Há quase um mês de uma paralisação realizada por trabalhadores rodoviários que reivindicavam o pagamento de salários e benefícios atrasados, a situação pode se repetir em Aracaju. Na época, a paralisação foi encerrada depois que a empresa pagou metade dos salários e se comprometeu a pagar os outros 50% no dia 30 passado, mas segundo os rodoviários, até hoje (9), o Grupo Progresso não cumpriu o acordo e deu início a uma demissão em massa, com 163 desligamentos.

F5 News

Um dos trabalhadores demitidos no final do mês passado, 15 dias após a paralisação, foi o agente comercial Marcelo Rezende. Ele disse ao F5 News que até agora a empresa não deu satisfação aos trabalhadores e, por isso, “muitos estão pedindo pra sair”.

“Eu fui demitido também, foi informado que iam pagar o salário e o ticket e até agora nada”, disse.

Também nesta terça-feira (9), trabalhadores da empresa Modelo procuraram o F5 News para denunciar uma demissão em massa de motoristas, cobradores e pessoal da manutenção; ao todo, foram 79 desligamentos. Segundo um rodoviário que preferiu não ser identificado, a empresa alegou falência. “A empresa disse que não tem como pagar e que quem quiser que vá para a Justiça”, disse ele ao portal. .

No mês passado, durante os protestos dos rodoviários, o setor jurídico do Grupo Progresso confirmou que a empresa tinha iniciado um processo de recuperação judicial, mas negou a falência.

F5 News tentou ouvir as empresas Progresso e Modelo e também o Ministério Público do Trablho (MPT) e até o fechamento da matéria não teve resposta.

Sindicatos

Ao todo foram demitidos 242 trabalhadores, mas o número pode ser maior, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra). O presidente do sindicato, Miguel Belarmino, disse que já havia uma suspeita de que fosse ocorrer uma demissão em massa e cita 256 demitidos.

“A gente já vinha desconfiando que teria essa demissão em massa, inclusive o Ministério Público do Trabalho já havia nos questionado sobre possíveis demissões no setor de transporte. Para nossa surpresa, ontem foi oficializada no sindicato”, disse.

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), disse que tem acompanhado as tratativas das empresas de ônibus junto com os seus funcionários e espera que ações de socorro ao sistema cheguem o mais rápido possível.

“As demissões atuais, após um ano e meio do início da pandemia, infelizmente, foram necessárias, para permitir a continuidade do serviço e preservação da maioria dos postos de trabalho”, diz a nota.

De acordo com o sindicato, desde o início da pandemia, o setor de transporte público coletivo vem movendo esforços para evitar redução de postos de trabalho, inclusive, localmente, com o remanejamento das funções, investindo em capacitações que geraram diversas promoções entre os rodoviários do transporte de Aracaju e Região Metropolitana.

O Setransp destaca também que a situação do setor se agravou ainda mais com o acréscimo de mais de 60% do preço do combustível só este ano, “o que tem tornado inevitável a tomada de algumas medidas para assegurar a continuidade da prestação do serviço regular para a população”.