servidores ligados a Assessoria e também de outros setores, assim como a investigada que em nenhum momento afirmou ter ficado com os objetos”, disse a delegada Thereza Simony, referindo-se a um telefone modelo Iphone13, um notebook da marca Positivo e um fone de ouvido.

Daniel Soares/F5News

No inquérito, ao qual o F5News teve acesso, os investigadores narram que a apuração só avançou a partir da coleta de relatórios de empresas de telefonia e provedor de internet que apontaram o registro do aparelho em um número pessoal de Gleice, bem como o acesso dele ao sistema de WiFi do condomínio onde ela reside.

Com esses levantamentos, a Polícia pediu à Justiça a ordem de busca e apreensão e, no imóvel dela, localizou também o notebook e o fone de ouvido registrados como desaparecidos. Agora, esses itens devem ser periciados.

A condução da operação de busca e apreensão foi alvo de questionamentos, críticas e informações inverídicas nas redes sociais. Tanto Gleice quanto a Polícia afirmam, no entanto, que a ordem judicial foi cumprida sem excessos de parte a parte.

“Agimos de forma ordeira, urbana, a investigada nos recebeu muito bem e ela foi tratada com muito respeito, não houve problema algum e toda ação foi filmada”, afirmou Simony.

Os investigadores, no entanto, rechaçam a tese levantada por Gleice Queiroz de que os equipamentos teriam sido plantados em sua residência. E também a suposição de que a operação teria o intuito de intimidá-la em função do exercício de sua atividade profissional. 

“A alegação não é razoável diante de todas as provas contundentes que foram colhidas na investigação. Não importa a atividade profissional do investigado, essa foi uma questão irrelevante para essa investigação”, afirmou o delegado André Baronto. “A suposição de que foi plantado é frágil porque o celular foi utilizado com um número dela. E, se foi (plantado), quem tem que explicar como foi é ela”, completou Simony.

O inquérito também aponta, conforme documentos obtidos pelo F5News, o suposto uso indevido de um programa de computador (NVIVO ACADEMIC), cuja licença foi adquirida pela Seduc em 2022 por quase R$ 8 mil, mas cujo registro de uso estava em um e-mail utilizado por Gleice Queiroz, não vinculado à Secretaria.

As investigações ainda estão em curso e, ao final, Gleice poderá ser indiciada pelos crimes de furto e peculato, esse último, se a Polícia concluir que os fatos ocorreram quando ela ainda estava nomeada na gestão estadual.

O F5News tentou ouvir Gleice Queiroz novamente nesta sexta-feira, mas não obteve êxito até a publicação desta notícia. Em publicações feitas em suas redes sociais, no final da noite desta quinta-feira, a jornalista disse estar à disposição para esclarecer os fatos e confiar no trabalho da Polícia. 

“Eu sei dos erros que cometi, mas eu tenho certeza que não furtei nada da secretaria de Educação. Comandei mais de 3 milhões de orçamento com contratos e sempre zelei pelo bem público. Eu não seria idiota de guardar na minha casa ou usar algo alvo de Investigações”, publicou Gleice Queiroz.