“Tinha Valadares como meu pai”, afirma Sukita | F5 News - Sergipe Atualizado

“Tinha Valadares como meu pai”, afirma Sukita
“Se ele não quisesse que eu fizesse parte do partido me avisasse antes”
Política 07/09/2014 00h01


Por Joedson Telles

A queda de braço entre o PSB do senador Antônio Carlos Valadares e o ex-prefeito de Capela, Manoel Sukita, parece longe de acabar. De ter um vencedor. Mesmo com o partido assegurado que não houve fraude, que o próprio Sukita assinou o documento desistindo de disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa, o ex-prefeito bate o pé e ratifica que houve, sim, a falsificação de sua assinatura. Sukita lamenta, sobretudo, que o senador Antônio Carlos Valadares, maior líder do partido em Sergipe, não tenha lhe dito com antecedência que o PSB não o queria candidato. “Eu esperava qualquer humilhação, mas de um amigo? Um pai? Nunca esperei. Eu tinha Valadares como meu pai. Se ele não quisesse que eu fizesse parte do partido dele me avisasse antes. Por que na hora de pedir voto ele não manda Jorge Rabelo? Ele não é o herói? Quer a nossa liderança, mas não quer que a gente cresça, prospere. Qual é o crime de eu ser candidato a deputado estadual?”, indaga. A entrevista:

Houve um acordo entre Sukita x Valadares, no sentido de a sua candidatura ser retirada por conta da sua prisão?

Preso não faz acordo. No dia que eles falsificaram esse documento eu estava preso. Como você, a Polícia Federal e o Ministério Público podem conferir. O documento é datado do dia 9. Em momento algum eu tive acesso a Jorge Rabelo, a Felizola e a Paulo Viana. O próprio Ministério Público pode comprovar e tem que se atentar a isso porque o Ministério não pode validar um documento falsificado sobrepondo ao meu documento e levado ao tribunal pelo meu advogado, porque preso só se manifesta através de advogado.

Depois que o assunto veio à tona, Sukita tentou conversar com o senador Antônio Carlos Valadares, maior líder da legenda, até para não desgastar a candidatura do governador Jackson Barreto, já que existem eleitores solidários a Sukita?

Nesse momento, eu estou correndo atrás do remédio jurídico e conseguimos toda a documentação necessária que comprova a fraude. Eu não tive tempo para isso. Acho que é momento que tem que ter serenidade para todos pensarem, porque eu não posso ter meu direito atropelado por uma fraude. Nenhum cidadão pode ter. A prova de que o documento é falsificado é que no dia 9 Sukita estava preso.

Como o senhor avalia comentários sobre a possibilidade de o senador Valadares não estar preocupado com a candidatura de Sukita, mas com a de Luciano Pimentel?

Eu não sei qual o sentimento que reina no coração de Valadares. Acho que ele deveria se manifestar. Só sei que o sentimento dele não pode atropelar o meu direito. O povo de Sergipe é quem julga. Eu tenho a consciência da minha lealdade a Valadares, ao meu partido. O povo pode julgar se o tratamento que mereço é esse.

Qual o sentimento que o povo de Capela tem em relação ao tratamento que o PSB está lhe dando?

Revolta generalizada: em Capela e em toda região. O povo de Sergipe me quer bem. A minha prisão, no dia 9, foi decretada ilegal em Brasília. Um fato ilegal não pode gerar outro mais ilegal ainda. Por isso que eu acredito e tenho fé que o TRE e o Ministério Público Federal irão reparar isso em Sergipe, porque o documento é fraudado. Eu me encontro hoje numa situação de nem poder pagar uma passagem para ir buscar os meus direitos. Espero não precisar ir a Brasília buscar um direito meu, me defender de um documento fraudado.

O senhor acredita, então, que como maior líder do PSB, Valadares comandou o que o senhor chama de fraude? É isso?

Eu tenho dúvida em relação se foi Valadares, mas sei que o nosso partido foi quem protocolou. Jorge Rabelo toma a frente, mas ele sabe que é uma fraude, que ele não teve acesso a mim hora nenhuma. A própria Polícia Federal comprova a não possibilidade, do isolamento que eu estava preso, até porque é terminantemente proibido preso se reunir. Jorge Rabelo é consciente. Ele está inventando essa assinatura. A regra é clara. Para qualquer candidato renunciar a sua candidatura ele tem que fazer uma carta de renúncia reconhecida em cartório e dar entrada, ou ir lá com duas testemunhas. Eu não fui, não foi nenhuma testemunha, não tem nenhuma assinatura minha registrada em cartório, todas as certidões cartoriais registra que não houve nenhum reconhecimento dessa tal assinatura que ele diz que é minha.

Pela sua experiência, como membro do partido, isso aconteceria sem o aval de Valadares?

O povo sabe julgar o tratamento que mereço. Eu não quero dizer o que não se faz necessário falar. Depois de um negócio desse, eu preciso dizer o que? Depois vão dizer que eu estou indo pra cima de Valadares e eu prefiro me defender a atacar. Mas jamais, como cidadão e liderança política, posso aceitar ser mandado para casa, arruinar minha carreira política por uma fraude que partiu do meu próprio partido. Isso não é razoável, não é possível. Eu vou adentrar para fazer valer o meu direito. Eu nunca renunciei. O Ministério Público é quem bem sabe. O MP não decretou minha prisão dia 9? Como pode acatar uma fraude no mesmo dia 9? Está errado. Onde vamos parar desse jeito?

Pelo que o senhor coloca, Valadares está jogando Capela contra Jackson, pelo fato de ser aliado do PSB, que fraudou um documento para lhe prejudicar? É isso?

O prejuízo é incalculável porque 83% da população mundial não aceita injustiça. Vai respingar no próprio governador, até porque o genro do vice-governador foi quem assinou a fraude, com falsidade ideológica. O que fizeram comigo é uma covardia que não se faz com cachorro. Botaram-me na cadeia e a prisão foi ilegal. Mas acabar com minha vida política de forma covarde a ainda fraudulenta?

E a Direção Nacional do PSB? O senhor apelou?

Não porque o âmbito é estadual. Você acha que alguém poderia imaginar que uma tragédia desta poderia ser construída? Foram 7×0, que é indubitável. Eu faço um apelo a Valadares: me deixasse seguir a minha caminhada. Eu não estou na política para usar ninguém e muito menos para ser usado. Eu esperava qualquer humilhação que um homem público poderia aguentar, mas de um amigo? Um pai? Nunca esperei. Eu tinha Valadares como meu pai. Se ele não quisesse que eu fizesse parte do partido dele me avisasse antes. Por que na hora de pedir voto ele não manda Jorge Rabelo? Ele não é o herói? Quer a nossa liderança, mas não quer que a gente cresça, prospere. Qual é o crime de eu ser candidato a deputado estadual? Por que eu tenho que ser tratado assim? Se você não me quer na sua casa, você diz para eu não ir. Mas aí quer que eu leve a minha feira, mas não quer que eu me sente para comer? Está certo isso?

O senhor está dizendo que foi usado por Valadares?

O sentimento que reina no meu coração é de muita dor. Eu estou dizendo que eu não posso viver desse jeito. Quero ser respeitado como gente, como ser humano, como pai de família, um homem político como eu sou. Não adianta me marginalizar porque Deus está vendo tudo, eu estou passando por cima de pau e pedra. Não é justo.

Qual seria o objetivo de o PSB fazer isso com o senhor, então?

Essa é uma pergunta que a sociedade inteira faz e eu não tenho a resposta. Eu não estou pedindo para ninguém me nomear deputado e estou indo atrás dos meus votos. Não estou pedindo para que ninguém me dê dinheiro e nem que me ajude. Eu não vejo crime nenhum. Se eu só sirvo para carregar piano alguém tem que me dizer para eu ver se eu quero ou não. Mas me tratar como cachorro eu não quero não. É muita falta de respeito. Como é que eu vou preso e o cara vai para imprensa me desqualificar? Eu não estou achando que tem algo pessoal. Mas a política tem que ter limites. A política de Sergipe não pode ser uma ditadura. Enquanto eu era líder municipal estava tudo bem, mas agora que eu quero ser deputado estadual não pode? A política é global. Minha campanha está mantida. Continuo cumprindo minha agenda diária e pedindo votos sem problema nenhum. Entramos com recurso no TRE para o reparo desse equívoco. Tenho fé que o MPF, juntamente com os membros do TER, repare o meu direito, para que eu não precise ir a Brasília. O povo de Sergipe me conhece e sabe que jamais eu iria desistir de ser empregado dele de forma covarde. Jamais renunciaria o poder que o povo me deu. Quem fez isso para mim fez uma armadilha mal feita porque está na cara e só não vê quem não quer. Quem tem interesse próprio. Desde quando preso se reúne com ninguém? Por que o meu partido pode mandar um documento fraudado e vale, e eu mando um original e não vale? Não abro mão dos meus direitos, porque o nosso país tem leis e eu sou escravo da lei. Continuo candidato firme e forte. Só quem pode me mandar para casa é o povo.

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