Comissão Nacional da Verdade vai apurar tortura no 28º BC | F5 News - Sergipe Atualizado

Comissão Nacional da Verdade vai apurar tortura no 28º BC
Política 10/04/2014 19h21


O governador Jackson Barreto pediu à Comissão Nacional da Verdade (CNV), nesta quinta, 10, em Brasília, que investigue o 28º Batalhão de Caçadores do Exército por violação de direitos humanos. Aquele quartel, no Carnaval de 1976, foi palco da Operação Cajueiro, que prendeu, torturou, estuprou e causou a cegueira de "militantes que lutavam pela democracia em nosso país", justificou.

Em nome da CNV, que apura os crimes cometidos pela ditadura militar (1964-1985), o secretário-executivo adjunto, Marcus Vinicius Lemos, reconheceu formalmente a oportunidade e a relevância da iniciativa do governador Jackson Barreto. "O senhor está fazendo o papel que lhe cabe como governador", sintetizou, em nome de Pedro Dallari, coordenador da comissão.

"Para que nunca mais volte a acontecer"

"Minha contribuição é para que o Estado não se omita. Que a história de Sergipe seja contada ao Brasil. Para que nunca mais volte a acontecer, que a tortura não seja mais instrumento de Estado. E para fortalecer convicções democráticas de nosso povo", resumiu Jackson Barreto.

A iniciativa do governador veio tão logo soube que as Forças Armadas, a pedido da CNV, instaurou sindicância para averiguar as denúncias de que instituições militares, oficiais e clandestinas, foram utilizadas como centros de tortura. A tortura, física e psicológica, foi utilizada como instrumento de repressão à oposição durante o período dos generais-presidentes.

Sem omissão

Como na lista inicial divulgada não constava o 28º Batalhão, o governador oficiou formalmente à CNV. Num outro ofício, dirigido ao ministro da Defesa, Celso Amorim, Jackson Barreto reforça o pedido de investigação. "Minha geração pagou preço alto na luta pela democracia em nosso país. Não acho correto, agora, sendo governador, me omitir diante daqueles fatos".

À época deputado estadual, Jackson Barreto foi levado coercitivamente, num Jeep do Exército, até o 28º Batalhão de Caçadores, onde foi submetido a acareação com militantes presos. Foi quando constatou que o grupo estava sendo torturado. "Vi companheiros em estado de trapo humano", relatou o governador, que foi submetido a inquérito militar durante a ditadura.

No breve relato que fez a integrantes da CNV, ele lembrou emocionado o caso de Milton Coelho de Carvalho, militante que ficou cego como consequência das sessões de tortura que sofreu. "Conheci de perto a Operação Cajueiro. Sou da geração de todas as vítimas. Tinha obrigação de denunciar, de questionar e de oficiar ao ministro Celso Amorim e à CNV".

"Não guardo ódio, mas é preciso apurar"

Destacando que não age com espírito revanchista, Jackson Barreto entende que, o resgate histórico e a identificação dos algozes "servirá para reforçar nossas convicções democráticas. Não guardo ódio, mas é preciso apurar". Afinal, reforça sua argumentação, os crimes foram praticados "dentro dos quartéis, com recursos públicos".

Criada por lei federal em 2011, a CNV tem até 10 de dezembro deste ano para entregar à presidenta Dilma Rousseff relatório com a apuração de "graves violações de direitos humanos". Na audiência em Brasília, o governador foi informado de que "os desvios de finalidades de instituições públicas" serão apurados. Agora incluído o batalhão do Exército em Sergipe.

Entre os que assessoram o governador durante a audiência estava o secretário da Representação de Sergipe em Brasília, Maurício Lima. Seu pai, Rosalvo Alexandre de Lima Filho, foi um dos presos na Operação Cajueiro. Como os demais, também foi torturado.

Ainda acompanharam o governador o secretário da Casa Civil, José Sobral, e Jeferson Passos, da Fazenda. Ao lado do secretário da CNV, Daniel Lerner e Márcio Kameoka, gerentes de projetos.

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