Período mais chuvoso em Aracaju preocupa moradores do bairro Jabotiana | F5 News - Sergipe Atualizado

Aracaju
Período mais chuvoso em Aracaju preocupa moradores do bairro Jabotiana
Prefeitura diz que Emurb já elaborou estudos para fazer a dragagem do rio Poxim
Cotidiano | Por Ana Carolina Alves 17/05/2023 20h49


O bairro Jabotiana, localizado na zona Oeste de Aracaju, é atravessado pelo rio Poxim e, por isso, há nele uma predominância de manguezais. O núcleo inicial do bairro aponta para o século XX, com um perfil bastante rural. Mas isso mudou drasticamente nos últimos 20 anos, período em que a localidade foi sendo ocupada por uma grande quantidade de empreendimentos imobiliários. 

De acordo com o vereador Breno Garibalde, que possui formação em arquitetura e é mestre em urbanismo, essa expansão não teve planejamento no tempo adequado, trazendo graves consequências ao bairro.  

“O bairro tem apenas uma entrada e uma saída. Além de ser uma zona de amortecimento do rio Poxim, e que hoje, está completamente impermeabilizada. Então hoje sofre com inundações, muito trânsito e falta de equipamentos públicos que sejam suficientes para dar suporte àquelas pessoas do bairro. O problema é a falta de revisão do plano diretor”, disse Garibalde ao F5 News. 

Em maio de 2020, mais de 100 moradores da Jabotiana, especificamente na região do Largo da Aparecida, precisaram sair de suas residências devido aos alagamentos. 

“As inundações vêm acontecendo com bastante frequência, provocando problemas muito sérios, como perdas de equipamentos, desvalorização da casa e problemas psicológicos”, disse ao portal Antônio Wanderley, secretário do movimento Jabotiana Viva, que luta por soluções para o bairro. 

Preocupação 

Sites de turismo, a exemplo do “Guia de Destinos”, apontam que as precipitações em Aracaju tendem a ser mais frequentes entre abril e agosto, principalmente nos meses de maio e junho. 

Por isso, esse período costuma ser de apreensão para os moradores do bairro Jabotiana, já que se acende o alerta para inundações, dentro do chamado inverno meteorológico.   

"Nós estamos diante de mais um inverno e o mês de maio é mais chuvoso, historicamente falando, e sempre é um mês de muito temor. Junho também chove bastante, então, vamos torcer para que não aconteça. Mas se acontecer é pelo descaso do poder público, que poderia intervir para minimizar o problema da inundação”, disse o secretário do movimento Jabotiana Viva.  

Claudionete Candia é moradora do bairro há 30 anos e nele foi professora na rede pública do Estado, hoje aposentada. Há cerca de três anos, ela desenvolveu uma tese de mestrado na Universidade Federal de Sergipe, embasada em sua experiência como docente.

“Constantemente a gente percebia relatos dos alunos, em períodos de chuva - de maio a julho -, que precisavam faltar. Ou chegavam com algum tipo de reclamação, como por exemplo o material didático completamente danificado pelas águas que adentraram as residências”, disse Claudionete ao F5 News

A professora aposentada afirmou que os alunos traziam relatos de partir o coração, vindos de locais como o Largo da Aparecida e os conjuntos JK, Sol Nascente e Santa Lúcia. Ela cita o de uma aluna que, quando a água subia, inocentemente usava um colchão inflável como um barquinho, acompanhada de outras crianças que, ao fim, acabavam se jogando na inundação. E que, por conta da poluição presente nesta água, as crianças ficaram doentes, precisando fazer tratamento por cerca de um ano. 

O vereador Breno Garibalde comentou a relação entre as inundações no bairro e a questão ambiental. "É uma zona de amortecimento do rio Poxim e isso precisa ser levado em consideração. Porque ali é uma área alagada, aí se você impermeabiliza aquela área toda, para onde essa água vai escoar quando chove? Então, isso é preocupante, por isso que sofre com muitos alagamentos” disse ao F5 News

Claudionete ainda relatou que nos depoimentos para sua pesquisa, os alunos revelaram o uso do rio Poxim por parentes, para a pesca, a captura de caranguejos e a coleta de aratu, visando a própria alimentação e sobrevivência. “Hoje isso já não acontece. Em algumas aulas de campo, pessoas perceberam, próximo à ponte do sol Nascente e Santa Lúcia, que a lama estava com um cheiro muito forte. O manguezal não tem cheiro forte ou ruim; então, aquilo era muito mais como um esgoto do que uma área de vegetação, um ecossistema”, relatou a moradora veterana. 

Em uma dessas aulas de campo, prossegue ela, os alunos se depararam com o esgoto de uma residência sendo despejado diretamente no rio. 

O que diz o poder público? 

F5 News procurou a Prefeitura de Aracaju, para buscar sua posição sobre o problema e recebeu uma nota na qual a gestão expõe que, com base no Plano de Contingência, implementou dispositivos, de forma estratégica, para monitorar e responder a situações adversas no bairro Jabotiana.

“Preventivamente, foram instalados dois sensores de medição da cota do Rio Poxim, que possibilitam a verificação online, em tempo real, da elevação do nível do rio, para que, em uma situação de risco de inundação, seja possível trabalhar antecipadamente com a retirada de pessoas de locais de risco, notadamente na região do Largo da Aparecida”, afirma. 

A nota ainda informa que a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) já elaborou estudos para realizar o desassoreamento do rio Poxim, através do sistema de dragagem, e a Prefeitura está viabilizando os recursos necessários para realizar a obra. 

A proposta de dragagem do rio Poxim vem desde o final de 2019, quando o prefeito Edvaldo Nogueira instalou um grupo de trabalho para acompanhar a execução do projeto de macrodrenagem do bairro Jabotiana, que envolveria a execução de outros projetos, como a construção de piscinões e obras de drenagem para melhoria da canalização. Na ocasião, o custo total foi estimado em 60 milhões.

 

Estagiária sob supervisão da jornalista Mônica Pinto. 

Edição de texto: Monica Pinto
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