Rio Vaza-Barris sofre impactos da poluição, principalmente por plástico | F5 News - Sergipe Atualizado

Meio Ambiente
Rio Vaza-Barris sofre impactos da poluição, principalmente por plástico
Neste sábado (26), o Projeto SouRio realiza mais uma ação de coleta de lixo no rio
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 25/11/2022 13h10


O rio Vaza-Barris nasce próximo ao município de Uauá, no sertão da Bahia, e deságua no Oceano Atlântico em Sergipe. Possui um total de 450 quilômetros de extensão, dos quais apenas 152 quilômetros estão compreendidos em território sergipano, na região da Grande Aracaju, entre os municípios de São Cristóvão, Itaporanga D’Ajuda e a capital sergipana.

Em toda a sua extensão, o rio conta com pontos de preservação ambiental. Sua foz foi catalogada pelo Ministério do Meio Ambiente como área prioritária para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira com nível de prioridade alta, assim como a sua margem direita, que, em 1993, foi inserida na Área de Proteção Ambiental do Litoral Sul por meio do Decreto Estadual nº 13.468.

Em 2017, a Lei 13.481 incluiu a região do Vale do Rio Vaza-Barris  na área de atuação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).

A Ilha da Paz, comumente conhecida como Croa do Goré, e a Ilha do Paraíso, chamada de Praia do Viral, que compõem o arquipélago da bacia do rio, também estão protegidas pela legislação. Desde 1990, a Lei Estadual nº 2.795 as configura como Áreas de Preservação Permanente (APPs), cabendo à Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) a sua fiscalização e proteção ambiental.

Com isso, não pode haver a instalação de qualquer edificação, cercas ou muros nesses locais, bem como modificações das características naturais. Entretanto, não é incomum observar a ação do homem nessas regiões, que são bastante habitadas e exploradas pela atividade turística.

E a presença humana nesses pontos sempre deixa rastros. Normalmente, o plástico. É o que aponta Rodrigo de Freitas, um dos idealizadores do Projeto SouRio, organização que tem como objetivo a preservação ambiental do Vaza-Barris por meio da coleta de resíduos sólidos no local.

“Estamos perdendo essa guerra, onde o maior inimigo é o plástico, ou melhor, o seu não reaproveitamento. No Pacífico, existem ilhas de plástico com quilômetros de extensão, nas quais é possível caminhar. Hoje, há estudos científicos que comprovam que já estamos nos alimentando de plástico”, disse Rodrigo em entrevista ao F5 News

O idealizador do SouRio sabe do que fala. Em 2019, uma pesquisa realizada por cientistas do Departamento de Biologia da Universidade de Victoria, no Canadá, chegou à conclusão de que o ser humano ingere de 74 mil a 121 mil partículas de microplásticos por ano, material que contamina os peixes na nossa cadeia alimentar.

De acordo com Freitas, desde o surgimento do projeto, foi possível constatar um aumento da quantidade de resíduos encontrados no rio. “Infelizmente o tempo é diretamente proporcional ao crescimento da quantidade de lixo no rio. Esse é um dos grandes desafios contemporâneos: alinhar desenvolvimento com sustentabilidade. Não deveria ser, porque desenvolvimento é cuidar do único planeta que vivemos. Não existirá plano B”, alerta.

A próxima ação do SouRio será realizada neste sábado (26). O encontro está marcado para as 10h, na margem direita do Vaza-Barris, do lado oposto à praia do Viral. Na ocasião, voluntários irão recolher, pesar e encaminhar o lixo a um estabelecimento comercial instalado na região, onde o material será encaminhado pelos órgãos competentes à destinação final correta.

Em uma das coletas realizadas pelo projeto, o grupo chegou a recolher quase uma tonelada de lixo do Vaza-Barris:

Para o idealizador do projeto, isso é fruto da falta de conscientização e educação ambiental da população, que realiza o descarte incorreto de resíduos sólidos. “A maior parte do lixo vem pelas correntes marinhas (maré enchendo) e pelo interior do rio (maré secando). Os resíduos ficam alojados nos manguezais e prainhas que compõem sua foz. Seja pelo mar seja pelo rio, esse lixo é resultado do descarte incorreto da população”, reforça.

Apesar de não ser a principal, a atividade turística presente nessas áreas muitas vezes contribui para a poluição. “Embora não seja a maior parcela do lixo encontrado, parte desse lixo vem, sim, da atividade turística. Por falta de consciência (e educação), num passeio bem intencionado, pessoas são capazes jogar no rio latas, garrafas, canudos e até fraldas descartáveis”, afirma.

Segundo Freitas, são justamente esses os materiais mais comumente encontrados durante as ações de limpeza dos rios. “As garrafas pet e tampinhas lideram o ranking dos itens mais encontrados em nossas limpezas, seguidos de copos plásticos, garrafas de vidro, embalagens das mais diversas, hastes de cotonete, canudos, máscaras, restos de redes de pesca e até mesmo destroços de sofá e televisão”, detalhou.

Rodrigo de Freitas acredita que é papel de cada um contribuir para a preservação ambiental dos rios. Isso pode ser feito por meio da separação do lixo doméstico reciclável, ao qual deve ser dado o destino correto, como as cooperativas de reciclagem. Além disso, ele acredita que cabe ao Estado realizar ações de conscientização nesse sentido.

“Precisamos pressionar o poder público para o desenvolvimento de campanhas de conscientização e políticas públicas que favoreçam a coleta seletiva como obrigação do Estado e dos seus cidadãos”, disse.

Edição de texto: Monica Pinto
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