Saiba como denunciar comportamentos de haters nas redes sociais | F5 News - Sergipe Atualizado

Crimes cibernéticos
Saiba como denunciar comportamentos de haters nas redes sociais
Mesmo feitas virtualmente, injúrias, calúnias e difamações podem ser denunciadas
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 01/03/2023 21h13 - Atualizado em 01/03/2023 21h15


Recentemente, após postar uma foto fantasiada de Globeleza em seu perfil no Instagram, a influenciadora digital Thais Carla foi alvo de falas preconceituosas por parte do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). No Twitter, o parlamentar republicou a imagem seguida pela frase “Tiraram a beleza e ficou só o Globo”, referindo-se pejorativamente ao corpo de Thais Carla.

A fala do deputado não foi a única a trazer um teor gordofóbico. Na publicação, diversos internautas o acompanharam e deixaram outros comentários preconceituosos, iniciando uma verdadeira onda de “hate” - ódio, em tradução literal do inglês - contra a influenciadora. “Próxima parada: cardíaca”, disse um internauta. “O deputado não mentiu”, escreveu outro. “Vou nem comentar pra não gastar meu réu primário”, comentou mais um.

Infelizmente, discursos de ódio e casos de injúria, calúnia e difamação movimentam as redes sociais todos os dias. Foi o que aconteceu com o portal “Oxente, Pipoca?” que se dedica à criação e publicação de conteúdo sobre cinema, séries e cultura pop a partir de uma equipe 100% composta por membros nordestinos.

Em publicação no Twitter do portal no ano passado, o idealizador do OP, o sergipano Rafael Carvalho, trouxe uma comparação entre o número de salas de cinema disponibilizadas para o filme ‘Marighella’, uma produção nacional, e para ‘Eternos’, da Marvel Studios.

O que era para ser um debate sobre a baixa oportunidade de exibição para filmes brasileiros nos cinemas comerciais acabou se tornando um cenário de comentários desrespeitosos contra a equipe do portal. “O intuito era realmente alertar sobre o que a falta da cota de tela no cinema pode fazer com filmes nacionais, mesmo sendo filmes grandes, como Marighella, que foi um dos maiores da época de lançamento”, explicou Rafael em entrevista ao F5 News.

Aparentemente, "odiadores" não conseguem discordar de qualquer coisa com mínima dose de educação. “Parem de chorar, seus mimizentos”, disse uma internauta. “F*da-se o cinema nacional", comentou outro. “Meu [palavrão]. Tem que exibir o que o povo quer ver”, acrescentou mais um. “[palavrão] de cotas em tela de cinema [xingamento]”, disse outro. E por aí vai.

Rafael Carvalho contou ao F5 News que, após essa enxurrada de comentários ofensivos, se sentiu abalado, deixando de acessar a rede social durante alguns dias.

“Não esperava que fosse acontecer, mas no Twitter você nunca pode esperar que algo não vire algo muito grande, a mais do que precisa ser. Eu imaginei que poderia acontecer, mas não com a gente, porque a gente sempre teve um público muito restrito, mas acabou saindo da nossa bolha”, disse ao portal.

Apesar do estresse, ele explicou que preferiu não tomar nenhuma medida em relação aos comentários, para evitar mais desgaste. “A gente sabia que não ia dar em nada e eu acho que eu só preferia que passasse. Eu nunca quis que o ‘Oxente’ fosse envolvido com polêmica, então preferi evitar dor de cabeça”, relatou.

Na realidade, ele acredita que o episódio acabou sendo benéfico para o “Oxente, Pipoca?”, pois o portal ganhou novos seguidores que concordavam com aquela opinião. Contudo, Rafael não deixou de ter medo de algum tipo de ataque maior, como de hackers, o que não aconteceu.

A decisão de “deixar para lá”, entretanto, não é uma realidade para muitas pessoas. Somente no ano passado, mais de 74 mil denúncias de crimes envolvendo discurso de ódio pela internet foram encaminhadas à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet, organização de defesa dos direitos humanos em ambiente virtual, segundo levantamento divulgado em fevereiro pela própria instituição.

Mas o que explica o comportamento dos haters nas redes sociais?
Os pesquisadores Nathalia Rezende e Marcos Nicolau, no artigo científico Odiadores na internet: Características, práticas e significância dos haters de produtos culturais, explicam que o discurso de ódio cibernético se configura como um tipo de cyberbullying que “geralmente usa de abuso verbal, humilhação, desprezo e falsas suposições sobre a cultura e práticas de um indivíduo ou grupo de características protegidas, assumindo as formas de ameaças, discriminação, intimidação, marginalização, alteridades e narrativas desumanas”.

Segundo eles, o objetivo dos "odiadores" é “produzir conteúdos capazes de enxovalhar e difamar algo ou alguém”. Além disso, os pesquisadores apontam que esses indivíduos não necessariamente possuem algum tipo de ligação entre si, não sendo um grupo “organizado”. Contudo, eles esclarecem que quando um deles dá início a essa onda de “hate”, já é suficiente para que outros que se identifiquem com aquela ideia passem a propagar conteúdos ofensivos semelhantes.

Como denunciar crimes virtuais
Atualmente, muitos estados do país contam com delegacias especializadas em crimes cibernéticos, inclusive Sergipe.

A Delegacia de Crimes Cibernéticos fica localizada na rua José de Oliveira Filho, nº 50, na Praça Poeta Clodoaldo de Alencar, no conjunto Leite Neto, bairro Grageru, em Aracaju.

O registro de ocorrências ocorre de segunda a sexta-feira, das 7 às 18h.

A unidade pode ser contatada por meio do telefone (79) 3194-3100 ou do e-mail drcc@pc.se.gov.br.

Edição de texto: Monica Pinto
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