Tradição: conheça um pouco da história do Dia de São João | F5 News - Sergipe Atualizado

Cultura
Tradição: conheça um pouco da história do Dia de São João
Santo católico é celebrado e tradição tem influência da cultura europeia
Cotidiano | Por Agência Sergipe 25/06/2023 11h32


Neste sábado, 24 de junho, foi dia de São João Batista, santo católico que se popularizou na Europa e Brasil, sobretudo no Nordeste brasileiro, e pode-se dizer, também, o mais popular e festejado do ciclo junino.

Mas como é São João no imaginário coletivo? Para o estudante Ivan Hugo, ao falar em São João, sua memória afetiva o remete às comidas típicas. Já para a turista baiana Ana Paula Bonfim, que curte os festejos juninos em Sergipe, aproveitado a programação realizada pelo Governo de Sergipe no Arraiá do Povo, São João é cultura e alegria. Enquanto para Luana Oliveira São João é o momento de resgatar e fortalecer as tradições. “Como sou do interior, de Estância, então essa questão da tradição, do barco de fogo, da gente ficar na porta de casa soltando fogos com a fogueirinha acessa é muito importante para mim, e tento passar isso para meus filhos”, considerou.

Mas, afinal, qual a origem das festas juninas? De acordo com a historiadora Tawane Gomes, a época está relacionada com a comemoração pagã no mês de junho. Nessa época, no Hemisfério Norte, era comemorado o Solstício de Verão, que é quando o Sol atinge o seu pico mais alto, ocasionando, assim, o dia mais longo e a noite mais curta do ano. Na Igreja Católica houve um incômodo muito grande com esta relação, pois as comemorações tinham origem pagã e forte adesão popular. Segundo Gomes, a igreja uniu a comemoração pagã com a religiosa, celebrando Santo Antônio dia 13 de junho, São João, dia 24, e São Pedro, dia 29.

A festa junina é a segunda mais importante do país, ficando atrás apenas do Carnaval. “Além de uma alegria muito contagiante, a festa traz também várias celebrações, vários cultos, várias características, como, por exemplo, as bandeiras, as fogueiras, as roupas, as quadrilhas e a música”, completou a professora.

Herança europeia

O professor-mestre da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Dênio Azevedo explicou que provavelmente a tradição veio para o Brasil com os europeus, que desembarcaram na época colonial com suas práticas culturais específicas e legado dos gregos, egípcios e celtas de celebrar o Solstício de Verão. Esse era um período regado a muita bebida e tinha relação direta com o fogo para celebrar a fertilidade e culto aos deuses em prol da colheita. Na Europa, a prática passa pelo processo de evangelização na Idade Média e a Igreja Católica substitui os rituais dedicados aos deuses do Oriente e Ocidente e introduzem os santos católicos.

Tradição
O milho é a base de muitas comidas típicas das festas juninas, pois junho é o mês que ocorre a colheita. Muitos nordestinos lucram com a sua venda e, também, fazem receitas para comemorar com a família. “No Nordeste, o período junino acompanha o ritual rural de mudança de estação, do ciclo de colheita, principalmente milho e feijão e a crença é de que o São João é a época de purificação e regeneração, tanto da vegetação, quanto de estação.

Em razão das trocas entre portugueses e indígenas, a fartura da culinária é pautada no milho, coco, macaxeira, bolos, mungunzá, pamonha, pé de moleque e canjica. O amendoim cozido [reconhecido como patrimônio imaterial de Sergipe] se perpetua por todo ano o seu consumo e é um que marca o sergipano, assim como o milho verde cozido e assado são marcas identitárias. O saroio, o beiju e o pé de moleque das feiras estão nas mesas em diferentes períodos do ano, onde encontros com a família marcam as celebrações. Os licores de jenipapo, maracujá, acerola também são elementos de sociabilidade”, esclareceu Dênio Azevedo.

A quadrilha é um dos destaques das festas juninas no Brasil. A dança surgiu como forma de agradecimento aos três santos católicos pela fartura da colheita. Já a fogueira simboliza a proteção dos maus espíritos que atrapalhavam a prosperidade das plantações. A festa realizada em volta da fogueira era para agradecer a fartura das colheitas, assim como pular fogueira era também para pedir proteção dos maus espíritos e, também, agradecer a colheita e a chuva.

“O São João também traz muitas manifestações folclóricas e culturais. Aqui em Sergipe uma das maiores é o barco de fogo de Estância. Desde o final do século XIX Estância se destaca no âmbito dos festejos juninos”, acrescentou Tawane Gomes.

O barco de fogo consiste em um simulacro de barco ornamentado, que percorre determinada extensão de um fio de aço esticado entre dois suportes. Em virtude de sua importância cultural, o barco de fogo foi objeto de algumas leis estaduais e ganhou até um dia dedicado a ele – 11 de junho, dia do Barco de Fogo – e Estância, o título de Capital Nacional do Barco de Fogo, fruto de um projeto de lei do então deputado federal Fábio Mitidieri, hoje governador do estado.

Quanto às fogueiras, na zona rural, familiares se reuniam em torno da fogueira para reencontrar parentes, assar o milho, a carne e assim reforçar os laços. Pular a fogueira era uma espécie de batismo. Diferentemente do ritual religioso, os padrinhos e madrinhas de fogueira se escolhem entre si e se tornavam comadres e compadres, formando alianças mais fortes que amizade, unindo-se por parentesco.

Santos

Embora seja uma festa caracterizada pelo culto a santos católicos, o São João faz parte da vida de todo Nordeste. “Pois todo nordestino nasce com São João em seu sangue”, considerou a historiadora Tawane Gomes.

Celebrar São João tem relação direta com a queima de fogueira. Acredita-se que esta prática possivelmente tem duas origens. Uma delas é a bíblica, em referência a Isabel, mãe de João Batista. Segundo relatos bíblicos, ela teria dito a sua prima Maria, mãe de Jesus, que acenderia uma fogueira para anunciar o nascimento de João Batista, e assim o fez. O que para os católicos justifica a manutenção da prática de acender fogueira no dia de São João, todo 24 de junho.

A segunda versão tem relação com as práticas pagãs no Oriente e Ocidente, que acreditavam que o fogo era um elemento mágico, com poder de espantar pragas e coisas ruins. “Cada um tem a sua perspectiva para acender a fogueira, inclusive elas têm formatos distintos para cada santo. A fogueira de Santo Antônio é quadrada, a de São João circular e a de São Pedro é triangular”, declarou Dênio.

Santo Antônio é o primeiro santo celebrado em junho. Ele é conhecido como santo casamenteiro. Existem muitas histórias sobre o porquê que Santo Antônio é o favorito dos solteiros. Uma delas revela que uma moça com muita raiva por não arrumar um casamento jogou uma imagem de Santo Antônio pela janela. A imagem atingiu um homem que passava pela rua, ela foi socorrê-lo e os dois se aproximaram. Então nasceu uma paixão que virou amor que terminou em casório.

Também há relatos de que Santo Antônio ainda tinha uma atuação direta na caridade, pois ajudava moças pobres com os dotes necessários para se casarem. Daí nasceu a tradição católica de todo dia 13 de junho distribuir pãezinhos para seus fiéis, crendo assim que nunca vai faltar alimento em sua mesa, pois Santo Antônio sempre intercederá por eles.

Na opinião do professor, as culturas populares praticadas por si só explicam para quem crer veementemente nas práticas de São Pedro, padroeiro dos pescadores e protetor das viúvas.

Acredita-se que São Pedro é detentor da chave da porta do céu. Ou seja, para os cristãos católicos, só se entra no céu por intermédio do santo, que julga as boas ações na vida de cada pessoa. Dia 29 de junho os devotos colocam uma chave num copo com água na porta para pedir a São Pedro proteção ao lar.

País do forró

Este ano, o Governo de Sergipe preparou para os festejos juninos no estado uma programação com mais de 30 dias de festa. Na capital, a festa acontece em cinco pontos: Arraiá do Povo, na Orla da Atalaia, Rua São João, Gonzagão, Centro de Criatividade e 18 do Forte.

Ao fim dos festejos, terão passado pelo Arraiá do Povo mais de 250 atrações, sendo 140 sergipanas, 40 nacionais, 60 apresentações de quadrilhas juninas e 40 trios pés de serra.

A programação dos festejos juninos realizada pelo Governo de Sergipe tem o patrocínio do Banese, Deso, Maratá, PagBet e Eneva, e apoio da Energisa e MOB.

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