Eleições 2014: Confira a entrevista com o candidato Jackson Barreto | F5 News - Sergipe Atualizado

Eleições 2014: Confira a entrevista com o candidato Jackson Barreto
“Em valor, os CCs representam menos de 3% da folha”, afirma
Política 18/09/2014 04h00


O quarto entrevistado de F5News, na série de eleições com os candidatos ao Governo do Estado de Sergipe, é Jackson Barreto de Lima (PMDB). Sergipano, natural do município de Santa Rosa de Lima, nascido em 6 de maio de 1944, ele é filho do casal Etelvino Alves de Lima e Neuzice Barreto de Lima.

Advogado por formação, com Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, Jackson Barreto é funcionário público lotado na Receita Federal, tendo antes trabalhado na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Sua extensa vida política começou em 1970, como presidente da Juventude do MDB em Aracaju, onde foi eleito vereador em 1972, tendo antes militado no clandestino PCB.

Em 1974, saiu vitorioso na campanha para deputado estadual. Em 1978, foi candidato a deputado federal, quando ingressou no PMDB e venceu as eleições, reelegendo-se em 1982. Ainda no PMDB, venceu a eleição para prefeito de Aracaju, em 1985. Em 1988, filiou-se ao PSB. Já em maio deste mesmo ano, Jackson Barreto teve sua passagem pelo Executivo abreviada por sua cassação pela Assembleia Legislativa de Sergipe. No entanto, em novembro, Barreto disputou as eleições no mês de novembro, quando conquistou o segundo mandato de vereador na capital sergipana.

Integrado ao PDT, foi candidato ao Senado em 1990, mas teve sua pretensão impugnada pela Justiça Eleitoral. Em 1992, foi eleito para o seu segundo mandato de prefeito na capital sergipana e em 1994 renunciou para disputar o Governo de Sergipe, onde foi derrotado no segundo turno por Albano Franco, candidato do PSDB. Em 1998, Jackson Barreto retornou ao PMDB e trocou por mais duas vezes, migrando para o PMN e para o PTB, partidos pelos quais foi eleito deputado federal em 2002 e 2006, respectivamente. Em 2007, filiou-se novamente ao PMDB, onde permanece até hoje. Em 2010, tornou-se vice-governador de Sergipe na chapa que reelegeu o governador Marcelo Déda (in memoriam). Em 2013, com a morte de Marcelo Déda, Jackson Barreto assumiu o Governo e hoje é candidato à reeleição.

Contas que não fecham, falta de dinheiro em caixa, previdência para pagar... São questões financeiras que colocam muitos gestores em situação complicada. Se eleito, como irá administrar estas situações, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei de Acesso à Informação e a Regularidade com as contribuições previdenciárias? E o que fazer para melhorar a qualidade do gasto público sem prejuízo da produção e fiscalização legislativa? (por Aline Aragão)

JB: Quando Marcelo Déda chegou ao governo do Estado, em 2007, encontrou o seguinte quadro nas finanças: Estado endividado e a Previdência deficitária. Até 2008 pagou-se R$ 1,25 bilhão de dívidas herdadas. Hoje, as finanças estão sob controle. Tanto isso é verdade que, hoje, a capacidade de endividamento do Estado é alta: em 2006, comprometia-se 57,1% da Receita Corrente Líquida com a Dívida; em 30 de abril de 2014, o Estado comprometeu 48,35% da RCL com a Dívida. Isso nos permitiu, por exemplo, conceder aumentos de salários, fazer concursos públicos e contrair financiamentos necessários para realizar obras importantes e fazer novos investimentos. Agora, a questão da Previdência é um problema que teremos que resolver a partir de 2015 em conjunto com os governadores dos outros estados e com a compreensão do Governo Federal. A antecipação de royalties do petróleo pode ser uma alternativa viável. Nós herdamos um déficit de R$ 605 milhões na Previdência.Este ano, o rombo fechará em R$ 750 milhões. É dinheiro que o Estado tem que dispor para cobrir todo mês, quando poderia utilizar esses vultosos recursos nas áreas que mais precisam, como saúde, educação e segurança. O que nós fizemos foi criar o Funprev, que permite ao Estado hoje dispor de reservas para pagar aposentadorias futuras, o que antes não era feito. Agora vamos negociar com o Governo Federal, juntamente com os demais governadores eleitos, uma solução conjunta para a questão das Previdências estaduais.

Se eleito, como vai trabalhar a Educação, com tantos problemas sistêmicos, desde estrutura física, passando por acesso, merenda, relações trabalhistas, relação com a comunidade à violência, dentro e fora da escola? (por Elisângela Valença)

JB: Aqui também a gente não pode deixar de dizer que, com todas as dificuldades que ainda existem, houve avanços na educação. Antes, o quadro era mais sombrio, com escolas degradadas, alunos sem perspectivas, professores desestimulados, muitos anos sem concurso para professores. Este governo investiu R$ 200 milhões na educação, escolas foram reformadas e ampliadas, muitas ganharam quadras esportivas. Para se ter uma ideia, das 368 escolas do Estado, 240 já contam com Laboratórios de Informática e 337 já estão com Internet. Quase 5 mil tablets foram distribuídos com alunos e professores e 123 Bibliotecas reformadas e reequipadas. Fizemos concurso, contratamos 2.830 novos professores e valorizamos os salários. Um professor de Nível Médio inicial, que em 2006 recebia R$ 590, hoje tem um salário básico de R$ 2.375. Um professor no último nível da carreira recebia R$ 2.256 e hoje tem um salário básico de R$ 6.478. Além disso, Sergipe é o primeiro Estado a pagar o Piso Salarial da carreira. Agora, é claro que precisamos melhorar, principalmente o ensino médio. Uma saída, por exemplo, é a formação profissional. Nós entregamos oito Centros Profissionalizantes, temos mais quatro em construção e já possibilitamos que quase 3.500 alunos façam curso profissionalizante, que os prepara para o mercado de trabalho. Já temos 58 Escolas com Tempo Estendido (Ensino Médio Integrador e Mais Educação), que é o embrião da futura educação integral. Além disso, temos trabalhado para levar novos campi da UFS para o interior, como o Campus do Sertão, que está sendo implantado em Nossa Senhora da Glória, que abrigará cursos das Ciências Agrárias, uma vocação da região. Quero fazer o mesmo com um novo campus no Baixo São Francisco e outro em Estância. E vamos combater a violência contra as escolas com a presença mais efetiva da Polícia Militar e a contratação de vigilantes.

Durante o período eleitoral, a saúde é o principal foco dos candidatos. No entanto, mesmo com a alternância de gestores, é notório que o Sistema Público de Saúde não oferece atendimento de qualidade. Inclusive, ações civis públicas do Ministério Público contra o Estado são constantes. Como resolver estes problemas? E quais as propostas de políticas públicas para prevenção de doenças que nem sempre recebem a devida atenção, como os problemas psiquiátricos, a exemplo da depressão que atinge 10% da população brasileira, mas a saúde pública não consegue diagnosticar? (por Fernanda Araujo)

JB: Nunca é demais dizer que o meu adversário Eduardo Amorim foi secretário da Saúde no governo João Alves e foi demitido por práticas nada republicanas, provocando um caos e total abandono da infraestrutura e administrativo. Nada menos que 8 hospitais foram fechados e os demais privatizados. Sergipe possuía apenas 19 leitos de UTI, todas no Huse. Após uma ampla reforma gerencial e administrativa e investimento de R$ 300 milhões, hoje possuímos 100 leitos de UTI, sendo 23 no interior, em Lagarto e Itabaiana. Reabrimos aqueles 8 hospitais no interior (Tobias Barreto, São Cristóvão, Laranjeiras, Porto da Folha, Poço Redondo, Boquim, Neópolis e Canindé), construímos dois hospitais (Lagarto e Estância), reformamos 4 hospitais regionais (Propriá, Itabaiana, Nossa Senhora do Socorro e Glória) e inauguramos 87 Clínicas de Saúde da Família, sendo que 22 funcionando 24 horas. Também construímos quatro UPAs (Poço Redondo, Porto da Folha, Boquim e Simão Dias) e seis Centros de Especialidades Odontológicas (Glória, Propriá, Tobias Barreto, São Cristóvão, Laranjeiras e Boquim). Veja quanta diferença. Essa estrutura permitiu que o Programa Mais Médicos encontrasse em Sergipe as melhores condições para atuar. O Samu hoje possui 35 bases descentralizadas, com 100% de cobertura do Estado, e foram implantadas 3 Farmácias Populares (Propriá, Estância e Glória). O Case possui 24.000 usuários ativos e 4.600 deles recebem medicamentos em casa (são dispensados 264 itens de medicamentos especializados, órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção). Estamos construindo o Hospital do Câncer, que vai ser equipado com dinheiro do Proredes, programa que também vai garantir a construção do Centro de Reabilitação para Pessoas com Deficiência, que também fica próximo ao Huse, além de cinco Centros de Especialidades Médicas, o LACEN e o Centro de Formação do SUS. O que falta agora é melhorar a gestão, investindo na implantação do Complexo Regulatório, com integração das Centrais de Regulação para agilizar consultas, exames especializados e cirurgias eletivas. Precisamos cuidar melhor das pessoas. Quanto às doenças da cabeça, Sergipe possui 25 CAPS, que são serviços de saúde abertos, comunitários, que oferecem diariamente atendimento às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social desses pacientes.

O que Sergipe pode esperar de um possível governo seu, no tocante à cultura nociva de se deixar pessoas qualificadas sem emprego, mas abrigar em CCs cabos eleitorais, que, na maioria das vezes, percebem mais que servidores concursados? (por Joedson Telles)

JB: O Estado está conseguindo realizar tantas obras e serviços importantes para os sergipanos porque conta com servidores muito qualificados, muitos dos quais em postos importantes. O nosso governo privilegia que muitos técnicos ocupem cargos de secretários de Estado, por exemplo. Os cargos em comissão também abrigam profissionais necessários e que algumas vezes não são servidores públicos, mas que dão a sua contribuição ao funcionamento da máquina pública. Em valor, os CCs representam menos de 3% da folha.

Sergipe é um estado conhecido não apenas por suas belezas naturais, mas também pela sua riqueza cultural. Como o(a) senhor(a) acha que é possível fomentar e difundir a cultura sergipana, que é tão rica? (por Lays Millena)

JB: Nossa gestão investe na sergipanidade através do resgate de prédios históricos e criação de espaços culturais. No decorrer dessa gestão, já foram investidos mais de R$ 30 milhões em obras que preservam nossa história, cultura e identidade. São recursos que contemplam capital, interior, escolas, museus, igrejas, praças, calçadões. A exemplo da recuperação de uma área de 3.231 m² no município de Laranjeiras, cuja arquitetura remete à metade do século 19. A estrutura composta pelo Trapiche Santo Antônio, o Sobrado 117, o prédio da antiga Exatoria, o casarão 159, a ruína ao lado do Casarão 159 e a ruína em Frente ao Mercado, localizada no centro histórico da cidade, abriga um novo campus da Universidade Federal de Sergipe. Revitalizamos o Palácio Olímpio Campos, transformando-o em museu que abriga e reconta a história política de Sergipe. Criamos o Museu da Gente Sergipana, que é totalmente tecnológico e expõe o acervo do patrimônio cultural material e imaterial do estado de Sergipe, através de instalações em multimídia interativa e exposições itinerantes. Esse museu está entre os 10 melhores museus do Brasil, segundo o Travelr’s Choice Museus 2014, e nos enche de orgulho. Já recebemos mais de 240 mil visitantes somente este ano. Mantemos com muito orgulho a Orquestra Sinfônica de Sergipe, que hoje é uma das mais importantes do país. Reformamos o Teatro Atheneu, o Gonzagão, vamos entregar o Espaço Zé Peixe, que irá revitalizar o turismo no Centro de Aracaju. Realizamos anualmente festivais de teatro e de dança. O sergipano passou a conhecer mais a sua cultura e história e vivê-la.

Como pretende diminuir o avanço da criminalidade, que se tornou tão avassaladora nos últimos anos no estado? Quais os mecanismos essenciais para uma melhor ação de combate ao crime? (por Márcio Rocha)

JB: O que estamos fazendo na área da segurança pública é a profissionalização da SSP, a integração das polícias, o aumento do efetivo e melhorando a autoestima do policial. Isso já tem garantido a redução da violência em algumas áreas e um alto índice de resolução dos crimes. Em Sergipe, criminoso não fica impune. Nós reformamos 15 delegacias, implantamos 21 Centros Integrados de Segurança Pública – CISP, que junta no mesmo ambiente a Polícia Civil e a Militar. Reformamos 73 unidades da PM, renovamos a frota, adquirimos armas, munições e equipamentos individuais e Sergipe será o primeiro Estado com o serviço de Radiocomunicação inteiramente digital, o que agiliza o trabalho de repressão e investigação. Criamos novas e importantes unidades, como as Delegacias de Defraudações e de Crimes Cibernéticos, GTA, Ciosp, Getam, Gati e o Policiamento da Caatinga, que desenvolve um trabalho elogiado no sertão. Sem esquecer que tivemos a coragem de fazer concurso para 1.200 policiais militares, elevando o efetivo para 5.700. O que temos que fazer agora: continuar a integração, aumentar ainda mais o efetivo, consolidar os grupamentos do interior e implantar a Coordenação Geral de Perícia, com o Novo IML e o Instituto de Criminalística.

Sergipe tem poucas áreas remanescentes de mata atlântica; em Aracaju, arborização e áreas verdes são escassas, sobretudo na periferia, e até hoje coleta seletiva de lixo não é uma realidade. Quais as suas propostas para aumentar a qualidade ambiental no estado? (por Mônica Pinto)

JB: O Estado avançou muito na área de meio ambiente e recursos hídricos, compreendendo que essas são ações contíguas para o desenvolvimento com sustentabilidade. Os planos estaduais de recursos hídricos, de educação ambiental, de coleta seletiva, entre outros refletem essa preocupação com um ambiente mais saudável e sustentável. Com o Plano Estadual de Recursos Hídricos foi possível a construção de um diagnóstico preciso sobre a disponibilidade hídrica do Estado. Diante disso, construímos um “mapa” que vai possibilitar o uso racional da água. Reestruturamos e modernizamos as adutoras do Alto Sertão e Sertaneja, construídas há mais de 25 anos e que necessitavam aumentar sua capacidade de adução de água para servir ao povo sofrido do sertão. Para melhorar ainda mais o fornecimento de água, construímos a adutora do semiárido, investimento de mais de 100 milhões de reais, elevando o fornecimento de água de 180 mil pessoas para 330 mil pessoas na região que mais necessita desse recurso em nosso estado. Em 2012, ganhamos o Prêmio ANA, da Agência Nacional de Água, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com projetos que se destacaram pela excelência de sua contribuição para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos, com vistas ao combate à poluição e ao desperdício. É bom salientar que esse prêmio teve 383 inscritos de todos os estados em 8 categorias, nós ganhamos em duas categorias, concorrendo com Rio de Janeiro e São Paulo. Só Sergipe e Rio Grande do Sul ganharam em duas categorias, e isso coloca nosso estado como referência no Brasil em meio ambiente e recursos hídricos. E não podemos esquecer do investimento que o Estado tem feito no saneamento básico, que logo vai garantir que Aracaju, por exemplo, tenha uma cobertura de 90% de rede de esgotos, permitindo acelerar a despoluição do rio Sergipe.

A compra de voto é silenciosa. E mesmo sendo crime eleitoral, infelizmente, continua a acontecer. Como combater essa ação? Quais as maiores dificuldades que o Ministério Público Federal encontrará para coibir este tipo de crime nestas eleições? De que forma pretende atuar com transparência em seu governo, caso seja eleito? (por Tiffany Tavares)

JB: Costumo dizer que compra de voto é caso de polícia. Quem compra e quem vende seu voto devem responder perante o rigor da lei, sendo que o incauto que vende já é previamente punido, porque aquele candidato não terá compromisso com ele. Acho que a Justiça e os órgãos fiscalizadores têm conseguido inibir essa prática nefasta, mas, acima disso, acredito que o cidadão está se conscientizando que vender o voto só proporciona o atraso, para ele, para a sua comunidade, para toda a sociedade.

 

Nesta sexta-feira (19), leia a entrevista com a candidata pelo PSOL, Sônia Meire.

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