Pela capacidade de gerar emprego e renda, o setor imobiliário é um dos mais importantes para a economia de qualquer cidade, inclusive porque movimenta toda uma cadeia produtiva. O ano passado foi marcado pela oferta de crédito, inflação estável e redução histórica na taxa de juros, cenário que, segundo imobiliárias, possibilitou o crescimento no poder de compra dos consumidores. De 2018 a 2019 o setor teve alta de 15,45% nos novos lançamentos imobiliários e de 9,7% nas vendas, o melhor resultado dos últimos quatro anos.

Foto: Ana Lícia Menezes/Agência Aracaju de Notícias

Os dados foram revelados em um estudo lançado nesta segunda-feira (2), de autoria da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que levou em conta as 17 maiores cidades brasileiras, além de 73 municípios de dez regiões metropolitanas. Foram lançadas 130.137 unidades residenciais em 2019, e 112.570 no anterior;  30% das vendas foram puxadas pela habitação de alto e médio padrões, enquanto o Programa Minha Casa Minha Vida foi responsável por metade dos lançamentos no terceiro trimestre passado - com 50,6% -, apesar de nesse quesito ter tido uma queda de 10% a 15% nas vendas. 

Para o setor, com a economia positiva é possível prever as ações comerciais de mercado e contar com o crescimento, no entanto, em Sergipe, essa guinada ainda é aguardada para esse ano. Na região Nordeste, segundo representante da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário de Sergipe (Ademi/SE), Everton Teixeira, esse crescimento ainda não chegou. 

"Na realidade a gente vê, sim, esse crescimento acontecendo, as incorporadoras e construtoras conseguindo lançar, gerando emprego no Sul e Sudeste do país, mas no Nordeste isso ainda não veio com a força que a gente gostaria. Mas a expectativa é grande para que isso aconteça. Espero que 2020 seja um ano para dar essa virada. Neste ano, o PIB está com estimativa de crescer entre 2 e 2,5% e boa parte desse crescimento é lastreado em uma melhora econômica que gera emprego e que vem da construção civil", considera Teixeira.

Um dos fatores importantes para isto, segundo ele, é a necessidade de definir regras mais claras para o Minha Casa Minha Vida.  "Infelizmente a gente ainda não teve uma estabilidade para a liberação dele para 2020. Ora está liberando recursos, ora não. Mas acreditamos que estão no caminho certo, se o Governo se posicionar demonstrando que esse programa vai continuar, acredito que vai impulsionar mais esse negócio", disse o representante da Ademi.

De acordo com o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a participação maior de mercado ficou com a caderneta de poupança, que cresceu 30%, enquanto o orçamento do Fundo de Garantia (FGTS), utilizado para financiamento no programa, se reduziu em cerca de 10%. Já segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, o governo liberou, em fevereiro, R$ 47 milhões via Caixa Econômica para o programa. O recurso é referente à parcela da união dos subsídios do FGTS. Ao todo, neste ano, foram liberados quase R$ 160 milhões.

A Câmara tem expectativa de crescimento de 10% para 2020 que, apesar da redução do FGTS, deve ser compensada com outras formas de financiamento e de outras regiões do país para aquecer o mercado. Em Sergipe, já existe expectativa de lançamentos, como um da construtora MRV, que atua há nove anos no mercado aracajuano. Para este ano, a companhia pretende lançar quatro empreendimentos, que somam 1.324 unidades habitacionais - num investimento de cerca de R$ 132 milhões. 

A empresa, que opera em mais de 160 cidades em diversas partes do país, tem atualmente em Aracaju dois condomínios fechados em construção nos bairros Marivan e Barra dos Coqueiros, com investimentos na região em cerca de R$ 10 milhões em infraestrutura urbana, obras que são realizadas juntamente com a construção dos condomínios. A MRV se prepara ainda para inaugurar seu primeiro Centro de Experiência em Aracaju, loja da construtora.

*Com informações da Agência Brasil/TV Brasil