Direto do Catar: Jornalistas sergipanos comentam sobre cobertura da Copa | F5 News - Sergipe Atualizado

Copa do Mundo
Direto do Catar: Jornalistas sergipanos comentam sobre cobertura da Copa
Kleber Santos e Jorge Henrique chegam para sua quarta cobertura de Mundial
Esporte | Por Emerson Esteves 23/11/2022 09h01


10.379 mil quilômetros separam Doha, capital do Catar, de Aracaju, capital de Sergipe.  Entre os mais de 1,2 milhão de visitantes que devem passar pelo país do Oriente Médio, que sedia pela primeira vez a Copa do Mundo de Futebol Masculina, dois deles se destacam por uma peculiaridade: os jornalistas sergipanos Kleber Santos e Jorge Henrique vão para a quarta cobertura de mundial de clubes. 

Desde 2010, na Copa da África do Sul, os comunicadores marcam presença no principal evento de futebol do mundo. 

“Eu me lembro muito bem que na cerimônia de abertura eu tinha apenas trinta anos. Cheio de sonhos, cheio de expectativas para vida e para o futuro, e quando estava lá em cima eu estava um pouco atônito, dada a  grandeza da cerimônia. Eu olhei para um jornalista que estava do meu lado, ele também olhou pra mim e juntos dissemos ‘cara estamos numa Copa do Mundo’”, disse Kleber Santos ao F5 News. 

O jornalista, que tem uma afinidade muito grande com o futebol - ele conta ter memórias desde as copas de 1986 e 1990 -  conversou com o portal no intervalo entre as coberturas do evento, durante a madrugada desta segunda-feira (21), no Catar. Ele está credenciado para cobrir, ao todo, 24 das 28 partidas da primeira fase. 

 

Já tendo passado por outros tantos países ao longo desses anos, ele comentou suas primeiras impressões sobre o Catar. “Tenho percebido que é uma cidade limpa, e olha que eu já tive a oportunidade de andar de metrô em várias linhas do trem em várias regiões de Doha e além disso tem a expectativa  que tem se cumprido dessa aglutinação de torcedores de vários países em uma só cidade”, disse.

Ele destaca que tem notado o investimento financeiro na infraestrutura do evento, “O dinheiro pode comprar e resolver alguns problemas dessa Copa do Mundo, dinheiro não falta nesse país. As estruturas dos estádios são absurdas. Os edifícios bem feitos, bem arquitetados. Em termos de infraestrutura, por exemplo, de transporte para os torcedores e também para imprensa, são dezenas e dezenas de ônibus. Tem metrô gratuito, ônibus gratuito”, detalhou. 

E sua percepção dialoga com os números concretos. A Copa do Catar, um país que possui dimensão geográfica menor que Sergipe, já é considerada a mais cara da história. O país gastou US$ 15 bilhões para tornar o evento possível. 

Assim como Kleber, seu colega Jorge Henrique também chamou atenção para as peculiaridades do país. “A esperança é de que tenhamos uma Copa sem problemas. Chegamos na terça passada, muito quente aqui. É tudo muito restrito; álcool, pelo que soube, só nas Fan Fest [festas oficiais da Fifa], nos estádios não pode. Ontem , na abertura, os equatorianos começaram a cantar QUEREMOS CERVEJA (risos). Em relação às pessoas LGBTQIAP+, realmente não se vê. Bom, ao menos não vi, ainda”, declarou.

Além do investimento alto, a Copa do Catar já em sua primeira semana tem sido marcada por polêmicas, e os sergipanos em diáspora têm notado as particularidades desta Copa. Isso envolve desde a ausência de direitos das pessoas LGBTQIAP+ a questões culturais dos eventos esportivos e do futebol - como o consumo de álcool, que por lá é proibido.

A Copa das proibições

Era sabido que quando a FIFA decidiu, em 2010, que o Catar sediaria a Copa do Mundo em 2022, veríamos algo diferente no evento, visto que os costumes culturais e religiosos de uma Copa inédita no Oriente Médio já trariam novidades, e principalmente por algumas leis do próprio país. 

O Catar possui abertamente um Código Penal anti-LGBTQIAP+ que condena a homossexualidade como prática criminosa, passível de uma pena de oito anos de prisão ou até mesmo de morte.

“Na segunda-feira (21), no segundo dia de Copa do Mundo, não vi pessoalmente, mas já li relatos de pessoas usando chapéu ou boné com as cores do arco-íris ou então a camisa foi barrada (do estádio). Inclusive um jornalista americano foi barrado. Não pôde entrar”, declarou Kleber. 

Não são apenas os torcedores visitantes que não podem manifestar abertamente sobre a sua liberdade sexual. Jogadores e federações de futebol têm sido alertadas pela própria FIFA da proibição de atitudes pró LGBT, como nos casos dos capitães da Holanda e Inglaterra que costumam jogar com uma braçadeira escrita “OneLove”. 

“Fica difícil pregar a unidade entre os povos em que o futebol e uma Copa do Mundo simbolizam com essas questões culturais de um país anfitrião. Então a questão é: por que a FIFA permitiu isso?”, questiona o jornalista. 

Tanto Kleber quanto Jorge Henrique contaram que a proibição da cerveja com álcool nos estádios também gerou um estranhamento. Ainda mais para eles, com três Copas do Mundo na bagagem e o costume de conviver com a cultura do torcedor e da bebida nesse tipo de evento. 

 

“Sinceramente, pelas três últimas Copa do Mundo e o dia a dia de uma competição: os torcedores não vêm apenas para assistir aos jogos. Eles vêm para beber muito. Então, quando já tem essa contenção de tentar anular um comportamento natural dos torcedores de poder beber cerveja em grande quantidade, já fica uma copa esquizofrênica. Uma copa com várias adaptações, e perde um pouco da identidade dela em termos de direitos humanos e de questões culturais”, ressaltou Kleber. 

Mesmo em um contexto atípico de cobertura, eles não escondem a empolgação e o otimismo com a seleção brasileira - para, enfim, espantar qualquer boato de serem “pés-frios”.

“Pessoal fala que sou pé frio, mas não tem nada a ver. A base dessa seleção venceu a Copa das Confederações em 2013 e eu estava lá no Maracanã. Espero que venha o hexa”, brincou Jorge Henrique.   

“Acho que a seleção está num momento ótimo tecnicamente e não vejo outra seleção nesse patamar, mas a partir da primeira fase é mata-mata, e aí tudo pode acontecer”, completou Jorge.

“Eu acredito que vai ser Brasil e Argentina, mas de uma final entre os dois que talvez pode ser até na semifinal, aí fica difícil até saber. Como eu sou brasileiro eu vou dizer que o Brasil vai ser hexacampeão”, concluiu Kleber Santos. 

Os jornalistas buscam histórias de bastidores, de comportamento e cultura, sempre à procura de outros sergipanos. Independentemente do resultado que a seleção brasileira traga para casa, é fato que esta Copa já marcou as suas próprias histórias. 
 

Edição de texto: Ana Luisa
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