A Justiça Federal do Rio de Janeiro acatou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, Ângela Machado, por postagem preconceituosa contra nordestinos.

Reprodução/Redes Sociais

Em 31 de outubro de 2022, um dia após os resultados das eleições presidenciais, Ângela, que também é nordestina, natural de Aracaju/SE, compartilhou, em seu perfil pessoal no Instagram, uma declaração de teor xenofóbico contra o Nordeste.

“Ganhamos onde produz, perdemos onde se passa férias. Bora trabalhar porque se o gado morrer o carrapato passa fome”, disse, referindo-se à vitória predominante do petista nos estados do Nordeste, onde ele teve 69,34% dos votos válidos. Após a repercussão negativa da postagem, a diretora privou a sua conta.

O MPF entendeu que a publicação teria como objetivo disseminar a ideia de que a população nordestina não trabalharia e de que viveria às custas das regiões do país. “A mensagem, de caráter racista e xenofóbico, foi motivada pela massiva votação que o candidato vencedor do pleito eleitoral obteve na região nordeste”, diz trecho de nota divulgada pelo Ministério.

Com a aceitação da denúncia, Ângela Machado se torna ré pelo crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, através do uso das redes sociais (Lei 7.716/89).

Relembre
Após a repercussão negativa da publicação, a representante do time de futebol voltou ao seu perfil para reconhecer o posicionamento preconceituoso e pedir desculpas pela postagem. Segundo ela, que também é nordestina, o conteúdo que se referia ao Nordeste como local “onde se passa férias” e aos nordestinos como “carrapatos” não teria sido escrita por ela, e ela teria apenas compartilhado “no calor da situação”. A diretora do Flamengo ainda afirmou que tem muito orgulho da sua cidade natal, Aracaju, onde morou por 28 anos, e de ser nordestina, reiterando o pedido de desculpas.

Ela é esposa do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que, quando questionado sobre a postura da esposa, isentou-se da responsabilidade sobre a declaração. “O problema não é meu, é da minha mulher. Ela tem o direito de se posicionar e falar o que quiser”, declarou à época.

Em abril de 2023, Ângela foi indiciada pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por xenofobia, devido ao conteúdo compartilhado. Segundo a delegada titular do Decradi, Rita Salim, a publicação teve conduta preconceituosa e ofensiva contra todo o povo do Nordeste. Em sua defesa, Ângela afirmou que apenas repostou o conteúdo e que não teve intenção de ofender ninguém.

Com informações da Agência Brasil