Dólar alto vai deixar preços dos pães, massas e bebidas mais caros | F5 News - Sergipe Atualizado

Dólar alto vai deixar preços dos pães, massas e bebidas mais caros
Em 2015, o pão francês ficou 24,32% mais caro no ano passado
Economia 13/01/2016 14h46


Da Redação

A tímida trégua do dólar durou pouco. Mesmo operando em queda nesta quarta-feira (13), a moeda norte-americana segue no patamar de R$ 4 e este ano já subiu 2,46%. Com esse valor, 48% superior ao de janeiro de 2015, quando valia R$ 2,70, a moeda começa 2016 apertando ainda mais o orçamento dos brasileiros. Empresários do ramo de importação e as indústrias de pães, massas e biscoitos anunciam repasses para o consumidor, como ajuste aos custos mais altos. Além do câmbio, pesa na conta dos fabricantes e do comércio o novo salário mínimo, de R$ 880, mais tributos e energia cara. O pão francês deve encarecer até 11% nos próximos dias e biscoitos, massas, bolos e pães industrializados tendem a ser reajustados em 12%.

A chegada do dólar a R$ 4 pode ser só começo. O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira prevê que a moeda norte-americana se mantenha nesse patamar, porém, com pico de R$ 4,30 no decorrer do ano. “Fatores como a saída de dinheiro do Brasil, com a falta de confiança no país, são um dos motivos para essa variação”, afirma o especialista.

A preocupação com os rumos da economia chinesa, locomotiva mundial do consumo e a declaração da Coreia do Norte de que realizou, com sucesso, seu primeiro teste com bomba de hidrogênio são tensões que levam os mercados a procurarem ativos considerados mais seguros – como o dólar – fazendo a cotação da moeda subir. Por aqui, o impacto é inevitável. Além da alta do câmbio, a crise econômica brasileira tem deixado empresários arredios e com receio sobre como vai ser 2016.

“Esse impacto do dólar é uma injeção na veia. O trigo usado na panificação consumido no Brasil é quase todo importado. Por isso, a desvalorização do real é algo completamente danoso para a indústria”, comenta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação, José Batista de Oliveira.

O impacto é grande e há outros componentes que pesam no caixa dos empresários, como a energia elétrica, que é um dos maiores custos na panificação. O insumo encareceu 51% em 2015, além do aumento do salário da mão de obra. Diante desse cenário, as empresas alegam que o reajuste é inevitável. “Matéria prima, energia elétrica e mão de obra são os maiores custos para o setor”, justifica Oliveira.

Por dia, as 900 padarias de Sergipe utilizam em média cinco sacos de farinha, ou seja, são 4.500 sacas para produzir o tradicional pãozinho diariamente no Estado. Em 2015, o pão francês ficou 24,32% mais caro de acordo com levantamento do Dieese. Além da desvalorização cambial, a diminuição da produtividade da safra brasileira por questões climáticas e os aumentos nas tarifas de água e luz impactaram no custo de produção do alimento.

Segundo o Sindicato dos Panificadores de Sergipe, o setor atua com livre concorrência, por isso o preço não é tabelado, mas o quilo do pão tem custado entre R$ 7 e R$ 10 reais e a tendência é de que continue a subir, pesando, sobretudo, no orçamento daqueles que têm o menor poder de consumo.  “No ano passado, até o mês de junho foi um período equilibrado, porém entre os meses de julho e novembro houve aumento da farinha de trigo e depois o preço estabilizou novamente, mas com essa recessão do dólar o consumo de trigo caiu 5%. O maior consumidor de pão está na classe média e baixa, a classe alta até consome, mas não de forma tão intensa”, pondera Antônio Carlos de Araújo.

Tributação

O câmbio a R$ 4 não é o único vilão para empresários de outros setores. Além da alta da moeda, tributos também aumentaram nos últimos meses. Desde o dia 1º de janeiro começaram a valer as novas alíquotas de ICMS em Sergipe, para vários produtos, entre eles, os combustíveis.

Os empresários sergipanos não receberam com satisfação a notícia do reajuste. Acreditando não ser essa a solução para enfrentar o cenário instável economicamente, entidades empresariais projetam consequências como mais demissões em decorrência da redução do consumo por conta da diminuição do poder de compra, que já vem caindo desde o ano passado.

“Ao invés de buscar soluções criativas para resolver o crônico problema do desequilíbrio das contas públicas estaduais e sob a complacência da sua base parlamentar, o governo volta a recorrer à confortável estratégia de aumentar a já estratosférica carga tributária, lançando sobre os ombros da sociedade uma conta que não lhe diz respeito diretamente”, diz um trecho da nota de repúdio assinada por 30 entidades empresariais sergipanas.

Fluxo cambial positivo

Mesmo em um ano de desconfiança política e de indicadores ruins da economia, que levaram o Brasil a perder o selo de bom pagador por duas agências de classificação de risco, o fluxo cambial total de 2015 ficou positivo em US$ 9,414 bilhões. O resultado é o melhor para o país desde 2012, quando o volume de entradas de dólares superou o de saídas em US$ 16,753 bilhões. Nos dois últimos anos, o envio de recursos foi maior do que os ingressos. Em 2014, o resultado ficou negativo em US$ 9,287 bilhões e, em 2013, em US$ 12,261 bilhões. De acordo com dados divulgados semana passada pelo Banco Central, a área financeira pode ser avaliada como o lado ruim dessa conta, assim como já havia ocorrido em 2014.

*Com informações do Estado de Minas

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