40% do eleitorado sergipano ainda não têm candidato a deputado | F5 News - Sergipe Atualizado

40% do eleitorado sergipano ainda não têm candidato a deputado
Informação é do diretor da Empresa de Pesquisas Única, Alexandre Wendel
Política 22/09/2014 10h15


Por Joedson Telles

Às vésperas de o eleitor ir às urnas, o diretor da Empresa de Pesquisas Única, Alexandre Wendel, comenta o processo eleitoral tendo como base as pesquisas. Segundo ele, é grande número de indecisos, sobretudo no tocante aos proposicionais, onde cerca de 40% ainda não sabe em quem votar. Wendel comenta também as críticas que as pesquisas sempre recebem, principalmente por parte de quem não aparece bem.

“Está uma verdadeira bagunça com jornalistas se comprometendo falando nome de candidatos, jornais tendo candidatos explicitamente, o horário eleitoral quem é bom e quem é ruim. Agora, culpar unicamente a pesquisa e dizer que ela induz o eleitor é uma covardia ao instituto de pesquisa porque os jornalistas fazem muito mais”, diz.

O diretor da Empresa Única ainda faz um alerta ao eleitor. “Existe uma empresa de pesquisa que foi criada essa semana para poder publicar uma pesquisa mentirosa. Vamos ficar atentos sobre quem é esse instituto que apareceu só nessa eleição ou quem é aquele jornalista que faz coisas que são inverdades. Isso tudo tem que ser pesado. Eu acho que já dá para o eleitor ter uma consciência de qual é o instituto de pesquisa sério e o que não é, qual o jornalista sério e o que não é, qual o jornal do governo e qual o jornal da oposição”. A entrevista:

Já é possível fazer uma avaliação das eleições 2014 no tocante às pesquisas eleitorais?

O número de indecisos em todos os segmentos é alto. Ele começa com 40%, vai diminuindo, mas nessa eleição, por exemplo, até o presente momento nós temos mais de 40% indecisos para cargos proporcionais de federal e estadual. É um número alto que demonstra o desinteresse da população com relação aos cargos proporcionais e olhando só para os majoritários. Parece que só majoritário é importante, enquanto que o proporcional é o que vai andar direto com o povo na sua rua, no seu bairro, no seu município. Isso parece que não tem muito interesse para o eleitor. O governo, tanto no cenário estadual quanto federal, tem uma força muito grande com a própria máquina, com a exposição na mídia acaba sendo muito mais do que qualquer adversário. Você viu Dilma num avião, que com certeza estava num mandato presidencial, mas alguém vai perguntar se é mandato presidencial ou se é campanha, se usou a máquina ou não. O executivo no uso do poder tem muito mais visibilidade, é mais fácil. A não ser que o candidato tenha uma rejeição muito grande, tenha feito um mandato muito ruim e o índice de rejeição esteja muito alto, aí fica difícil. Mas se for favorável é muito difícil tirar a pessoa do trono.

O percentual é 40% de indecisos para os proporcionais. E os majoritários?

Diminui um pouco, porque quando se pensa no majoritário a população fica mais atenta. Parece que a eleição é só dos majoritários. Isso vai repetir na campanha municipal, que vai ficando mais próxima: o povo comentando quem é o candidato a prefeito, e o vereador acaba sendo um pouco mais desprezado. Muita gente acaba decidindo o voto na última semana, quando cai bastante esse número de indecisos, e muita gente decide na boca da urna mesmo. Na hora que chega lá vota porque não faz diferença nenhuma. Tem que mudar. Acho que o voto distrital pode ser um caminho. Existem diversas maneiras para que a população possa perceber quem é o seu vereador, quem é seu deputado estadual e o federal para cobrar suas responsabilidades. Isso ainda está um pouco confuso na cabeça do eleitor.

Fala-se que a pesquisa é o retrato do momento. Esta frase é 100% verdadeira?

Estou sentado com você agora. Você está de calça preta e camisa branca. Você pode ir para casa à tarde e ir à praia de sunga. À tarde você não está vestido da mesma maneira que estava de manhã. A pesquisa é a mesma coisa. Quando você vê a pesquisa na televisão ela já vem atrasada, representa quatro dias (de atraso), e às vezes uma semana, e já mudou muito. A gente escuta às vezes que a pesquisa não condiz com o que escutamos nas ruas, mas é porque uma realidade de cinco dias atrás. Há muita coisa que interfere. Uma certa vez eu fiz uma pesquisa no interior, na sexta-feira tinha um resultado que todo mundo conhecia, mas no sábado um carro do candidato foi metralhado e no domingo o resultado foi totalmente diferente. Um assassinato, uma condição climática diferente, tremor de terra, compra de voto, tudo acaba interferindo. Não se pode pegar uma pesquisa de agosto em setembro e falar que o instituto de pesquisa errou. Ele falou o resultado naquele período, naquela semana. Hoje você pode estar vestido de um jeito, amanhã de outro e depois de outro. Cada momento você estava de um jeito. O eleitorado vai perceber o político na mesma maneira.

O que os políticos fazem nessa época da campanha, às vésperas do pleito?

Os políticos precisam de alguma maneira, com esse número de indecisos, se fazer presente. Começa agora uma loucura na visita pelos bairros, pelos municípios para mostrar que ele está ali, o que para muita gente já ficou percebido, que político só aparece de quatro em quatro anos. Essa euforia de período eleitoral começa a ter conflito de candidatos na sua rua. Recebe quatro candidatos na mesma época e depois da eleição fica sem ter candidato nenhum. Agora também porque o povo não sabe cobrar e acompanhar, só sabe acompanhar quando está na rua, mas existem outros mecanismos como mandar um e-mail, acompanhar pela TV legislativa. O problema é que existe uma preguiça e uma falta cultura para acompanhar quem são os candidatos, o que estão fazendo ou quem não está, ou até quem está contra. Às vezes, o candidato está contra o seu bairro, na eleição passa lá e você pensa que o cara é bom.

O eleitor responde as pesquisas conscientemente ou parece ser desinformado?

O eleitor brasileiro não tem o discernimento de acompanhar a política diariamente. Eu já cheguei a fazer pesquisa em algumas cidades do interior bem pobre, que não tem água, não tem esgoto, calçamento e nada, e pergunto ao eleitor se ele vai votar no mesmo candidato e ele diz que vai porque não vota para ele calçar a rua, mas pra ele ir em sua casa e dar cigarro. A percepção do eleitor, do que o deputado e o prefeito devem fazer (papéis na vida pública), ainda é muito confusa, é tanto que você vê vereador dizendo que vai mudar o valor do salário mínimo e as pessoas acreditando, candidato a prefeito dizendo absurdo que não vai ser possível fazer, e por aí vai. Na cabeça do eleitor ainda não existe essa consciência, ainda tem muita coisa para aprender e é um percurso muito grande ainda.

Como avalia a ideia do deputado federal Mendonça Prado de apresentar um Projeto de Lei proibindo a divulgação de pesquisas?

É como você entrar num cabaré e dizer que existem regras e só pode entrar de gravata. Está uma verdadeira bagunça com jornalistas se comprometendo falando nome de candidatos, jornais tendo candidatos explicitamente, o horário eleitoral quem é bom e quem é ruim. Agora, culpar unicamente a pesquisa e dizer que ela induz o eleitor é uma covardia ao instituto de pesquisa porque os jornalistas fazem muito mais. Quando você pega um jornalista e ele fala que o candidato bom é fulano e o ruim é outro também existe um valor distorcido. Então, ele está trabalhando para alguém e esse alguém também é errado. Imagine o Cid Moreira falando que o candidato bom é o candidato tal. Ele vai ter uma influência muito grande, muito maior de que um instituto de pesquisa. O instituto de pesquisa é o mais fraco e não está dizendo quem vai ganhar. Já vem com um retrato do que ele viu há cinco dias enquanto uma Veja, um jornal, um site pode influenciar muito mais do que um instituto de pesquisa. Na verdade, o eleitor precisa ter informação. Precisa da pesquisa, de bons jornalistas, de bons veículos de comunicação que estejam dispostos a falar o que está acontecendo no momento e falar de propostas dos candidatos, e não dizer quem é o candidato que presta e o que não presta. Isso não cabe a um veículo de comunicação.

No Brasil uma faixa de um eleitorado vê a política como futebol. Quer votar em quem vai vencer. Neste terreno, a pesquisa não acaba prejudicando o pleito?

Mas ela vai retratar o que está acontecendo. Se um candidato está na frente o eleitor vai pensar que o candidato está na frente por alguma razão e vai votar. Como o jornalista também vai dizer. O que não pode é uma pesquisa falsa, um depoimento de um jornalista distorcido porque foi comprado, um veículo de comunicação comprado falando que um candidato é bom quando não é.

Tem como filtrar para se chegar à boa pesquisa?

Eu tenho empresa de pesquisa que já existe há 15 anos e não errou uma eleição. Existe uma empresa de pesquisa que foi criada essa semana para poder publicar uma pesquisa mentirosa. Vamos ficar atentos sobre quem é esse instituto que apareceu só nessa eleição ou quem é aquele jornalista que faz coisas que são inverdades. Isso tudo tem que ser pesado. Eu acho que já dá para o eleitor ter uma consciência de qual é o instituto de pesquisa sério e o que não é, qual o jornalista sério e o que não é, qual o jornal do governo e qual o jornal da oposição. Isso já dá pra perceber, assim como em instituto de pesquisa não pode ser diferente.

Suponhamos que alguém trabalha num instituto sério fundado há anos, mas deixa este instituto e cria o seu próprio. Tem como saber se a pesquisa deste novo instituto tem credibilidade ou não, já que vai aparecer pela primeira vez na eleição?

Acho que pode comprara as pesquisas. No momento, Sergipe está sendo muito agraciado porque tem aí dois institutos de renome nacional, Vox Populi e Ibope, dois institutos de credibilidade, e têm vários participando. Se tiver alguma coisa muito distorcida do que essa turma está mostrando é bom ficar de olho, dar uma olhada quem está no instituto, se aconteceu alguma coisa errada. Outra coisa que se pode fazer é comparar as pesquisas. Num período eleitoral, os institutos fazem umas quatro pesquisas. Aí chega a semana da eleição e tem distorção muito grande, algo aconteceu. Se não teve nenhuma anomalia, alguém foi sequestrado, nenhum roubo, nenhum escândalo, porque aquele candidato subiu ou caiu?

Pode-se levar a sério uma pesquisa feita em apenas 30 municípios de um estado que tem 75?

Na verdade, a pesquisa pode ser feita até em menos municípios. Na pesquisa de Dilma, Marina, Lula, eles fazem uma amostra de 1.200 questionários para o Brasil inteiro. Ele não passa em Sergipe, mas isso não quer dizer que eles estejam errados. Eles têm acertado. A amostra é como tirada de um sangue de um filho seu. Não precisa tirar o sangue todo para saber se seu filho está bom ou ruim. Só pega algumas gotinhas e mensura se o sangue dele está bom, se tem algum problema. A dona de casa está fazendo uma feijoada e para saber se está salgada ela não pega um feijão todo, pega só uma colher. Então, no cenário sergipano pode fazer com um número bem menor de municípios com uma amostra que pode ser de 800 eleitores. Não precisa estar em todos os municípios para saber quem vai ganhar.

Se pegarmos, por exemplo, Itabaiana e Aracaju, municípios que têm tendência em votar na oposição, isso não prejudica o candidato governista?

Claro. Mas temos 75 municípios e se fizessem apenas com esses dois estaríamos errados. Vai ter que pegar uma amostra do sul, sudeste, agreste. Tem que ver o número de homens e mulheres que o estado tem, tem que ser proporcional, se tem mais mulheres tem que entrevistar mais mulheres do que homens, vê a escolaridade. Tem uma série de coisas que vai seguir o IBGE e informações do TER para fazer uma amostra precisa. É como o sangue que tirou e a feijoada. Mesmo que tire num cantinho ou no outro da panela vai saber que a feijoada está salgada. Tem que ser uma coisa bem precisa e para isso tem o pessoal de estatística para saber quantos questionários tê que fazer por cidade para representar o todo.

Nas eleições passadas, o então candidato, hoje prefeito de Aracaju, João Alves, enfatizou a questão de dar mais credibilidade a pesquisa qualitativa. É por aí?

Os sergipanos ainda estão aprendendo o que é pesquisa qualitativa, que já é usada desde a década de 70 nos Estados Unidos, no Brasil afora. As grandes marcas já trabalham com pesquisa qualitativa que são os grupos que colocam numa sala e vê as tendências. Ali percebe cores, tendência de moda, se o pessoal que vai morar num condomínio quer varanda gourmet, garagem coberta ou não. A qualitativa é uma informação muito mais rica do que a quantitativa. A quantitativa a gente dá a quantidade de eleitores, mas a qualitativa a gente dá uma precisão maior de como o candidato é percebido, se ele é bem visto ou mal visto, se o que ele falou mostra segurança ou não demonstra. A qualitativa é muito mais rica. As duas trabalham em conjunto.

Em se tratando de pesquisa, qual o diferencial dessa eleição?

Essa eleição tem um fenômeno importante que eu percebo nas ruas que é pouco carro coma adesivos, pouco material, pouca gente comprometida com seus candidatos. Ou porque as pessoas estão com medo de se expor ou pelo que se viu no ano passado, com uma falta de credibilidade total no que se trata de eleição e de política. Muita gente desacreditada não querendo se comprometer. Antigamente, se chegava ao sinal e pedia para abaixar o vidro para entregar o folheto e a pessoa abaixava com paciência, deixava colocar o adesivo, e nessa eleição está agressivo. Não está abaixando o vidro, não quer receber o material, não quer deixar colocar adesivo no carro. Tem uma insatisfação muito grande com o político que está chegando às ruas. O político está tendo que arrumar outras maneiras de conquistar o eleitor.

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