Estudantes residentes em Nossa Senhora do Socorro, na Grande Aracaju, denunciam falhas no processo seletivo da Prefeitura do Município para o transporte universitário. 

Marcos Rodrigues/ASN

Segundo informações que chegaram ao F5News, mesmo preenchendo todos os requisitos exigidos no edital, dezenas de alunos foram reprovados na seletiva, ficando sem transporte público para chegar até as instituições de ensino, que já retornaram ou estão em processo de retorno às aulas presenciais neste ano letivo de 2022. 

Nathalia Gomes, 27 anos, é estudante do curso de Letras-Inglês da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde as aulas no sistema híbrido retornaram em 31 de janeiro, e se coloca como uma das prejudicadas no processo seletivo da Prefeitura de Socorro. 

De acordo com Nathalia, o edital de 2022 se baseia em prerrogativas de um antigo edital, do ano de 2020, o qual já estava defasado e apresentava falhas. 

“No meu caso, por exemplo, o edital ofertou 40 vagas para a minha região, que é a rota 2, turno noturno. Onde eles pegam alunos nos bairros Piabeta, Albano e Marcos Freire I, II e III e levam à UFS, campus São Cristóvão. Essa rota é uma das que mais tem demanda, então muitos ficaram de fora mesmo atendendo todos os critérios. Enquanto isso, há rotas que foram mal distribuídas pelo edital, concedendo 80 vagas e nem chegando a encher”, diz a jovem. 

Nathalia relata também que nessa mesma rota em que foram ofertadas 80 vagas, apenas 33 pessoas foram selecionadas. Em outra, que também tem 80 vagas, foi selecionada apenas uma pessoa. 

“Várias rotas superlotadas foram afetadas, deixando alunos de fora, enquanto outras deveriam ser remanejadas ou nem existirem. Outro caso de incoerência foi a exclusão da rota vespertina dos bairros Piabeta, Albano e Marcos Freire. A rota sempre existiu, mas esse ano eles simplesmente tiraram, e ainda mentiram dizendo que foi feito com base em rotas já existentes. Mentira, pois vários alunos utilizavam a rota e os testemunhos deles são o mínimo necessário para mostrar que a rota existia”, disse Nathalia ao F5News. 

Ela já teve acesso ao transporte no período de 2013 a 2017, durante a primeira graduação, e afirma que a irmã, estudante de Biblioteconomia do quarto período na UFS, também não foi contemplada no processo, juntamente com centenas de outras pessoas. Nathalia informa que tentou contato com a prefeitura para ajustar a situação por diversas vezes. 

“Na verdade, acho que esse ano o processo só ocorreu porque os pressionamos, e ainda ocorreu com atraso. As aulas começaram dia 31 e o (ônibus) escolar nem estava rodando. As justificativas deles sempre se baseiam em que estão seguindo o edital, mas a grande questão é que o edital é falho, pois não concordamos com a forma que foram distribuídas as vagas e rotas. E ainda temos nossas dúvidas se eles seguem e analisam os alunos pelos critérios com atenção", questiona a estudante.

"Alguns colegas que ficaram de fora afirmam ter uma renda baixíssima e terem se inscrito no processo nos primeiros minutos em que ele abriu, dizem que conhecem outros colegas que passaram, com renda maior. Cadê o critério de conceder a vaga para os de menor renda?”, completa Nathalia. 

Procurada por F5News, a Prefeitura de Socorro informa que o “Programa de Transporte Estudantil não recebe auxílio do Governo Federal nem do Estado, ao contrário do Fundamental e do Ensino Médio”, portanto, é mantido apenas por recursos próprios, o que faz com que haja limite de vagas. 

“Dos mais de 900 alunos inscritos no edital deste ano, a expectativa é de que o município atenda mais de 700. E um dos critérios de classificação e objetivos do edital é atender pessoas de menor renda. A comissão do Transporte estará entrando em contato com os alunos a partir de hoje, segunda-feira (14), para a apresentação da documentação e, ainda nesta semana, os transportes voltarão a atender os alunos de forma gradativa, conforme a confirmação das rotas”, disse a Comunicação da Prefeitura. 

A gestão não entrou em detalhes sobre os motivos que levaram os alunos a serem reprovados no edital.