Por Silvio Oliveira

Classe C e D entram no mercado das viagens aéreas

No desembarque do aeroporto Santa Maria, em Aracaju, a técnica em multimeios didáticos Maria Fernanda Santos (32), junto com o marido, escolheu a capital sergipana impulsionada por uma promoção de uma operadora em São Paulo e pela primeira vez fez sua tão sonhada viagem de férias. “Nunca tinha viajado de avião e o melhor, de férias”, revela, dizendo que pagou o pacote em suaves prestações de R$ 130, no cartão de crédito.

Maria Fernanda Santos faz parte do cálculo do Ministério do Turismo que estima que 23 milhões de brasileiros entraram no mercado do consumo turístico nos últimos anos e  embarcaram e desembarcam pela primeira vez nos aeroportos do Brasil. Junto com o aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, as facilidades em dividir a primeira viagem em 10 vezes no cartão de crédito, a chegada da companhia aérea Azul e o estímulo ao turismo interno fazem com que cada vez mais sergipanos e turistas que ganham na faixa entre R$ 1.115 e R$ 4.807 viajem mais.

Essa ascensão das classes C e D para consumo de viagens e a necessidade de segmentação de produtos turísticos como forma de atender as expectativas desse novo consumidor são cada vez mais freqüentes nas rodas de debate entre os órgãos ligados a essa área. Sergipe não está fora do contexto e se mobiliza para captar um percentual desse novo público.

 Para atrair ainda mais os “marinheiros de primeira viagem”, o secretário de Turismo de Sergipe, Elber Batalha, afirma que Sergipe se prepara capacitando a mão de obra do setor, ampliando a malha aérea e divulgando o estado como um destino promissor. “Somente no segundo semestre de 2011 e ano inteiro de 2012 iremos investir R$ 1 milhão em capacitação, com parceria com o Ministério do Turismo. Aliado a isso, estamos incentivando a ampliação da malha aérea em quatro novos voos: dois novos para Brasília e Salvador, um para São Paulo e o primeiro voo direito para Belo Horizonte”, assegura.

Com a chegada de novas opções de voos a aposta é gerar concorrência entre as companhias, motivando a queda nas tarifas. Para se ter uma ideia, o Instituto Data Popular estima que cerca de 10,7 milhões de brasileiros devem fazer a primeira viagem aérea nos próximos 12 meses. Desse total, 8,7 milhões são cidadãos das classes C e D, ou seja, redesenhar o perfil dos novos turistas sergipano é apostar num futuro promissor para o seguimento do turismo.

Por conseguinte, mais passageiros preferindo viajar de avião significa maior infraestrutura aeroportuária. Diferente do que acontece nos aeroportos do país, o Aeroporto Santa Maria, em Aracaju, ainda não trabalha no limite e pode receber mais voos durante o dia-a-dia.

De acordo com o superintendente da Infraero/SE, Luiz Alberto Bittencourt, há um crescimento em torno de 16% no desembarque e embarque de passageiros nos primeiros cinco meses de 2011, em relação 2010. Para ele, ainda há “janelas” nos horários de voos, com dois picos que poderiam intercalar mais aeronaves. “Temos picos de embarque e desembarque porém podemos atender com conforto os novos passageiros com tranqüilidade no restante do dia”, ressalta.

Sergipe para os sergipanos

Há um projeto para que as classes C e D sergipana viajem mais internamente no Estado. A previsão é que nos próximos meses seja lançado um projeto estadual de divulgação e incentivo, a fim de que os sergipanos conheçam as atrações turísticas internamente e sejam os próprios divulgadores das belezas. Caso ele comprove que é sergipano e residente no Estado, poderá ter descontos e incentivos. “A maioria dos sergipanos nunca andaram de catamarã, nunca foram a Foz do Rio São Francisco, não conhecem a Lagoa Redonda em Pirambu e tantos outros atrativos que nosso estado tem e que nosso povo que precisa se orgulhar da riqueza e beleza do nosso estado. Iremos lançar ainda no primeiro semestre de 2011 no projeto de interiorização do turismo”, divulga o secretário Elber Batalha.

Para Tanit Bezerra, coordenadora de Turismo da Funcaju, o novo perfil do brasileiro que tinha o sonho de viajar não conseguia realizar nos últimos anos mudou muito e com o novo reoordenamento a Funcaju, como gestora do Município e responsável pela divulgação turística da capital sergipana, irá continuar divulgando, mas ela lembra que a iniciativa privada tem que fazer também a sua parte. “O Barco do Forró e a Marinete do Forró são exemplos, pois o turista conhece a cidade e fica induzido a voltar. Estamos fazendo a nossa parte, dando o pontapé inicial, mas o empresariado tem que fazer a sua parte também”, ressalta.

Em algumas partes do País, a exemplo de São Paulo, já é possível comprar bilhetes aéreos em redes de supermercados e lojas de eletrodomésticos. Em determinados trechos, a passagem de avião, além de prática, muitas vezes sai mais barato e tem opções de pagamento mais flexíveis do que os bilhetes de ônibus. Uma passagem de ônibus AJU/SSA de ônibus custa em média R$ 50, a depender da empresa e do conforte do transporte. Em determinadas temporadas o mesmo trecho poderá custar R$ 79 de avião, ou seja, não demorará para que os marinheiros de primeira viagem sejam rapidamente os féis marinheiros vips do amanhã.