Sergipe não registra desabastecimento de oxigênio nas unidades de saúde | F5 News - Sergipe Atualizado

Sergipe não registra desabastecimento de oxigênio nas unidades de saúde
Secretária da Saúde diz que monitoramento sobre o insumo está sendo feito
Cotidiano | Por Fernanda Araujo e Will Rodriguez 19/01/2021 07h00


Na última semana, o país assistiu a situação dramática de Manaus, no Amazonas, por conta da falta de oxigênio nos hospitais, afetando não apenas pacientes com covid-19, mas toda a rede de saúde daquele estado. Diante do aumento de casos da doença e a subsequente lotação nos hospitais, pacientes morreram por asfixia pela indisponibilidade dos cilindros de oxigênio, além de ter sido apontada a falta de vagas e de equipamentos como respiradores na região, o que acendeu um alerta no país. Com o colapso, pacientes tiveram que ser transferidos para unidades de outros estados. Na segunda (18) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou em entrevista coletiva que o problema de abastecimento no estado do Amazonas está “equalizado”.

O Ministério da Saúde chegou a pedir à Secretaria de Estado da Saúde (SES) informação sobre como estava a disponibilidade de oxigênio em Sergipe. Durante coletiva sobre o plano de vacinação divulgado ontem pelo governo do Estado, F5 News fez esse questionamento à secretária da pasta, Mércia Feitosa, a qual afirmou que Sergipe não registra falta de oxigênio e que o monitoramento está sendo feito.

“Antes mesmo do Ministério solicitar, entramos em contato com a empresa que é prestadora, que fornece esse serviço, justamente para ver com ela se tinha uma flutuação, contatamos todas as nossas unidades e para Sergipe a gente está sem nenhum problema. Esse monitoramento tem que ser diário, até a resposta da taxa de ocupação que hoje vem apresentando em alguns momentos uma redução, isso é bom, é importante. Estamos com esse monitoramento e Sergipe não está com nenhum problema nesse sentido”, assegurou a secretária.

Seja para pacientes com Covid ou para os com outras doenças, em diversos procedimentos, cilindros de oxigênio hospitalar são necessários para a manutenção da vida, como nos serviços de emergência e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A oferta desse tipo de insumo é tão essencial nesse momento de pandemia, já que é item básico do tratamento dos pacientes com coronavírus, mas é importante ainda em diversas outras necessidades graves. Ao F5 News, profissionais de saúde explicaram a importância do oxigênio como agente no tratamento da Covid.

Segundo a presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Sergipe (Seese), Shirley Morales, no momento não há registros de problemas com o fornecimento de oxigênio nas unidades de saúde do Estado. Tanto no Hospital João Alves Filho quanto na UPA Fernando Franco, segundo ela, uma empresa é a responsável pelo fornecimento para as principais unidades hospitalares ou UPAs do Estado.

Morales explica que em 2017 houve problemas nas unidades de saúde relacionados ao gerador de energia e na pandemia - na época do hospital de campanha ano passado - relacionados à rede de gases, mas não especificamente ao fornecimento de oxigênio, o que até então permanece sem registros de transtornos. No entanto, ela ressalta a importância de um planejamento do Estado para adequar uma logística que impeça a ocorrência do quadro registrado no Amazonas.

“O oxigênio é extremamente importante principalmente quando você tem os pacientes que chegaram a um nível de saturação de oxigênio muito baixo e precisam desse complemento. É essencial para a vida a questão do fornecimento de oxigênio nos serviços hospitalares, principalmente UTI, e urgência e emergência. Nós entendemos, enquanto representação da categoria, que é extremamente importante um planejamento para que haja uma logística adequada, atendendo as necessidades desses pacientes”, ressalta Morales.

"Os pacientes com Covid têm, em sua maioria, um comprometimento pulmonar que afeta a troca gasosa, dificultando a absorção do oxigênio pelos tecidos", afirma uma fisioterapeuta que atua na linha de frente em dois hospitais da capital sergipana, público e privado, e preferiu não ser identificada.

Em bebês prematuros é também fundamental, pois eles ainda não possuem o desenvolvimento completo dos órgãos, principalmente dos pulmões. Sendo mais frágeis, os bebês prematuros precisam de ventilação mecânica e o oxigênio é fundamental para que isso funcione e auxilie na respiração deles. "Praticamente em tudo é sempre bom ter um oxigênio por perto. Muitos bebês não suportam nem um minuto sem oxigênio, caso a gente precise desconectar, por exemplo, para posicioná-los melhor", diz a profissional.

O oxigênio é necessário em diversos procedimentos, como na ventilação mecânica, para a reanimação do paciente, e precisa também estar sempre disponível, por exemplo, em cirurgias e procedimento de cateterismo, além de em alguns tipos de acesso venoso, quando é algo mais complexo, segundo ainda a fisioterapeuta. Mesmo numa ventilação manual com ambu, feita pelos profissionais para a reanimação do paciente principalmente, muitas vezes usado quando o ventilador mecânico tem algum tipo de problema, é preciso que um oxigênio esteja conectado ao equipamento. "Em nenhum dos dois hospitais nunca tivemos problemas com a falta de oxigênio e é impossível pensar no funcionamento da unidade sem oxigênio", ressalta ainda a profissional da área de Saúde.

Apesar de não haver falta de oxigênio nas unidades de Sergipe, Shirley Morales aponta para problemas que podem ocorrer relacionados à rede de gases, como a falta de manutenção dos torpedos – cilindros de oxigênio menores que ficam nas unidades móveis, como o Samu. “O problema é a manutenção dos torpedos, dos cilindros, a questão da rede em si de gases e dos geradores que as vezes podem ter um problema técnico. Nos torpedos existe um cuidado que tem que ser maior, tem que sempre verificar a manutenção. Muitas vezes essa revisão e essa manutenção podem atrasar um pouco”, explica.

Morales também atenta para o aumento da ocupação de leitos de UTI e de enfermarias para a Covid, inclusive entre recém-nascidos. “A gente visualizou a superlotação com relação aos bebês. Então, por exemplo, não falta oxigênio, mas com a superlotação tem bebês compartilhando a mesma saída de gases que deveria ser individualizada, e não tem como individualizar porque tem uma superlotação. A preocupação, para que não chegue num período em que o próprio fornecimento possa ser comprometido, é que se consiga diminuir esse número de casos, essa ocupação nos leitos que são de maior gravidade e que precisam da complementação de oxigênio, e esse coeficiente de transmissibilidade que aqui ainda está alto. O grande problema do Amazonas e que nós aqui ficamos preocupados é com a escalada de casos e lá tinha a questão de uma variante do vírus que culminou numa transmissão mais acelerada no estado. Em Sergipe ainda não tem essa cepa, mas a gente precisa ficar atento ao que nós sempre estamos colocando”, ressalta.

A presidente do sindicato reitera a importância do planejamento e de medidas preventivas com relação à distribuição de oxigênio e frisa a necessidade de ações para diminuir a transmissão do vírus através das medidas sanitárias, como o distanciamento social e o uso correto de máscaras, além da criação de campanhas educativas que atinjam o máximo da população, principalmente na televisão e no rádio, para garantir que crises como a do Amazonas não aconteçam.

F5 News questionou à assessoria da SES como a rede de gases está estruturada nos hospitais públicos e privados da saúde sergipana, como funciona, quantos e como estão distribuídos as fontes de oxigênio na rede, se o Estado está preparado para a continuidade da oferta de oxigênio, qual a demanda e a disponibilidade de produção diária atualmente, quem é responsável pelo monitoramento para a oferta do insumo e de onde vem a produção do oxigênio que é ofertado no estado, mas não houve resposta até a publicação desta matéria. O portal está à disposição da pasta para o acréscimo desses dados.

Edição de texto: Monica Pinto
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