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Quem importa estava no velório de Pelé: o povo
Em 24h, velório do Rei do Futebol, realizado na Vila Belmiro, reuniu mais de 230 mil pessoas
Blogs e Colunas | Esteves em Campo 05/01/2023 11h13 - Atualizado em 06/01/2023 09h34

Não existe uma cartilha para momentos de despedida. A morte é um caminho que todos vão cruzar em algum momento. Tem gente que evita estar em momentos como esse, afinal de contas, diferente de uma celebração ou festa, o velório envolve ter que lidar com as ausências. Outros, entendem que esse é o momento de prestar homenagens, honrarias. 

Quando falamos do velório de Pelé, muitos comentaram sobre as “ausências” - eu estou incluso. Nenhum pentacampeão brasileiro esteve no velório do Rei. Nenhum tetracampeão esteve no velório do Rei (campeão em 1994, Mauro Silva é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e estava representando a federação). A esmagadora maioria dos times brasileiros não enviaram representantes ao velório do Rei. Ausência, ausência, ausência.

Isso não quer dizer que esse tópico não nos levanta uma discussão pertinente de uma desunião generalizada da categoria futebolística. É decepcionante. Se durante a Copa do Mundo, Kaká  “disse que o brasileiro não valoriza seus ídolos”, a ausência do próprio, traz à tona a própria hipocrisia de sua fala. Mas, não vou individualizar a análise. Este é apenas um exemplo.

Motivos podem ser vários para essas ausências, o desconforto com o momento, o não preparo emocional, agenda, enfim. Mas, esse texto não é sobre as ausências, embora eu precisasse falar sobre ela para introduzir o outro lado da moeda: as presenças.

Mais de 230 mil torcedores estiveram na vila mais famosa do mundo, a Vila Belmiro, para o velório do Rei. Sabe a dimensão disso? Esse número de torcedores poderia lotar três novos Maracanãs ou mais de 15 Arenas Batistão - para uma comparação mais próxima do dia-dia do sergipano. É gente para caramba. 

A belíssima homenagem promovida pelo Santos foi seguida por seus torcedores, que entre diversas gerações demonstraram com suas presenças como se trata o maior ídolo da história do clube, do Brasil e do esporte mundial. Como o Rei é do futebol, as homenagens não pararam com a torcida do Peixe, e torcedores de outros times marcaram presença. A maior homenagem, reconhecimento e sentimento de devoção ao Rei veio do povo. 

É irônico, e satisfatório, quando a gente imagina que foi justamente Pelé e toda a sua geração vencedora que elevou o Futebol a componente da identidade nacional do que seria ser brasileiro. Através dele, também, a bola de futebol chegava ao povo. E o futebol é do povo.  

Ao lado do povo, outros ídolos do futebol brasileiro e amigos pessoais de Pelé passaram pela Vila, como é o caso do sergipano campeão em 1970, Clodoaldo,  Manoel Maria, Clodoaldo, Lima, Lalá, e Aguinaldo. De gerações mais recentes, destaque para Zé Roberto que além de ter ido ao velório carregou junto com Edinho, filho de Pelé, o caixão. 

Além desses exemplos, autoridades importantes estiveram no velório. Os presidentes da Fifa, Gianni Infantino, da Conmebol, Alejandro Domínguez, e da CBF, Ednaldo Rodrigues, além do ministro do STF, Gilmar Mendes, do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e dos prefeitos da capital paulista, Ricardo Nunes, e de Santos, Rogério Santos, apareceram na Vila. Além do presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Talvez estejamos olhando para o copo mais vazio ou para o lado mais decepcionante disso tudo. Pelé sempre jogou por nós, torcedores, brasileiros, povo.  Nada mais justo dizer que o povo tenha comparecido na despedida de Edson. O imaginário de Pelé segue intacto com a gente. É o que importa.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pesquisador em jornalismo esportivo e racismo. Professor da primeira disciplina focada em Jornalismo Esportivo do Departamento de Comunicação Social da UFS. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM-UFS) e membro da Rede Nordestina de Pesquisa em Mídia e Esporte (Reneme). Co-criador, produtor e comentarista do podcast 45 de Acréscimo, primeiro podcast jornalístico de futebol do estado de Sergipe. Repórter do portal F5 News.

Análises sobre futebol e outros esportes sem nunca deixar de lado a perspectiva social do mundo que os cerca. A coluna é sobre o campo de ação, não apenas dentro das quatro linhas. Seja para falar sobre o esporte (resultados, personagens, grandes jogos), seja para falar sobre a sociedade como todo. O esporte é uma importante lente para entender o mundo, você está disposto a estar em campo para perceber?
 

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