Muita coisa está em jogo quando a bola rolar ao meio dia deste domingo (18) no Estádio Lusail, no Catar. Além do troféu do principal torneio de futebol do mundo, a Copa do Mundo, a vitória nos 90 ou 120 minutos coroa ou a consolidação de uma “dinastia” francesa, encabeçada pela jovialidade de Kylian Mbappé, ou premia o ato final de um dos maiores jogadores da história, Lionel Messi.

Argentina e França devem protagonizar uma das maiores e melhores finais dos últimos tempos da Copa do Mundo. Ambas seleções são atualmente bicampeãs do Mundo e ou os franceses ou os argentinos irão deixar o Uruguai para trás e entrar no hall de tricampeões. 

Ingredientes não faltam para tornar essa final gigantesca. A Argentina não conquista um título de Copa do Mundo desde 1986. Enquanto a França tem a oportunidade de conquistar um bicampeonato consecutivo, fato que não acontece desde o Brasil de Pelé e Garrincha nas Copas de 1958 e 1962. 

Para além dos feitos históricos, o confronto coloca frente a frente um duelo de gerações. Lionel Messi, no que deve ser sua última Copa, aos 35 anos, tenta levar a Argentina para a conquista da glória, depois do insucesso e do vice-campeonato no Maracanã para Alemanha, em 2014. Já a França, tem em Mbappé, aos 23 anos, uma arma poderosa para ir em busca do segundo título mundial consecutivo. 

A busca da coroação final de Lionel Messi

Copa do Catar deve ser a última de Lionel Messi (Foto: FIFA/Reprodução)

Está tudo bem você brasileiro torcer pela Argentina. O jogador que marcou nas últimas duas décadas o futebol mundial e se colocou no patamar quase que inalcançável de extraterrestre chega para “last dance” em Copas do Mundo. 

Ao todo, Messi já marcou 96 gols pela Argentina, sendo o Terceiro maior artilheiro de uma seleção nacional, segundo os dados da Fifa. O argentino fica atrás apenas de Cristiano Ronaldo (117 gols) e do iraniano Ali Daei (109 gols).

Em Copas do Mundo, desde 1966, segundo o Sofascore, Messi é o jogador que possui mais passes decisivos, com 72. Ele fica à frente de Maradona (67) e Wolfgang Overath (59). Apenas nesta Copa foram quatro assistências. 

O jogador está empatado na estatística de jogadores com mais participações em gols desde 1966 em Copas do Mundo, ao lado de Gerd Muller, Ronaldo, Klose, todos com 19. Ele marcou cinco gols e está empatado na artilharia. A tendência é que ele se torne o jogador com mais participações em gols neste período, após a decisão deste domingo.

A impressão que passa é que ele nunca esteve tão bem vestindo a camisa da Argentina. Se antes ele era criticado por não ter performances tão boas como em clubes na seleção, agora ele conquistou de vez a confiança e  o protagonismo da seleção. Isso se deve também ao peso que ele tirou das costas ao vencer a Copa América, em 2021, frente a seleção brasileira. A seca de títulos dos hermanos durava desde 1993. 

Além disso, Messi agora tem companheiros mais seguros, estáveis e que em diversos momentos jogam em função dele. Pelo ataque argentino, Álvarez faz boa Copa. Já, no meio de campo, De Paul, McAllister e Fernández, dão o suporte defensivo que garante que o jogador de idade avançada não precise voltar para marcar. Na defesa, o experiente Otamendi faz uma Copa segura - quem diria. 

Vibrante a cada partida e orquestrando a torcida, que faz uma festa incrível pintando os estádios no Catar de branco e azul, Messi terá que superar a competitiva, qualificada e vencedora França do astro Mbappé para conquistar esse título inédito em sua carreira.

A profundidade e qualidade do elenco francês

 

Equipe francesa tem mostrado poder de adaptação nesta Copa do Mundo (Equipe De France/Twitter/Reprodução)

Parece que os desfalques de jogadores importantes como Benzema, Kante, Pogba, Maignan, Kamara, Kimpembe, Nkunku, Lucas Hernandez, não fizeram falta para a França. Nas mãos do técnico Didier Deschamps, a equipe francesa tem mostrado um alto poder de se adaptar às circunstâncias de jogo. Peças de reposição como Tchouamení, Konate e Theo Hernandéz têm entrado em campo e entregado muita qualidade. Entre os titulares eu preciso destacar a Copa que Griezmann tem feito.

Para que exista um Mbappé tão goleador, protagonista e decisivo, existe um atleta que pode ser considerado um coadjuvante de luxo. Antoine Griezmann tem feito uma Copa espetacular. Participativo com assistências no ataque e com um alto poder de composição defensiva, o “todocampista” é capaz de fazer todas as funções do meio de campo e tem feito o diferencial. Apenas no Catar, entre todos os jogadores de linha, Griezmann lidera a estatística de assistências (3), grandes chances criadas (7), passes decisivos (21), acerto no passe longo (87%), cruzamentos certos (16). Muita entrega física e qualidade. 

Com muitas das vezes a França atua sem posse de bola, os contra-ataques acabam sendo sua grande arma. E Mbappé sido quase imparável. Veloz, driblador, inteligente, o francês tem brilhado. 

Entretanto, é também por este lado que os argentinos podem explorar na grande decisão visto que Mbappé não tem qualquer disposição defensiva, o lado esquerdo pode ficar por vezes sobrecarregado. Como aconteceu no segundo tempo da semifinal, quando os Blues sofreram por ali e Didier Deschamps agiu colocando Marcus Thuram para fechar aquele setor contra as investidas do Marrocos. Na ocasião deu certo, e a França fechou o placar em 2 a 0.

Pelo lado direito do ataque argentino, Messi também deve ter uma atenção especial do sistema defensivo francês. Tchouamení, Fofana (Rabiot), Theo Hernandez e até mesmo Griezmann devem ter uma difícil missão de frear as tentativas do argentino.

A grande final tem um painel tático riquíssimo que por si só valeria um texto específico. Por hora, friso que esta final tem tudo para ser gigantesca. Histórica. E pode também representar a passagem definitiva de bastão da geração de Messi e Cristiano Ronaldo para a de Mbappé.

Teremos a coroação final de Messi ou a consolidação da dinastia francesa que com Mbappé ainda tem pique para dar continuidade por mais duas/três Copas? 

Veremos. 

Prováveis escalações: 

ARGENTINA - Martinez, Molina, Romero, Otamendi, Tagliafico, Paredes, Enzo Fernández, De Paul, Mac Allister, Messi e Álvarez. Técnico: Lionel Scaloni

FRANÇA - Lloris, Koundé, Varane, Konate, Theo Hernandéz, Tchouaméni, Fofana, Dembélé, Griezmann, Mbappé e Giroud. Técnico: Didier Deschamps

QUEM APITA?
Árbitro: Szymon Marciniak (POL)
Assistente 1: Pawl Sokolnicki (POL)
Assistente 2: Tomasz Listkiewicz (POL)
VAR: Tomasz Kwiatkowski (Polônia)
Quarto árbitro: Ismail Elfath (EUA)