Antônio Leite: “O caranguejo vai sair bacana do mangue para a avenida" | F5 News - Sergipe Atualizado

Pré-Caju 2022
Antônio Leite: “O caranguejo vai sair bacana do mangue para a avenida"
Fundador do bloco ecológico Caranguejo Elétrico fala sobre a origem da proposta
Entretenimento | Por Monica Pinto 27/08/2022 11h00


Ao longo de 25 edições do Pré-Caju, o Caranguejo Elétrico se tornou um bloco com tradição de agregar uma turma “descolada”, unindo representantes de variadas tribos, com ênfase para os meios artístico-cultural, acadêmico e da imprensa, que sempre brincaram em total harmonia.

Por essa razão, era usual ver famílias desfilando, dos netos e netas aos avós, atraídos não apenas pela festa em si, mas também pela mensagem de conscientização ambiental que ampara o bloco desde seu nascedouro: a necessidade de preservar os manguezais, lar do caranguejo-uçá, um patrimônio cultural e gastronômico de Sergipe.

A proposta que une folia e cidadania vem contando com o apoio de empresas privadas e dos poderes públicos, a exemplo do Ibama, Petrobras, Banese, Prefeitura de Aracaju e Governo do Estado, que inserem suas marcas num evento de massa.

Agora, o caranguejo novamente sai do mangue para a avenida, conforme o trocadilho do fundador do bloco, o ator e produtor cultural Antônio Leite.

Nessa entrevista ao F5 News, ele relembra essa trajetória e comenta sua expectativa para o Pré-Caju 2022, evento que já foi tido como a maior prévia carnavalesca do país, suspenso em 2015 e cujo retorno, de 4 a 6 de novembro próximo, vem sendo comemorado por foliões e pelo trade turístico.

F5 News – Como surgiu a ideia do bloco?

Antônio Leite - Em meados da década de 90, ali por 94 mais ou menos, teve aquela grande mortandade do caranguejo, o que obrigou a se consumir menos, não comer o caranguejo pequeno. Eu já era mais enturmado nos movimentos ecológicos e comecei a ir nos bares e pelas ruas com um megafone dizendo para as pessoas não comerem o caranguejo com a carapaça pequena. Tinha uma medida de tamanho e eu saía na rua falando isso. O movimento foi de agrado da população, as pessoas gostavam, riam. Eu chegava nos bares e dizia: “não coma o caranguejo pequeno! Vamos comer o caranguejo grande, não podemos deixar acabar o nosso caranguejo, nossa cultura”. Aqueles babados com jeito de camelô.

F5 News – E que maneira esse movimento virou um bloco?

Antônio – Eu fui convidado a um churrasco na casa do Cacau Franco, casa em que eu sempre ia, e lá estavam o Adierson Monteiro e o Fabiano Oliveira. Eles três então começaram a falar dessa atitude minha, eram simpáticos a ela. Eu já tinha o Caranguejo Elétrico na cabeça, na verdade já tinha saído, acho que no segundo Pré-Caju, em cima de um caminhão querendo editar os carnavais de Aracaju, que eram em cima de um caminhão. A gente foi atrás de um caminhão, conseguiu de uma transportadora e saía passeando em Aracaju com som.

Então, eu tentei editar isso no Pré-Caju, botei os amigos no caminhão e saímos, indo direto na época lá para o Augustu´s, porque ainda não tinha o Corredor da Folia.

F5 News - Como o projeto foi crescendo?

Antônio – Nesse mesmo churrasco, eu falei com eles:  “pô, então vamos fazer um trio elétrico pequeno, Fabiano, e  você me dê o acesso no Pré-Caju”. Ele disse: “tudo bem, dou!”. Eu  falei: “o problema de fazer é que não tem o dinheiro”. Então, eles se cotizaram. O Adierson Monteiro, o Cacau Franco e o Fabiano Oliveira me deram boa parte do recurso na construção do caminhãozinho que era o minitrio, e saímos a primeira vez com cerca de trinta pessoas. Todo mundo gostou muito, foi um sucesso. No ano seguinte, já foram umas trezentas pessoas.  

F5 News – Cresciam o trio e o público?

Antônio – Sim. O minitrio era mais com uma turma ali brincando, mas depois eu comecei a botar um trio elétrico maior porque com o barulho do Pré-Caju, o som do triozinho não dava, se perdia. Meu irmão Sucupira tinha um trio pequeno – porém maior do que o anterior – e nos emprestou para a gente sair no Pré Caju.

F5 News – A que você atribui o constante engajamento de foliões ao bloco?

Antônio – O Caranguejo foi crescendo sobretudo pela simpatia que despertava na sociedade. Você via lá e ainda vê advogados, desembargador, o governador, prefeito. E mais, os jornalistas e a intelectualidade tomaram conta do bloco. Hoje tem até esse título de “o bloco mais querido do Pré-Caju”, que a gente usa.

F5 News – Qual o número de foliões que o Caranguejo Elétrico chegou a agregar?

Antônio – Nas três ou quatro últimas edições do Pré-Caju, foram mais de 3.500 participantes, uma glória. Para mim, é uma realização, entre o caminhão que foi 95 e até agora foram 25 vezes, ou seja, 25 anos de bloco. Nem o Caranguejo, nem o das Cajuranas, faziam parte da associação de blocos. Nós não fazíamos parte da organização do Pré-Caju, não entrávamos no bolo, nem na grana, nem da despesa. Então, tínhamos autonomia.

F5 News – Mas isso não dificultava a produção?

Antônio – Não porque eles entendiam que o Caranguejo sempre foi bom pro Pré-Caju, por ser um bloco ecológico, ter um apelo ecológico. Sempre fizeram questão do Caranguejo Elétrico sair. O Seu Augusto, pai de Fabiano, sempre fez uma defesa, eles sempre ajudaram, na verdade. Fabiano dava os kits, ele tinha muitos blocos, então botava no bolo, pedia às empresas fornecedoras e elas mandavam os nossos kits sem custo. Isso foi uma ajuda e tanto. E o bloco já tem uma coleção de grandes artistas - Moraes Moreira, Elba Ramalho, Spock Frevo, Armandinho, de Dodô e Osmar, grandes nomes da música brasileira.

F5 News – Ajudou o fato de o bloco usualmente sair ainda com o dia claro?

Antônio – Sim, sempre fiz questão de ser no domingo, era um dos primeiros blocos a sair, lá pelas 16h/17h. O sol estava mais frio, até já porque tinha muita gente de idade e também crianças, então havia essa preocupação. Este ano, vamos sair às 16h também lá na Orla.

F5 News – Qual a sua expectativa para esse retorno?

Antônio – O Caranguejo sai no dia 6 de novembro com animação de Armandinho, do bloco Dodô e Osmar. O Caranguejo se identifica mais com esse tipo de música, é um carnaval mas sem muito axé, uma música mais apurada. Não que eu ache axé ruim, não estou dizendo isso, mas é uma música mais apurada, mais no gosto da intelectualidade que sai – se bem que sai todo tipo de gente.

Minha expectativa é de sucesso absoluto. Já está sendo feita a venda do casco [como é chamado o abadá do bloco]. Vejo uma receptividade do povo muito boa e acredito que o Caranguejo Elétrico vai sair do mangue para a avenida bacana.

F5 News – Onde os interessados podem adquirir o casco e qual o preço?

Antônio – Na Central de Vendas do Pré-Caju no shopping Riomar, de 10h às 22h, e também no Maui Food Park, das 17h às 23h. O casco tem preço promocional de lançamento no primeiro lote: R$ 120. 

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