Por Fernanda Araujo

Vereador Agamenon se retrata com Conselho Regional de Enfermagem

Após ter gerado grande repercussão essa semana por comentários na tribuna da Câmara de Vereadores a respeito de comportamentos levianos de alguns médicos e enfermeiros do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), o vereador Agamenon Sobral (PP) (foto) se reuniu ontem (29) com o Conselho Regional de Enfermagem de Sergipe (Coren/SE) para se retratar publicamente com a categoria, atendendo à solicitação da assessoria Jurídica da entidade.

Segundo nota de esclarecimento do conselho, quanto ao seu pronunciamento o parlamentar “citou veemente que não teve, em momento algum, a intenção de generalizar ou denegrir essas profissionais, mas sim, a condição de uma única delas que, segundo denúncia por ele recebida, realizou saídas para encontros pessoais com um médico”. O vereador disse aos representantes do Coren que, como ocorre em todas as profissões, há bons e maus profissionais e ele sabe que a maioria desses que fazem a saúde, em especial da enfermagem, é digna de valorização por suas atividades assistenciais executadas incansavelmente nas unidades de saúde de Aracaju e de Sergipe.

Diante das palavras do vereador, em nota, o Coren se posicionou de forma conclusiva e oficial que o vereador se retratou com a categoria reconhecendo a importância vital dos profissionais.

No programa Liberdade Sem Censura, o presidente da Câmara Municipal de Aracaju, Vinícius Porto (DEM), defendeu que não pode impedir que determinado político fale o que bem entender mas, que deve apresentar provas para haver fiscalização e não generalizar. Reconheceu ainda o jeito extremamente polêmico de Agamenon Sobral, no entanto, entende que o parlamentar não quer atingir as categorias (médicos, enfermeiros e professores) e sim que a população aracajuana seja bem tratada por estes.

“Existe em toda e qualquer profissão os bons profissionais e os maus profissionais, é natural. No momento que ele está generalizando isso é um equívoco. Mas eu acho que ele, tendo fatos concretos de qualquer outra profissão do setor público municipal, que seja fiscalizada. Eu tenho certeza que os Conselhos não estão achando ruim pelo fato que o vereador A, B ou C esteja fiscalizando os agentes públicos, estão achando ruim algumas colocações feitas que, infelizmente, generalizam e colocam sob suspeição todos esses trabalhadores. Não podemos impedir é que haja a fiscalização”, concluiu Porto.

A polêmica

Tudo começou quando na Câmara o vereador denunciou que médicos do Huse estariam saindo de seu horário de trabalho para se encontrar com enfermeiras no motel. Em entrevista ontem a F5 News, Agamenon manteve a fala e disse pretender continuar as fiscalizações. Segundo ele, funcionários do hospital denunciaram o caso enquanto realizava fiscalização no setor de Oncologia. “Disseram que tem médicos que trabalham três horas e o restante do horário vão para o motel. Isso foi informação de dentro do Huse. Estão querendo generalizar para calar o vereador Agamenon, mas não vão me calar. Eu tenho consciência do que falei e não retiro uma vírgula”, argumentou, garantindo não ter se referido a todas as enfermeiras e a todos os médicos, e muito menos citou nomes.

Sobre a revolta dos enfermeiros diante de sua fala, o vereador declarou que alguns desses profissionais estão sendo manipulados pela presidente do sindicato da categoria, Flávia Brasileiro, que ficou revoltada pela denúncia de que o seu esposo, funcionário do Banese, estava trabalhando na Secretaria de Saúde do Município de Aracaju sem vínculo e documento nenhum, lesando o Estado de Sergipe. “E alguns médicos, bom que se frise, não trabalham as 60 horas que ganham. Tem contrato de 60 horas e só trabalham 12 horas. Pelo fato de denunciar estão achando ruim porque apareceu alguém que tenha coragem de enfrentá-los”.

O parlamentar negou sentir medo de represálias dos sindicalistas e disse que enfrentará com naturalidade caso entrem na Justiça. Afirmou ainda providenciar o setor jurídico para fazer a sua defesa. Já a enfermeira Flávia Brasileiro rebateu afirmando que o vereador quer culpar a categoria pela má prestação do serviço público de saúde e que ele não tem projetos apresentados na Casa. “Ela está desinformada e digo: o serviço público de saúde não tem tanto problema como diz, o grande problema chama-se médico faltoso e, na educação, professor faltoso”.

Para Agamenon Sobral, a maioria destes sindicalistas são pessoas que não têm idoneidade para falar dos outros, e, se o presidente do Sindicato dos Médicos tivesse idoneidade, ele exigiria que os médicos do Huse cumprissem os horários.

Foto: Will Rodrigues

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