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Degradação ambiental e pandemia: saiba como uma coisa levou à outra
A destruição do meio ambiente é uma das principais causas de pandemias, dizem os cientistas
Blogs e Colunas | Consciência Limpa 11/04/2021 09h00 - Atualizado em 16/04/2021 17h48

Estamos cansados da pandemia. Ninguém aguenta mais falar no assunto, ver tantas notícias de morte, tampouco lidar com os desafios da crise sanitária. Mas, será que em meio ao caos que já se estende por cerca de 13 meses no Brasil, paramos em algum momento para refletir a fundo sobre o que nos trouxe até aqui? 

É muito importante saber reconhecer a principal causa da pandemia da covid-19 e entender a nossa responsabilidade frente à verdade. De fato, esta nova crise sanitária pode ter pego eu, você, e a população em geral de surpresa, mas, não foi uma novidade no mundo científico. Inclusive, órgãos de grande porte como Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS) já vinham chamando atenção sobre a possibilidade de eclosão de um novo vírus no mundo. 

Os cientistas vinham há décadas alertando da possibilidade de uma nova pandemia, e os estudos se baseiam sempre sobre o mesmo ponto crucial: a degradação do meio ambiente. No entanto, é algo que vem sendo sumariamente ignorado pelas autoridades e lideranças políticas e ambientais não só no Brasil, mas no mundo. 

Em 2012, o jornalista científico David Quammen escreveu o livro intitulado “Spillover”, que significa ‘Transbordando’ em tradução literal, onde ele narra sobre o surgimento de doenças zoonóticas e revela que a relação entre humanos e o meio ambiente está na raiz das maiores enfermidades. 

O autor cita na obra que dentro da comunidade científica há muito tempo se espera uma pandemia, e em entrevista concedida em abril de 2020 para o InfoAmazonia, Quammen afirma não haver dúvidas de que a nossa crise atual se enquadra na categoria “The Next Big One”, ou “A Próxima Grande”. 

A covid-19 é uma doença zoonótica, passada de animal para humano. Isso foi descoberto pelos cientistas após identificarem o genoma da doença no mesmo vírus presente em morcegos. Segundo Quammen, esse tipo de doença sempre é novidade para o corpo humano e por isso é tão perigosa. Mas, o que isso tem a ver com o meio ambiente ser uma das principais causas desta e das pandemias anteriores? 

Os ambientes ricos em diversidade são lugares que abrigam muitos vírus. À medida que o ser humano avança, invade e desconstrói certos ecossistemas, maior é o risco de ocasionar doenças infecciosas e virais. No Brasil, temos o exemplo da Amazônia, uma das principais áreas ambientais do mundo, mas que infelizmente tem sido alvo de constantes destruições, queimadas, garimpos, e caça de animais silvestres. 

“Quando realizamos estes tipos de interferências, estamos convidando esses vírus para que se tornem nossos vírus, para que eles pulem para dentro de nós. Estamos dando a eles uma oportunidade para que expandam seus horizontes. Talvez este vírus estivesse em uma situação difícil, poderia estar vivendo dentro de uma espécie em risco de extinção e daí encontra uma oportunidade de pular para dentro de nós e ganhar na “loteria evolutiva”, disse o jornalista durante a entrevista. 

Diante disto, fica nítida a necessidade de uma revisão urgente do conceito atual sobre a relação homem-natureza e as ameaças futuras que isso trará para o próprio ser humano. Mais de um ano de pandemia se passou e o que vem sendo feito ou discutido acerca disto? Até mesmo os veículos de comunicação no Brasil não estão tornando esta uma das principais pautas da pandemia, e seguem ignorando a problemática há anos, como se não bastasse termos que lidar com governantes cada vez mais nulos diante do assunto. O que resta? Sentar e aguardar o pior chegar? 

Volto agora para a pergunta que fiz no início deste texto: será que houve reflexão suficiente da nossa parte sobre o modelo atual de condução de vida frente à pandemia e o seu real problema? Não venha me dizer que não teve tempo, porque isso foi mais do que suficiente depois de tantos meses de espera, não acha?Eu entendo se talvez você não tenha se dado conta, mas, deixa eu te lembrar uma coisa: se não estávamos preparados para lidar com essa crise sanitária e financeira a qual vivemos, você acha que teremos condições de enfrentar coisas piores? Por quanto tempo mais você acredita que isso vai se sustentar? Já vivemos um verdadeiro colapso ambiental, sanitário, econômico, e será que não já é passada a hora de encararmos de frente esta realidade cruel? 

Se anda (assim como eu) descrente de um posicionamento político que agregue estratégias para solucionar os problemas ambientais que tanto nos levam ao caos, só lhe resta uma alternativa caro leitor: apostar na sua própria mudança. É preciso, para ontem, repensarmos a forma como vivemos na natureza e isso vai desde a forma como nos alimentamos até a forma como nos vestimos, produzimos, trabalhamos, compramos e nos comportamos. 

 

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Lais Oliveira de Melo, jornalista diplomada, pós-graduanda de MBA em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, atualmente repórter do Jornal da Cidade e blogueira em Consciência Limpa. Premiada em 2018 no Prêmio Setransp com a terceira melhor reportagem de veículo impresso. Trabalhou por cinco anos no marketing digital de uma empresa de turismo e participou de um programa de estágio no F5 News.

E-mail: demelo.lais@gmail.com

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