"Ações urgentes devem ser tomadas, evitando-se o caos na saúde", diz Valadares | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

"Ações urgentes devem ser tomadas, evitando-se o caos na saúde", diz Valadares
Blogs e Colunas | Joedson Telles 10/05/2020 09h20

Ao comentar o momento de pandemia do coronavírus, em Sergipe, o ex-deputado federal Valadares Filho (PSB), salientando que não pretende alastrar o pânico, nem tirar proveito político em face de um quadro de tanta gravidade, afirmou ser seu dever prevenir as autoridades de que ações urgentes devem ser tomadas, evitando-se a perda de controle e o caos na saúde. Valadares Filho também mostrou preocupação com a economia sergipana, por conta do fechamento do comércio. "Com relação às empresas, o governo se mostra tímido e incapaz para implementar medidas concretas com vistas à amenização da crise", avalia o ex-deputado. "É um problema que tem que ser enfrentado pelos governos com foco, planejamento diário, equilíbrio, criatividade, eficiência e diálogo com todos os setores da sociedade." A entrevista:

Como avalia este momento de pandemia de coronavírus?

Vivemos uma pandemia mundial de proporções drásticas, comparada somente à gripe espanhola, ocorrida há mais de 100 anos, portanto algo nunca experimentado pela nossa geração. A cada dia que passa a situação preocupa ainda mais. A crise provocada pelo coronavírus além de ceifar vidas humanas está quebrando empresas, destruindo empregos e causando grande incerteza no futuro.

O senhor defende o isolamento social?

O isolamento social é o único remédio capaz de conter a expansão da covid-19, já que nenhuma vacina foi até agora descoberta para impedir a sua proliferação. O Brasil conseguiu se transformar em um dos epicentros mundiais da pandemia com seus tentáculos atingindo todos os Estados, inclusive ganhando força em Sergipe. Países, como os Estados Unidos, Itália, Espanha, que demoraram a adotar o distanciamento social, estão pagando caro pela imprudência, a infecção se espalhou com uma rapidez impressionante, causando milhares de mortes.

Qual a sua opinião sobre a forma como os governos estaduais e municipais, a imprensa e a população lidam com o problema?

A flexibilização parcial que chegou a ser decretada pelos governos do Estado e do Município de Aracaju sofreu um recuo em menos de 72 horas, fato que traduz uma improvisação lamentável no trato de questão tão grave que diz respeito à saúde e à vida das pessoas. Se a doença recrudescer aqui, como, infelizmente, está a indicar pelo aumento de sua incidência diária, Sergipe não tem estrutura hospitalar capaz de atender com eficiência a todos os casos. Não pretendo alastrar o pânico, nem tirar proveito político em face de um quadro de tanta gravidade, mas é do meu dever prevenir as autoridades de que ações urgentes devem ser tomadas, evitando-se a perda de controle e o caos na saúde. Não temos leitos nem respiradores suficientes para atender a uma emergência de centenas de pessoas que venham a ser afetadas pela doença. Com relação às empresas, o governo se mostra tímido e incapaz para implementar medidas concretas com vistas à amenização da crise. Por outro lado, o prefeito municipal de Aracaju, Edvaldo Nogueira, que prometeu revogar o IPTU, e não o fez, mostra-se mais uma vez frio e insensível neste momento de grande aperto financeiro do nosso povo, ao não decretar a suspensão temporária do imposto, e enfrentando o próprio Tribunal de Justiça ao recorrer de uma decisão favorável a essa suspensão. Quanto à imprensa, posso afirmar, fazendo justiça, ela está cumprindo um grande papel, ao informar com precisão sobre o coronavírus, a forma como devemos nos proteger, e divulgando as críticas para a melhoria do atendimento à população pelas autoridades de saúde.

E o comportamento do presidente Jair Bolsonaro?

O presidente Bolsonaro age na contramão do que faz o mundo inteiro, pregando e agindo abertamente contra medidas de isolamento que são importantes na proteção das pessoas. Seria bom que houvesse mais cuidado nessa fase, quando o vírus se dissemina e mata tanta gente, atingindo mais de 10 mil pessoas que desapareceram do nosso convívio quase de um dia para a noite. O exemplo deveria partir de cima, o que, infelizmente, não acontece. As regras normais, aconselhadas pela ciência e instituídas pelas nações em todo o mundo, deveriam ser vistas e praticadas com responsabilidade aqui no Brasil, não importando o sacrifício momentâneo, em face das vidas que devemos preservar, sem as quais a economia não pode crescer.

Como avalia essa aproximação do presidente do chamado centrão que ele mesmo tanto criticou?

O discurso de campanha, que se voltava contra as velhas práticas políticas, cai por terra, e o toma lá dá cá, retorna a todo vapor com as exigências do centrão para apoiar o governo, em troca de cargos. Ao demonstrar “preconceito” com a política, esqueceu-se de que nesse meio existe muita gente boa e capaz, que poderia ter sido convocada logo no início da formação do governo. Se o presidente tivesse tomado essa providência, possivelmente a crise por que está passando, em permanente confronto com o Congresso e o Supremo, não estaria acontecendo.

A economia está pedindo socorro. Muita gente já quebrou e outros estão indo pelo mesmo caminho. Como é possível salvar o comércio e, consequentemente, empregos sem colocar vidas em xeque?

Surge na mente de muitas pessoas, inclusive na minha, a seguinte pergunta: como conciliar o isolamento social para preservar a saúde e a vida das pessoas , com a reabertura das atividades econômicas para a retomada dos empregos? Existem muitas atividades que podem ser executadas em casa, mas a grande maioria, nas fábricas e no comércio, presencialmente, exigindo a participação de muitas pessoas que trabalham juntas e num mesmo espaço, podendo provocar a contaminação. Aí onde está a fonte do desemprego e da grande dificuldade das empresas em virtude do isolamento. É um problema que tem que ser enfrentado pelos governos com foco, planejamento diário, equilíbrio, criatividade, eficiência e diálogo com todos os setores da sociedade, buscando também os melhores exemplos em tantos outros países, enquanto a luta contra o vírus não for completamente vitoriosa.

Quais as sequelas que o senhor imagina que este momento difícil deixará para o Brasil, além das mortes?

A sociedade sairá dessa pandemia mais cautelosa, desconfiada e com novos valores, afetará a condição econômica de todos, gerando um empobrecimento mundial. A retomada da economia será gradual e não haverá mais espaços para erros nas políticas públicas, já que as pessoas estarão mais impacientes, em busca de uma melhor condição de vida e será necessário uma maior presença do poder público em suas vidas.

Já é possível analisar os efeitos da pandemia sobre a eleição 2020?

Ainda não é possível. O déficit em nossas contas será muito grande. O Tesouro Nacional já prevê um déficit de R$ 400 bilhões, quatro vezes maior do que o déficit da previdência. O colapso do setor de saúde é um fato concreto em muitos estados e municípios, deixando as pessoas morrerem por falta de espaço e de recursos técnicos, o fechamento definitivo ou a insolvência de muitas empresas e o aumento do desemprego completam o trabalho destrutivo da pandemia. Com isso o debate eleitoral no momento está em segundo plano.

O senhor mantém a pré-candidatura à Prefeitura de Aracaju?

Embora respeitando o isolamento social, sem ter como me reunir com as pessoas, como sempre fiz, a candidatura permanece viva e firme, nunca deixando de acalentar o sonho de governar Aracaju. Vamos primeiro pensar como vencer a crise, depois, quando as coisas estiverem mais controladas em relação a preservação da vida, voltamos a falar de política.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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