Sergipanas contam como transformaram suas vidas a partir do empreendedorismo | F5 News - Sergipe Atualizado

Mulheres que Inspiram
Sergipanas contam como transformaram suas vidas a partir do empreendedorismo
Em Sergipe, 60% das empresas são comandadas por mulheres
Cotidiano | Por Letícia Mendonça* 08/03/2020 06h37 - Atualizado em 09/03/2020 08h39


Não é de hoje que se fala da busca da mulher por seu espaço na sociedade, conquistando direitos e tomando posição nos campos sociais, políticos e econômicos. O empoderamento feminino e o feminismo tiveram um papel importante para efetivar as conquistas dos direitos das mulheres. 

Ao contrário do que alguns imaginam, o feminismo não é o oposto de machismo e sim a procura pela igualdade entre os gêneros. Hoje, ainda há uma disparidade em muitos ambientes entre os privilégios masculinos e os femininos, mas cada passo dado é uma conquista imensurável para as mulheres.

Elas que só puderam frequentar a escola a partir do ano de 1827 e entrar nas universidades pouco mais de 50 anos depois, em 1879. Uma conquista mais recente, de apenas 88 anos, é a do voto. Somente a partir de 1932, nós pudemos exercer o direito de participar do processo de escolha dos representantes dos municípios, estados e país. Hoje representamos cerca de 53% do eleitorado brasileiro.

Em 1961, graças  à enfermeira e sexóloga Margaret Sanger, que descobriu a pílula anticoncepcional, a decisão de ter filhos ou não se tornou uma escolha pessoal. É de conhecimento geral que, antigamente, a mulher que fosse casada precisava da autorização do marido para quase tudo.

Em 1962, o Estatuto da Mulher Casada foi sancionado, permitindo que elas trabalhassem fora de casa, tivessem direito à herança e a requerer a guarda dos filhos, em caso de separação. Esse êxito proporcionou uma proximidade de papéis entre os homens e as mulheres, mas foi só em 1988 que os gêneros foram considerados iguais perante a lei.

No ano de 2006, foi criada a Lei Maria da Penha, que definiu todos os casos de violência doméstica e intrafamiliar como crimes. Há cinco anos (2015) foi sancionada a Lei do Feminicídio que torna hediondo o assassinato de mulheres por causa de discriminação de gênero ou em virtude de violência doméstica.

Esses exemplos de conquistas mostram o que o empoderamento fez e faz pelas mulheres, porque pelo menos uma mulher teve coragem de tomar a frente e dizer “Nós merecemos!”. Com muita luta e suor, cada passo tem valido a pena. 

O crescimento da mulher no mercado de trabalho também é uma conquista que vem acontecendo a cada dia e a luta por igualdade de direitos entre os gêneros segue firme. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens recebem, em média, 20% a mais que as mulheres. Fugir dessa desigualdade salarial foi um dos impulsos para que as mulheres começassem a abrir seus empreendimentos de forma independente.

A Global Entrepreneurship Monitor realizou uma pesquisa em 2017 apurando dados sobre o perfil do empreendedorismo brasileiros e, naquele ano, se revelou um universo de aproximadamente 50 milhões de negócios conduzidos por empresárias.

.Em 2019, de acordo com um estudo desenvolvido pela McKinsey & Company, realizado em parceria com o evento Brazil at Silicon Valley,  39% da população brasileira tinha seu próprio negócio e definiu o Brasil como  "um país de empreendedores".

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, nos últimos 14 anos o número de mulheres empreendedoras cresceu 34%. Elas estão concentradas nas áreas de restaurantes (16%), serviços domésticos (16%), cabeleireiros (13%) e comércio de cosméticos (9%).

Bons exemplos

A empreendedora Erenita Sousa está na área há 27 anos. Começou pela sua área de formação superior, contabilidade, e hoje trabalha com sua própria empresa de consultoria em gestão empresarial, coaching e terapia - o Instituto Nacional de Treinamento Comportamental (INTC).

“Quando iniciei minha vida profissional trabalhei como funcionária, mas logo me vi montando meu próprio negócio. Aos poucos fui adquirindo mais experiência entre ter o meu negócio e ser funcionária”, lembra. 

Além das dificuldades de conseguirem remunerações mais justas, as mulheres também encontram outros obstáculos pelo caminho da ascensão dentro do mundo empresarial. 

“Estamos no século XXI, a mulher precisa ter consciência do seu empoderamento e propósito de vida. Nunca quis ser sombra de ninguém, por isso, quando vi algum empecilho no caminho, busquei outros trajetos, mesmo que demorasse a chegar onde queria. Me sinto reconhecida e valorizada, pois superei e ultrapassei grandes barreiras”, diz Erenita.

Pensando no crescimento do empreendedorismo feminino brasileiro, alguns órgãos dão assistência especial a esse público. A Rede Mulher Empreendedora (RME) é a maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil e busca ajudar na capacitação de mulheres que pretendem abrir seu próprio negócio. A Empreender Materno é outra rede de apoio, que se propõe a auxiliar as mães que já possuem um negócio a aumentar seu desempenho, conciliando a rotina de trabalho com a maternidade.

A proprietária da Agência de Propaganda e Marketing IUPI, Thaís Almeida, disse que sempre teve contato com o empreendedorismo, através do seu pai, observando o lado bom e ruim de empreender, mas não era sua primeira opção de como seguir no mercado.

“O dono da empresa em que eu trabalhava me confiou o marketing de lá e, com o tempo, alguns clientes me perguntavam se eu tinha minha própria empresa e eu falava que não. A carga horária que eu tinha lá, juntando com minhas outras atividades, não dava para eu fazer mais nada. Eu não estava feliz e estava distante do meu filho, então, o grande motivo de eu começar a empreender foi conciliar a maternidade e a busca de uma melhor qualidade de vida. [..] Foi um empreender por necessidade misturado com oportunidade”, conta Thaís. 

“As pessoas fazem um pré julgamento por eu ser mulher e por ter uma cara de ‘menina’, mas quando me dão oportunidade para falar, já quebra aquele estereótipo. Quando eu comecei foi muito mais difícil, mas hoje já temos uma cartela de clientes, as pessoas nos indicam, então temos uma confiança no mercado”, acrescenta Thaís.

Letícia Ingrid, proprietária da loja Le Belle Moda Feminina, é empreendedora há três anos e disse que escolheu entrar nesse meio para ter uma renda independente e flexibilidade nos horários. “Meu filho era pequeno ainda e eu queria acompanhar as etapas do crescimento dele. Em uma empresa privada eles te cobram muito por ter filho pequeno”, afirma.

“Eu escolhi trabalhar com moda feminina, um campo onde eu sabia que não teria dificuldades em desempenhar por estar ligado ao público feminino. A princípio para ser uma fonte de renda e satisfazer as minhas necessidades, hoje é prazeroso, é uma troca de experiências”, diz Letícia.

Incentivo

A deputada estadual Maria Mendonça, no ano de 2019, propôs o Projeto de Lei 29/2019, que  institui a política de estímulo ao empreendedorismo feminino em Sergipe. A lei foi aprovada com unanimidade pela Assembleia Legislativa no final do ano passado e publicada como Lei 8.629/2019. O estado tem cerca de 80 mil empresas ativas, registradas na Junta Comercial (Jucese), e quase 60% são comandadas por mulheres.

No Sebrae, é possível integrar o programa Mulheres de Negócio que busca apoiar e acelerar pequenas empresas lideradas por mulheres empreendedoras que querem ser independentes, amam sua ideia de negócio, querem vender mais, aumentar seu lucro, conquistar novos clientes, fazer novos contatos para divulgar seu negócio e tornar seu sonho realidade.

 

*Sob a supervisão de Will Rodriguez

Edição de texto: Will Rodriguez
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