Machado aponta drama de Belivaldo e fortalecimento de Rogério Carvalho | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

Machado aponta drama de Belivaldo e fortalecimento de Rogério Carvalho
Blogs e Colunas | Joedson Telles 05/04/2021 07h50

O ex-deputado federal José Carlos Machado (DEM) afirma, nesta segunda-feira, dia 5, que o governador Belivaldo Chagas (PSD) viverá um drama para escolher o palanque político, em 2022. "Os grandes partidos da base de Belivaldo são todos do centrão. O PSD, o PP, o PL. Além desses três partidos, tem o PT. Belivaldo vai apoiar quem para presidente da República? Tem o prefeito da capital ao lado que é do PDT, que já tem pré-candidato a presidente, que é Ciro Gomes. Veja o trabalho que vai dar para arrumar isso tudo", diz Machado, apontando ainda o fortalecimento de uma possível pré-candidatura do senador Rogério Carvalho (PT) ao Governo do Estado com o apoio do ex-presidente Lula. "Você acha que o homem que criou um partido, ganhou quatro eleições consecutivas para presidente da República pode ser desprezado? Qual foi o outro partido no Brasil que conseguiu isso?", indaga. 

Nesta pandemia, o senhor vem defendendo, como forma de reduzir o risco de infecção de pessoas no transporte coletivo de Aracaju, o que chama de alongamento do horário de pico. Acredita que isso possa mesmo diminuir o número de casos de Covid-19 na capital?

Aracaju representa hoje 28,5% da população de Sergipe. Era razoável que os números de infectados e mortos ficassem próximos desse número: em torno de 30% dos infectados. O número de mortes dos residentes em Aracaju representa mais de 50%. A cada 100 infectados em Sergipe, 50 moram em Aracaju. A razão pode ser o transporte de massa. Não estou dizendo que é uma coisa cientificamente comprovada. Não é aglomeração, é pior. O passageiro, quando entra no ônibus no horário de pico, está grudado nos vizinhos. Eu liguei para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte; ele me disse que só há dois caminhos: um é aumentar a quantidade de ônibus no horário de pico. Os 500 ônibus disponíveis estão trabalhando no horário de pico. Aumentar esse número de ônibus em curto prazo não tem como. A não ser que as empresas resolvam buscar ônibus em outras capitais. Tem uma alternativa que eu considero inteligente: eu conversei com o presidente da Associação Comercial e ele disse que já propôs isso: alongar o horário de pico, mudando o início e fim do horário de diversas atividades. Mudar o horário de funcionamento do comércio, do servidor público, da indústria. Esse horário de pico, ao invés de ocorrer das 6 horas às 8 horas, ocorreria das 6 horas às 10 horas. O comércio, ao invés de começar às 8 horas, pode começar às 09:30 horas. Mas é preciso ser feito um estudo com o Sindicato dos Empregados, Sindicatos Patronais, a Universidade Federal de Sergipe.

O senhor defendeu essa ideia junto as autoridades?

Eu converso com todo mundo e só tem essa alternativa; se vai dar certo eu não sei. Conversei com Lizandro, que é professor da Universidade e participa do comitê... De cada 100 aracajuanos, dois podem estar contaminados. Num ônibus lotado pode ter um ou dois contaminados, que podem contaminar mais pessoas. Conversei com a doutora Euza Missano, do Ministério Público. Estão orientando as empresas a não transportar passageiro em pé. Onde é que existe isso? Qualquer capital brasileira, fora de pandemia, passageiro circula em pé. O transporte é de massa. A Prefeitura pode orientar os passageiros no terminal, passar álcool nas mãos, se possível, distribuir máscara de qualidade. O que custa a Prefeitura distribuir 20 mil máscaras por dia? Todo mundo concorda. E por que não acontece? Eu ligo para os vereadores Ricardo Marques e Breno Garibaldi para fazermos uma conferência. Converso com todos… Isso já tem 10 dias. Se o passageiro tiver na fila, e a porta do ônibus estiver aberta, enquanto couber um, ele entra. Só não entra se tiver chegando outro ônibus. Se diminuir a aglomeração diminui o acesso de passageiros que vai ter acesso aos ônibus. Eu converso, explico e todo mundo entende, mas nada acontece.

Qual sua análise sobre a vacinação, em Sergipe?

Eu fui me vacinar no drive-thru. Achei a coisa muito bem organizada. Agora, eu não sei o que acontece nos postos de serviço que estão funcionando. Eu me lembro que no governo de Lula se vacinou 80 milhões de brasileiros em 90 dias. É possível. É possível vacinar 12 mil pessoas por dia em Sergipe. Essa vacinação tem que ser estendida até ás 20 horas, aos sábados e aos domingos. Quanto mais gente vacinada, melhor. Eu acredito que, até o dia 15 de abril, essa questão das vacinas vai estar resolvida. É preciso que o serviço público demonstre eficiência e pra isso precisa ser uma coisa bem estruturada.

Isso é reflexo do Governo Federal?

Não precisa ser um analista político para entender que há uma desconexão preocupante entre as atitudes e a forma que pensa o Governo Federal e a forma que pensa os governos estaduais e os prefeitos de algumas cidades. Precisaria haver uma unidade de ação para ser seguida. Mas estamos no 4º ministro da saúde. É muito difícil. Quem é que tem dúvida que a máscara é importante para conter a contaminação? Se você não abaixar a guarda, o contágio diminui. Se eu precisar de novas máscaras, eu vou ao mercado e compro. E o pobre? Vá a um terminal de ônibus que você, sem ser um especialista, percebe que, em cada 10 pessoas, separa três que estão usando máscara imprópria. O pobre não tem acesso.

O senhor ainda tem esperança de persuadir a senadora Maria do Carmo a disputar a reeleição, em 2022?

Eu ainda acho que essa é a melhor para Sergipe e para o Democratas. Não é só eu que penso dessa forma. Toda a cúpula do partido pensa, principalmente ACM Neto, que é um entusiasta. Ela fala que vai estar com 80 anos, e, se assumir, vai sair do Congresso aos 88. A questão não é a idade. É se vai ter condições de fazer a campanha porque não se terceiriza campanha. Pelos nomes que estão colocados, eu não tenho dúvida: ela tem uma forma de fazer política que não é comum. O eleitor gosta do político que vai à tribuna, que polemize. Mas ela é portadora de um desprendimento e está sempre disposta a receber aliados, adversários. Comenta-se para o Senado o nome dela, o de André Moura, o de Laércio Oliveira, Valdevan Noventa. A vantagem dela é que ganhou todas as eleições para o Senado que disputou.

O senhor descarta uma candidatura do governador Belivaldo Chagas ao Senado?

Eu não sei. Ele tem que se afastar, tem que entregar o governo a Eliane Aquino e tem o imbróglio do PT. Eu ouço de pessoas muito próximas ao senador Rogério Carvalho que ele é pré-candidato ao governo. Ele é muito firme, e agora tem a possibilidade de Lula ser candidato a presidente da República. Você acha que o homem que criou um partido, ganhou quatro eleições consecutivas para presidente da República pode ser desprezado? Qual foi o outro partido no Brasil que conseguiu isso? Claro que a candidatura do Rogério recebe isso. O Lula é um impulso muito grande. Claro que Belivaldo vive esse drama. Não é só esse. Os grandes partidos da base de Belivaldo são todos do centrão. O PSD, o PP, o PL. Além desses três partidos, tem o PT. Belivaldo vai apoiar quem para presidente da República? Tem o prefeito da capital ao lado que é do PDT, que já tem pré-candidato a presidente, que é Ciro Gomes. Veja o trabalho que vai dar para arrumar isso tudo. Nós, mortais comuns, só temos que aguardar.

Há um nome no grupo de Belivaldo para unificar?

Não sei. Eu converso com alguns e citam o nome de Ulices Andrade. Ele tem mais uns 10 anos no Tribunal de Contas. É preciso saber se ele está disposto a renunciar tudo isso e ser candidato a governador. Candidato pode perder ou ganhar. É o mesmo dilema que deve estar povoando a cabeça do prefeito de Aracaju.

Na sua ótica, se Belivaldo sair, Eliane, enquanto governadora, tentaria se reeleger ou “abriria” para uma possível candidatura de Rogério Carvalho?

Olha aí... Ela no mandato pode ser candidata a reeleição, sim. Belivaldo participaria da chapa com ela ou não? Tem muita coisa pra resolver. Fora essa pandemia toda e como ficará o processo eleitoral, se vai permitir coligação ou não. Eu convido muitas pessoas para participar do partido e formar uma chapa para deputado estadual e federal, me elogiam muito, mas ninguém vai tomar essa decisão enquanto não souber das regras. Só vai se for bom. Eu converso muito com o deputado Capitão Samuel. Ele disse que quer muito vim para o Democratas, mas conversa com outros partidos. Se outro partido for melhor, ele vai para outro. Não posso criticá-lo por isso, mas seria um grande reforço para o DEM. O mal está no excessivo número de partidos no Brasil. No tempo que eu comecei na política, tinham dois ou três partidos. Você não saía de um lado para ir para o outro; se sair hoje recebe uns 15 convites. Um vereador de Ribeirópolis não seguiu orientação do partido e querem expulsar. Expulsar pra quê? Se expulsar, ele vai para o partido do prefeito. Você vê o dilema que o Governo Federal está vivendo agora com o Orçamento. Cortaram R$ 26 bilhões de despesas obrigatórias e transformaram em emendas do relator. Grande parte desse dinheiro foi para o Ministério dos Transportes. E ele, naturalmente, fez isso atendendo aos interesses dos mais próximos. Aqui temos um problema grave que é a conclusão da BR 101 Norte. Tem R$ 30 milhões no orçamento do DNIT de Sergipe. Precisa de R$ 200 milhões para terminar a obra. Não custava nada a bancada exigir do relator um reforço considerável das dotações destinadas a Sergipe. Acho que nem perceberam a jogada do relator. Eu tenho quase certeza que do total das emendas do relator, nada foi destinado para Sergipe.

Há analista político que acredita que o centrão deixará Bolsonaro na mão, quando chegar perto da eleição. O senhor acredita que isso vai acontecer?

Tudo é possível. Primeiro que não se chama centrão. Eu vi uma aula de um marqueteiro da Espanha, em 2010, quando discutíamos esse posicionamento político que chamamos de centrão, ele disse que esse é o centro móvel. Ele já existe desde a Constituinte. Existiu com Fernando Henrique, com Lula, com Dilma, com Temer, e agora, mais forte ainda, neste governo de Bolsonaro. O centrão nunca foi tão forte quanto está sendo agora. Você já imaginou um relator incluir num orçamento R$ 26 bilhões? Parece-me que essas emendas de relator são de execução obrigatória. O ministro da Economia abriu os olhos agora. Deveria ter aberto antes da aprovação. Deveria ter acompanhado. Sempre foi assim. Entre emendas de bancada, emendas individuais e emendas de relator, somam as três dá R$ 50 bilhões. Agora, tem a novidade que os parlamentares têm emenda de bancada, individuais e surgiram os extras neste governo. O ministro dá aos parlamentares para eles botarem onde quiser. A emenda individual está no Orçamento, mas esse extra eles colocam onde quiser. Eu sugeri que os parlamentares colocassem uma emenda de bancada para as obras da BR 101 e nada aconteceu. Quanto ao centrão abandonar ou apoiar o projeto de reeleição de Bolsonaro, tudo pode acontecer, vai depender da circunstância.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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