Saiba como lidar com a depressão e o estresse na fase universitária | F5 News - Sergipe Atualizado

Saúde
Saiba como lidar com a depressão e o estresse na fase universitária
Psicóloga explica os fatores que levam o estudante a sofrer esses sintomas
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 22/06/2019 09h16 - Atualizado em 23/06/2019 09h37


São constantes os desafios do ser humano, bombardeado por situações que o forçam se adaptar. Conciliar estudo e emprego e lidar com o acúmulo de responsabilidades e das exigências vindas da família ou do meio social nem sempre são tarefas fáceis. É nesse momento que se está sujeito aos dois males da atualidade: o estresse e a depressão - situações que afligem estudantes universitários de forma cada vez mais frequente, segundo especialistas.

Seja por influência de fatores genéticos ou ambientais, a depressão, uma doença psiquiátrica crônica que provoca tristeza profunda e forte sentimento de desesperança, está cada vez mais presente. Assim, também, o stress profundo que, diferenciado daquele do dia a dia, muitas vezes parece não dar trégua. Ambos levam a sintomas físicos e emocionais que podem desencadear situações extremas. 

Recentemente em Aracaju, um aluno universitário teve um surto que repercutiu nas redes sociais, porque ele teria feito uma suposta ameaça contra uma instituição de ensino superior particular, sendo levado depois a atendimento psiquiátrico. Informações apuradas pela própria polícia e a instituição apontaram que o jovem estaria passando por problemas familiares que desencadearam um quadro depressivo.

Segundo um estudo publicado em 2006 pela Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), de autoria de Olga de Fátima Leite Rios, com o título 'Níveis de stress e depressão em estudantes universitários", o stress e a depressão prejudicam o desempenho acadêmico quando debilitam a capacidade de raciocínio, memorização, motivação e interesse do jovem com relação ao processo ensino-aprendizagem. A pesquisa reuniu 85 acadêmicos de quatro cursos de graduação, com faixa etária entre 17 e 41 anos, e verificou-se que 40% têm depressão leve e moderada, a maioria não apresentou os sintomas.

A amostra geral demonstrou também estar no nível geral de stress médio-alto e que a dimensão de stress que mais sobrecarrega é a emocional. Já os sintomas de depressão apontam para a tendência a irritar-se, ao cansaço, alto nível de exigência pessoal, preocupação com problemas físicos e sentimento de tristeza.

Compreender o que afeta o comportamento e estar atento aos sinais, além de procurar ajuda profissional, são os primeiros passos para combater esses males, segundo especialistas. Entre as orientações para diminuir o risco de stress estão fazer planejamento do que deve ser estudado ao longo do semestre; separar uma hora do dia para o estudo e não deixar de última hora; ter bom relacionamento com colegas e professores, marcando atividades em grupo; cuidar da saúde física; além de montar grupos de estudo para aquelas matérias mais difíceis.

A psicóloga e psicopedagoga da Universidade Tiradentes (Unit), professora Flor Teixeira, explica os fatores que acarretam casos de estresse e depressão entre os universitários e indica como o estudante pode lidar com essas situações. 

F5: Casos de stress e depressão estão mais frequentes entre os universitários, principalmente os mais jovens? Quais sintomas mais comuns?

Flor Teixeira: Sim. Cansaço, desinteresse pelo conteúdo e pelo curso, choro incessante, sonolência ou insônia, dificuldades de relacionamentos, sintomas psicossomáticos, alterações no sono, no apetite, alteração na produtividade.

F5: O que é mais afetado?

Flor Teixeira: A sobrecarga aliada a fatores externos e relacionada ao perfil interno do jovem poderá causar o stress. As emoções são as responsáveis por permear as ações e é a sua falta de controle que desencadeará reações fisiológicas. A faculdade marca o rompimento entre a adolescência e a vida adulta, nem todos os jovens estão preparados para lidar com as responsabilizações do contexto acadêmico, gerando o stress.

F5: Quais fatores levam os estudantes a terem ansiedade, estresse e depressão?

Flor Teixeira: Os principais fatores relacionados à ansiedade, estresse e depressão são insatisfação com o curso (nem sempre os alunos cursam a sua primeira opção, no entanto, são pressionados por familiares e até mesmo pela sociedade em realizar uma graduação); Mudar de cidade – afastamento dos pais (muitos jovens precisam mudar de cidade, consequentemente, vivem separados de seus familiares); preocupação com o futuro incerto (a atual situação econômica do país que enfatiza um ambiente de desemprego, baixos salários, poucas oportunidades. O jovem sente que está se preparando para um mercado que não existe e tende a questionar a importância de uma graduação); Relacionamento insatisfatório com os colegas, com os professores; falta de atividade física (o sedentarismo pode desencadear problemas no sono; fadiga, irritabilidade, dificuldades de atenção e memória); pouco tempo de lazer; alunos do interior que precisam viajar todos os dias para estudar, gerando um desgaste físico e emocional.

F5: A cobrança de mais responsabilidades, as obrigações no meio acadêmico ou fora dele, a dificuldade em manter o estudo financeiramente, e até autocrítica estão entre os motivos para esses problemas?

Flor Teixeira: Sim, o perfil do nosso estudante mudou, antes era um jovem que saia do ensino médio aos 18, 19 anos e tinha a faculdade como único compromisso. Hoje, nossos jovens estão ingressando cada vez mais cedo, aos 14, 15 anos. Além disso, exercem outras responsabilidades, como a carga exacerbada de trabalho e cuidados com a família e filhos. A graduação é um processo de formação profissional, é muitas vezes o primeiro ambiente em que o jovem experimenta a responsabilização, o comprometimento e a ética. Pressão, cobrança, decisões importantes sempre permearam o ambiente acadêmico, no entanto, por conta da mudança no perfil do nosso aluno, geraram modificações no modelo de ensino.

F5: Acredita que a graduação tenha ficado mais competitiva entre os estudantes?

Flor Teixeira: A crise aumenta automaticamente a concorrência profissional e essa tendência se reflete na graduação. As instituições sempre procuram por profissionais capacitados. O quantitativo de vagas está menor, mas a qualificação técnica continua sendo um grande diferencial para a contratação. Assim, o jovem que assume uma postura de profissional em formação e não apenas um aluno em graduação tende a se destacar. Por isso, muitos começam, durante a graduação o desenvolvimento de uma carreira bem sucedida, estabelecendo bons relacionamentos interpessoais. 

F5: De que forma o estresse e a depressão podem influenciar a produção e o desempenho acadêmico?

Flor Teixeira: Podem influenciar de forma negativa, levando a desenvolver transtornos mentais e, consequentemente, o aumento da evasão e aumento da taxa de suicídio.

F5: Como o universitário pode lidar com isso? Como tratar e enfrentar esses problemas? Quais são os tratamentos?

Flor Teixeira: A orientação é tentar manter a rotina regular de hábitos saudáveis: atividades físicas, alimentação, sono, organização dos estudos. Existem programas de apoio psicológico ao estudante com o intuito de desenvolver suas habilidades, contribuindo para o seu bem-estar. Além disso, orientações no NAPPS.

[O NAPPS é o Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial que atende alunos e colaboradores com Deficiências, Síndromes, Transtornos ou vivenciam situações de conflito que interferem no processo de aprendizagem e/ou nas relações sociais e comunitárias da Universidade Tiradentes].
 
F5: A família e amigos também são importantes neste processo? Como podem colaborar?
 
Flor Teixeira: Sim, todos são importantes, pois podem identificar sinais e orientar para buscar ajuda profissional.

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