Ponte Gilberto Amado proporciona melhorias para moradores da região

A beleza do Rio Piauí encanta moradores e turistas que passam pelos povoados de Terra Caída, em Indiaroba, e Porto do Cavalo, em Estância. Na mesma região, uma nova construção, idealizada pelo Governo do Estado de Sergipe, a ponte Gilberto Amado, também chama atenção por sua extensão e por interligar os povoados, antes separados pelo rio. Construída com a finalidade de alavancar o turismo em Sergipe, sobretudo para favorecer o desenvolvimento econômico da região Sul do estado, a ponte, além de ser estratégica na interligação rodoviária com o estado vizinho, Bahia, antes mesmo de ser inaugurada, vem aos poucos transformando a vida da população da redondeza, que já vislumbra os benefícios trazidos por esta obra.

Com 1.712 metros de extensão, 14,20 metros de largura e fruto de um investimento superior a R$ 124 milhões (com recursos oriundos do Governo Federal, através do Ministério do Turismo, e do Governo do Estado), a ponte é a maior em construção em todo o Nordeste brasileiro. Ao encurtar a distância entre Indiaroba e Estância, a obra permite a criação de um grande corredor turístico, integrando-se à Linha Verde, principal via de acesso ao litoral Norte baiano.

O objetivo, ao estimular o turismo e facilitar o acesso às belezas, algumas já conhecidas e outras poucos exploradas, daquela região, é gerar desenvolvimento, empregos e mudar para melhor a vida da população local, como também diminuir o tempo de viagem para os turistas e moradores que exploram a região e desejam conhecer ou visitar a capital sergipana, Aracaju.

“Vai ser muito bom para gente que mora aqui, porque vai trazer mais turistas, que vêm tomar uma cervejinha, almoçar, fazer passeios de lancha, jangada ou catamarã e essas atividades empregam muitos dos moradores daqui. O povoado já é um pouco conhecido, recebemos gente de Aracaju, Salvador, São Paulo e Brasília. Pessoas dos municípios próximos, como Umbaúba, têm casa aqui e outras estão procurando terreno para construir, o que vem valorizando os terrenos. É uma boa oportunidade também para geração de emprego, vai valorizar a pesca da gente, aumentar um pouquinho o preço, porque vai ter mais procura e assim fica mais gostoso e melhor viver aqui. Vai ser ótimo”, afirmou o pescador José Martins, nascido e criado em Terra Caída.

O restaurante e lanchonete de Maria Anita, que fica as margens do Rio Piauí, nos dias de maior movimento - domingos e feriados-, recebe uma média de 50 pessoas por dia, número que provavelmente se elevará após a liberação do tráfego na Gilberto Amado. A dona do bar, famoso por suas apreciadas empadas e que serve almoços e lanches aos visitantes, tendo como especialidade peixes, mariscos e frutos do mar, vê a construção da ponte como algo positivo.

“Irá melhorar muito o movimento, uns 70%, não tenho dúvida. Eu acredito nisso, porque esse bar já é muito conhecido, tem muita gente que passa aqui e já fala que quando liberarem a ponte virão mais por aqui.  E para os que ainda não conhecem, como vai aumentar o número de pessoas que passam pela região, com certeza, também, virão conhecer a praia e o bar”, conta empolgada a dona do estabelecimento.

O crescimento do movimento, possibilitando a geração de empregos e rendas, e a valorização dos terrenos da região também são observados por comerciantes de outros setores, além do alimentício, como é o caso da proprietária de uma pequena loja de materiais de construção, Dona Acácia. “Com a ponte, como tem a Linha Verde, e o pessoal que vem de Salvador e de outros estados passarão mais por aqui, espero que o movimento melhore para gente, comerciantes, ou os donos dos bares e restaurantes, melhorando também, a vida do povo da região. Depois da obra muita gente tem procurado comprar terreno aqui, os lotes valorizaram bastante, principalmente a parte mais próxima à Linha Verde. Aos poucos estamos vendo crescer o movimento e com fé em Deus ainda vai melhorar bastante. Tenho comércio há dois anos, e casa aqui há seis, e gosto muito de morar em Terra Caída, é tranquilo e gostoso”.

A proprietária de uma mercearia na região e moradora há 12 anos do povoado, Edvânia Vitor, compartilha da mesma opinião dos seus vizinhos e acrescenta ainda o benefício de ter encurtado o tempo de viagem da localidade a Aracaju. “Isso é uma coisa boa, que fará o povoado da gente crescer, é o que esperamos. O bom também será a facilidade que teremos para chegar à capital, porque hoje há uma dificuldade, pois para chegarmos a Aracaju é como se déssemos uma volta e com a ponte é um trajeto reto, encurtando o tempo de viagem, principalmente para quem vai em busca de médico na capital. Também espero que depois da ponte cresça o movimento do meu comércio, como já tenho visto crescer a valorização mobiliária”, explicou.

Do outro lado do rio

No lado pertencente ao município de Estância, o povoado Porto do Cavalo não possui moradores, mas a comunidade vizinha, Porto do Mato, também sente os efeitos positivos da chegada da ponte. A população, que vive da pesca, do catado de mariscos e principalmente do trabalho gerado pelo turismo local, numa região famosa por suas belas paisagens, está animada com os benefícios trazidos pela ponte.

“Acho que vai trazer vários benefícios, em especial para o comércio e o turismo. Pois mais turistas nos visitarão, assim, o pessoal que trabalha catando e vendendo aratu vai conseguir vender mais. Serão gerados mais empregos e os jovens daqui não vão precisar mais sair para trabalhar em outros locais. Espero, também, que a partir deste movimento gerado, o prefeito da cidade olhe mais para esta região. Além disso, facilita também porque vai ficar mais próximo da sede de Estância, onde precisamos ir, pelo menos uma vez por semana, fazer compras ou tirar dinheiro”, declarou a professora Karine Leite Aragão, do povoado Porto do Mato.

O aumento da geração de emprego e renda através do turismo foi um dos principais pontos associados à construção da ponte e ao desenvolvimento de uma região já muito visitada por seus diversos atrativos turísticos, como as praias do Saco, das Dunas e Abaís, que oferecem ricos cenários para quem procura descanso, lazer, apreciar a natureza ou apenas curtir o sol e o mar em Sergipe.

“Para quem vive da venda da mangaba, do coco ou dos mariscos que vendem nas praias vai ser ótimo, pois com o fácil acesso á Linha Verde iremos receber mais turistas, principalmente baianos e aqueles que visitam a Bahia e têm vontade de vir conhecer nossas belezas, como também dos estados mais ao Sul. Temos muitos jovens aqui que não fazem nada, mas quando virem as oportunidades, poderão trabalhar, ao invés de fazer coisas erradas pela desocupação”, explicou a professora Minervina Oliveira, 37 anos.

Os moradores de Porto do Mato possuem 31 pontos de lancha que fazem passeios até locais como a bela Ilha da Sogra e Mangue Seco, famoso vilarejo, já em território baiano, conhecido pelas cenas da novela da Rede Globo, “Tieta”, adaptação do romance “Tieta do Agreste”, do escritor Jorge Amado. Na alta temporada a localidade recebe entre 400 e 500 pessoas, por dia, para fazer os passeios. A expectativa é que esse número cresça ainda mais após a inauguração da ponte.

“Nós, proprietários de lanchas, que fazemos passeios pela região, pertencemos a uma associação e vemos com grande esperança a chegada dessa ponte. Nós não somos só donos de lanchas, somos também empregadores,  e se o fluxo do turismo cresce podemos oferecer melhores salários para quem trabalha com a gente e ainda empregar outras pessoas no ramo. E pensando nisso já estamos investindo para oferecer maior qualidade e atender o aumento da demanda de turistas. Estamos só esperando essa inauguração”, disse Raimunda Maria Oliveira, que é proprietária de uma lancha que faz passeios pelos pontos turísticos da região.

Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Foto: Vitor Ribeiro/ASN