Setembro Amarelo: saiba como identificar quem precisa de ajuda | F5 News - Sergipe Atualizado

Saúde Mental
Setembro Amarelo: saiba como identificar quem precisa de ajuda
Oitenta por cento dos casos de suicídio estão associados a algum transtorno mental
Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 23/09/2022 13h00 - Atualizado em 23/09/2022 16h17


Chegando ao fim do mês, é preciso lembrar a campanha Setembro Amarelo, criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), cujo objetivo é promover a conscientização e a prevenção ao suicídio. O problema que causa enorme sofrimento é uma realidade no mundo todo: a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, anualmente, mais de 700 mil pessoas tirem a própria vida.

No Brasil, a situação também é preocupante. De acordo com dados do boletim epidemiológico “Mortalidade por suicídio e notificações de lesões autoprovocadas no Brasil”, divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro do ano passado, somente em 2019, 13.523 pessoas tiraram a própria vida no país.

O levantamento também destaca a associação do comportamento suicida com a presença de transtornos mentais: 80% das pessoas que tentam ou cometem suicídio experimentam algum tipo de transtorno mental, sendo a depressão o de maior incidência. 

Nesse sentido, é possível observar que, apesar de serem fenômenos distintos, o suicídio e a depressão podem estar relacionados, sendo fundamental entendê-los separada e conjuntamente.

 

Em entrevista ao F5 News, a psicóloga Marília Prado explica que a depressão é uma doença multifatorial, ou seja, causada por uma combinação de vários fatores. Estes podem ser genéticos - quando o indivíduo tem uma maior propensão a desenvolver a condição -; biológicos, que envolvem possíveis desequilíbrios dos neurotransmissores e disfunções hormonais; ambientais - aqueles que se relacionam ao contexto de vida de cada indivíduo -, ou psicológicos, quando a pessoa tem crenças distorcidas e normalmente negativas sobre si mesma, sobre o mundo e sobre o futuro.

 

Como identificar e ajudar
A psicóloga aponta que a doença também pode se manifestar de diferentes formas e graus - leve, moderado ou grave. Entretanto, existem alguns sinais mais comuns aos pacientes com depressão, como o desinteresse em atividades nas quais normalmente trariam prazer, ou sintomas físicos que possam interferir e prejudicar atividades de rotina, como trabalhar, estudar ou até mesmo se divertir. Marília Machado indica que o rebaixamento do humor, o sentimento de desesperança e a sensação de vazio também são sintomas comuns.

O comportamento suicida, por sua vez, também pode ser identificado a partir de alguns sintomas comuns da depressão - como o isolamento, a desesperança e a perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas. Contudo, é necessário se atentar a outros sinais mais específicos, como explica a psicóloga.

“A pessoa pode passar a verbalizar sobre assuntos referentes à morte, a um cansaço sobre a vida, a sentir-se um fardo para a família. Podem ser percebidas tentativas da pessoa em finalizar assuntos pendentes de sua vida. A pessoa também pode apresentar mudança brusca de comportamento, como um desinteresse ou alheamento com relação a aspectos importantes da vida”, detalha.

Tanto o indivíduo com depressão, quanto aquele que apresenta indícios de idealização suicida, podem e devem ser ajudados. Segundo Marília Machado, os melhores meios de ajudar essa pessoa são o acolhimento, o diálogo e a empatia, além do incentivo a tratamentos e atividades terapêuticas. 

“Acolhendo essa pessoa, validando seus sentimentos, mostrando-se disponível e a acompanhando a profissionais especializados e a atividades terapêuticas, tais como lazer, exercício físico, hobbies”, exemplifica.

Especialmente para pessoas com comportamento suicida, a psicóloga orienta que é necessário ter alguns cuidados a mais, observando fatores que possam apresentar risco à vida. “Criar um ambiente seguro, retirando instrumentos que possam ser utilizados para o suicidio em um momento de impulsividade”, afirma a especialista.

Marília Machado aponta ainda que o tratamento especializado é fundamental: o paciente com depressão deve ser acompanhado por um médico psiquiatra, fazendo uso de medicação nos casos moderados e graves. Também é importante que esse indivíduo busque ajuda por meio da psicoterapia e da inserção em atividades psicossociais, além de ajustes em atividades de rotina, como no sono, na alimentação e em atividades físicas.

Pandemia e saúde mental
Outro ponto que ganhou espaço nesse debate foi a influência da pandemia de Covid-19 na saúde mental da população. De acordo com Marília Machado, fatores como o estresse constante por medo da doença e mortes, o isolamento social e as dificuldades financeiras tiveram forte impacto na saúde mental das pessoas, o que levou a um aumento de casos de ansiedade e depressão.

Foi nesse contexto que surgiram diversas iniciativas para assistência psicológica da população durante esses mais de dois anos. Em Sergipe, houve um projeto desse tipo desenvolvido pela Prefeitura de Aracaju, que remanejou profissionais de psicologia que trabalhavam nos serviços de referência em saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde para esse serviço, realizado à distância. A psicóloga Marília Machado foi uma dessas profissionais e conta como se deu a experiência.

“Na época de isolamento social, quando as pessoas precisavam ficar em suas casas, o atendimento pela via telefônica foi a forma mais viável de fornecer um apoio psicológico à população. O projeto buscava prover acolhimento, apoio emocional, psicoeducação, encaminhamentos e orientações, inclusive quanto à pandemia e aos serviços públicos oferecidos. Fornecíamos essa assistência a pessoas que demandam o serviço de forma esporádica, bem como prestávamos um acompanhamento, mesmo que de forma breve e pontual”, detalha

O projeto permanece em andamento, mas de forma reduzida.

Outras iniciativas de atendimento em saúde mental
Em Sergipe, assim como em todo o Brasil, a população conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), para onde podem ser encaminhadas pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Os centros foram instituídos pelo Ministério da Saúde, a partir da implementação da Rede de Atenção Psicossocial, em 2011.

Em relação ao atendimento hospitalar no estado, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) e o Hospital São José são referências na assistência ao paciente psiquiátrico.

A UFS também disponibiliza o Serviço de Psicologia Aplicada, por meio do qual é oferecido atendimento psicológico gratuito, para a comunidade interna e para a externa.

A população brasileira conta ainda com o Centro de Valorização da Vida (CVV), organização composta por voluntários preparados para prestar apoio emocional e prevenção ao suicídio. O serviço é gratuito, funciona durante 24h todos os dias e pode ser acessado pelo número de telefone 188 ou por e-mail e chat através do site https://www.cvv.org.br/. O sigilo do usuário é garantido.

Edição de texto: Monica Pinto
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